Balada Turca

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Balada Turca


O avião ficava cada vez mais próximo do chão, mas eu me sentia cada vez mais alto. Eu estava muito empolgada! Depois de sete anos de amizade virtual com Ino Yamanaka, finalmente iria conhecê-la.

Essa viagem exigiu muito tempo de economia, muito tempo aprendendo a falar turco e inglês, o que sinceramente não foi fácil e claro, um tempo livre da faculdade, o que para mim significa estar formada.

Céus, eu planejava aquilo a três anos, nem acredito que estou mesmo viajando para Turquia. E que vou conhecer Ino, aquela loira metida a sabichona.

O avião finalizou o pouso e eu tremi de alegria. Parecia mais uma garota de quinze anos ansiosa para sua festa do que a mulher de quase vinte quatro anos que eu era. Mas isso não importava, aquela era a viagem da minha vida.

Assim que sai da área de desembarque avistei a cabeleira loira que eu havia visto apenas em fotos, mas que reconheceria em qualquer lugar. Eu acenei tímida e me surpreendi com o grito emocionado que ela soltou.

Ino correu ate em mim, sem se importar com os olhares estranhos que recebia, e me abraçou apertado. Soltei minha mala e retribui o aperto. Era muito bom encontrar finalmente aquela mulher.

— Hinata, você é tão bonitona! — Ino exclamou em seu melhor portugues possível. O que não era muito bom.

— Obrigada, Ino! — Respondi rindo da cara dela ao notar meu turco quase perfeito — Eu treinei muito!

— Eu não! Desculpa, amiga! Brasileires é muito difícil — Ela falou insistindo em tentar minha linģua.

— É brasileiro — Corrigi sorrindo — Relaxa, vamos ter tempo de treinar.

— Estou tão empolgada!

— Eu também, amiga, eu também!

[...]

O prédio onde Ino mora é grande e luxuoso. Eu nunca entrei em detalhes quando a vida financeira dela, mas posso concluir que é boa. Subimos pelo elevador e chegamos ao andar certo, saindo em um corredor muito belo e bem decorado.

— Uau... — Sussurrei sem conseguir me conter e notei o sorriso contido dela.

— Me mudei para cá há pouco tempo. Na verdade meu irmão é o dono do apartamento, mas é grande o bastante para dois Yamanakas! — Ela contou empolgada enquanto abria a porta.

— E seus pais? — perguntei me lembrando das chamadas em vídeo onde o senhor e a senhora Yamanakas apareciam.

— Continuam na nossa cidade natal. É difícil convencê-los a sair daquela roça — riu de maneira nostálgica — Halfeti tem seus atrativos, afinal.

— Só você e seu irmão dividindo um apê na capital? Uou! — Assobiei e vi ela rir exageradamente.

Entramos no local e fiquei quase sem ar. Parecia o tipo de lugar que eu via em filmes e sites de viagem. Era surreal a beleza daquele lugar.

— Ino, esse lugar é demais! Seu irmão trabalha com o que? — perguntei sem pensar, afinal, era uma pergunta pessoal. Mas era impossível me conter. Manter um lugar daqueles não deveria ser para qualquer um.

— Ele é bem reservado quanto a isso, Hina. Se mudou para Gaziantepe quando eu ainda tinha quatorze anos. Ele cresceu rápido aqui, mas não sei os detalhes.

Arregalei os olhos e concordei. Eu não podia julgar quem eu não conhecia, mas meu íntimo perguntou por quais motivos alguém esconderia o que faz da própria família. Ainda mais se moram juntos.

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