P.O.V Mônica Sousa
— Como você pode? – Pergunto a ele com lágrimas nos olhos. – Então tudo não passou de um jogo? Você só queria brincar comigo? Me confundir?
Minha raiva se misturava com a mágoa, com a minha tristeza. Eu não conseguia acreditar que o Cebola tivesse sido capaz de uma coisa dessas, não a esse ponto, e o pior é que descobri sozinha! Havia vindo a casa dele para conversar sobre nós, tentar resolver as coisas, mas ele havia ido comprar algo para a mãe. Desse modo, a Dona Cebola me deixou ficar esperar no quarto dele, só que assim que eu entrei vi a maldita fantasia de Fantasma Vigilante no cabide que estava na porta do guarda-roupa.
— Mônica, deixa eu me explicar. – Implora ele olhando para mim preocupado e nervoso.
— Vai explicar o que? Que você queria rir da minha cara? Que tudo não passou de uma conquista idiota? – Minha raiva era muita, mas eu não tinha forças para socar nada, eu só conseguia ficar parada, olhando para ele decepcionada, com o coração partido.
— Mônica, eu fiz isso... – Interrompo ele.
— Porque você não quer assumir nada comigo e achou que me paquerar com uma fantasia te ajudaria. – Dou uma risada amarga.
— No início foi para me aproximar de você, mas eu não queria mais continuar com isso... – O interrompo novamente.
— Mas você continuou!
— Mônica, pol favol. – A expressão de arrependimento fica estancada em sua face, e é perceptível por sua fala o seu nervosismo, mas mesmo assim, eu não consigo parar de pensar no que ele fez, isso foi demais.
— Não fala mais comigo! – Digo me dirigindo até a porta.
— Mô, não faz isso. – Ele segura minha mão. – Eu não quis te magoal.
Me viro para ele que estava de joelhos chorando enquanto sua mão treme ao segurar a minha. Minha vontade era de abraçá-lo, perdoá-lo, amá-lo. Contudo, eu apenas solto minha mão da dele e vou embora de sua casa, sem olhar para trás.
Flashs dos momentos que eu passei com o Cebola se misturavam com os do Fantasma Vigilante. Agora tudo fazia sentido do porquê de ele ter voltado a se aproximar de mim, ele estava com medo de perder para o personagem que ele mesmo criou. Ele é um idiota! Sempre me decepcionando, sempre cometendo erros estúpidos.
Por que eu ainda o amo mesmo depois das mancadas? Por que eu ainda me sinto completamente apaixonada por uma babaca imaturo? Por que meu coração tem que bater por ele? Por que?
Correndo até minha casa, entro rapidamente por ela ignorando minha mãe que me chama. Em segurança no meu quarto, começo a chorar rios e rios. Sou forte, mas ninguém consegue ser todo tempo, ainda mais quando são coisas do coração.
— Filha? – Chama minha mãe abrindo a porta lentamente. – O que foi?
— Mãe... – Sussurro chamando-a para vir até mim.
— Calma, filhinha. – Diz ela me abraçando e acariciando meus cabelos, me aconchego nos braços dela como uma criancinha.
— Ele me magoou de novo... – Sussurro para minha mãe que me dá um olhar compreensivo.
— Vai ficar tudo bem. – Minha mãe me aperta mais no abraço. Relaxante, porém, continuo a chorar.
Depois de alguns minutos, em que eu me acalmei graças a minha mãe, eu conto a ela tudo o que havia acontecido, desde o primeiro baile a até o dia de hoje. Durante a história toda, minha mãe se manteve com uma expressão atenta, apenas escutando o que eu dizia sem críticas e sem interrupções.
— Olha filha, eu sei que isso deve ter machucado você, mas tenho certeza que o Cebolinha não fez com essa intenção de te magoar. Entretanto, perdoá-lo é uma decisão apenas sua. – Ela acaricia minha bochecha enquanto me aconselha.
— Não sei se eu deveria perdoá-lo. Não é a primeira vez... – Solto um suspiro.
— Em um relacionamento se machucar faz parte do pacote. Nenhum relacionamento de verdade nunca passou por problemas, as pessoas se magoam. Quando se ama alguém é impossível não se machucar, em alguma hora elas farão coisas que você não gostaria e também não farão as que você gostaria, isso não quer dizer que a pessoa não serve para você, apenas que projetamos coisas na outra pessoa que gostaríamos que acontecesse ou que elas fizessem, mas as ideias dela são diferentes da nossa, por esse motivo ele deve ter feito esse personagem. Contudo, você deve se perguntar, ele te faz mais mal do que bem?
O conselho e a pergunta final da minha mãe ficam em minha mente me impedindo de proferir quaisquer palavras. Na realidade, eu não sabia o que dizer, o que deveria fazer. Cebola me magoou tão mais do que me fez bem? Eu estou realmente projetando um relacionamento perfeito? Um tipo de cara perfeito nele? Eu não sei... Por todo esse tempo eu quis que ele agisse e fizesse de um jeito as coisas, mas quando ele nunca o fez, eu me frustrei. Será que foi isso que o levou a cometer todos esses erros? Será que foi por isso que ele se sentiu diminuído?
— Vou deixar você pensando um pouco, mas ainda tenho uma última coisa para te dizer. Um relacionamento passa por muitas fases ruins até que se acerta, mas não quer dizer que devemos desistir dele no início, pois são nas dificuldades e desavenças que o casal consegue fazê-lo evoluir e se fortalecer. – Diz minha mãe, e eu consigo perceber que ela se referia ao relacionamento dela com meu pai, não apenas no geral.
— Isso quer dizer que todo relacionamento dá certo se persistir? – Pergunto confusa fazendo ela soltar uma risada.
— Não, bobinha. Nem todos os relacionamentos, mesmo insistindo, vão dar certo, mas isso só com o tempo para você ter certeza. Vocês dois são muito jovens ainda, são imaturos no amor, pode ser que não seja o momento ainda para vocês entrarem em um relacionamento, mas não quer dizer também que vocês nunca irão dar certo. Tudo ao seu tempo, florzinha. – Ela deposita um beijo em minha testa e depois se dirige até a porta.
— Obrigada, mãe. – Agradeço a ela que me dá um sorriso doce.
— Sou sua mãe, estou aqui para você sempre que precisar de mim.
Com isso, minha mãe me deixa sozinha em meu quarto para pensar, ela já havia me aconselhado tudo o que podia, e eu sabia que ela não teria a resposta definitiva, pois essa resposta só eu posso dar.
P.O.V Cebola Menezes da Silva
Parabéns Cebola, você realmente conseguiu estragar tudo... N-O-V-A-M-E-N-T-E!!! Eu não sei por que eu ainda tento, está na cara que eu sou horrível para ela, nunca acerto em nada, mesmo quando acho que estou fazendo algo que vai agradá-la, ela parece indiferente ou como se eu devesse ter tentado outra coisa. Eu nunca sei o que ela realmente quer. Eu sei que ela quer um relacionamento, mas eu não sei o que ela quer dentro dele, ou ainda, o que ela espera de mim...
Eu estava pronto para pedir para reatarmos, para contar a ela que eu era o Fantasma Vigilante, mas aí ela descobre antes... Ou eu sou o cara mais azarado ou o mais burro, ou ainda os dois. Eu realmente ia contar tudo a ela hoje de noite, estava até pensando se era melhor convidá-la para sair, se eu deveria ir com a fantasia e tirar na frente dela ou se eu devia apenas falar para ela, mas do que adianta pensar nisso agora, está na cara que eu já estraguei tudo...
Eu a amo tanto... Por que continuo a decepcionando? Por que eu tenho que ser assim? Eu faço as coisas pensando que pode ser algo bom, mas no final ela sai irritada, decepcionada, magoada. Eu não sei mesmo por que ainda tento... Será que ela seria mais feliz com outro? Será que o problema sou eu?
— Filho, está tudo bem? – Pergunta minha mãe batendo na porta para depois entrar, ela olha para mim assustada, eu devo estar um trapo, totalmente aos prantos sem me importar em estar chorando.
— Eu errei de novo,mãe. Eu acho que a perdi para sempre.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Retorno Do Fantasma Vigilante
Roman d'amourSeus olhos ainda permanecem em minhas lembranças, castanhos e familiares. Um mês depois do baile à fantasia e eu ainda me lembro de você, Fantasma Vigilante, como se não houvesse passado dias e principalmente como se te conhecesse a uma vida inteira...