Surpresa

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Depois do meu flagrante ontem a noite não consegui pregar os olhos, não porque não tinha sono mas sim porque toda vez que fechava os olhos era ele que aparecia para me assombrar.

A idéia de vê-lo é assustadora então por isso enquanto preparo o café decido não sair de casa hoje, é meu dia de folga e minha mãe vai entender que não fui ajudá-la por querer descascar.

Sei que não deveria fugir porque somos vizinhos e hora ou outra vamos nos encontrar mas não precisa ser agora.

Me sento na cadeira com a xícara de chá na mão e assopro para que esfrie logo, chá sempre me ajuda a relaxar e tenho certeza que dessa vez não vai falhar.

A batida na porta arrepia todo meu corpo porque eu não preciso ao menos pensar para saber de quem se trata, permaneço em silêncio na esperança que ele vá embora mas desisto quando as batidas aumentam, juntando toda minha dignidade me levanto.

É melhor acabar com isso de uma vez.

— Bom dia, posso ajudar? — Pergunto assim que abro a porta.

Seu sorriso largo transmite a felicidade que está emitindo e mesmo não qurendo me pego pensando o quanto fIca charmoso sorrindo.

— Você deixou isso cair ontem a noite.  — Estica meu suporte de velas que eu ao menos tinha notado que estava em suas mãos.

— Deixei cair sem querer, obrigada. — Minto sentindo minha bochechas esquentarem.

— Não vai me convidar para entrar? — Pergunta oferecido.

— Não vejo necessidade. — Respondo sincera.

— Tem certeza? Então posso tratar desse assunto aqui mesmo — Diz enfiando as mãos no bolso da calça — Alguns vizinhos reclamaram que escutaram gemidos altos vindo da sua casa, acredita?

Congelo como uma estátua quando interpreto o que ele acabou de dizer, os vizinhos me ouviram gemer?

— Eu, eu eu não. — Gaguejo nervosa.

— Você não gemeu alto? Que estranho porque eu não só ouvi mas como também vi.

— Viu? — Engulo em seco.

— Vi mas como sou um ótimo vizinho disse que foi uma gatinha escandalosa que estava na sua janela. — Debocha.

—Ah. — Respondo a única coisa que vem na minha cabeça no momento.

— Agora você me deve um jantar para retribuir a gratidão.

— Devo? — Pergunto ainda atônita.

— Sim, hoje as oito na minha casa. — Diz como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— As coisas não funcionam assim. — Protesto percebendo suas intenções.

— Comigo funciona, até mais tarde vizinha. — Acena me dando as costas — Não esquece da sobremesa.

Revoltada fecho a porta sem saber o que fazer, esse homem só pode ser maluco porque eu nunca, jamais, nunquinha em toda minha vida jantaria com ele.

É como se a caça resolvesse descansar na toca do predador, uma falta de inteligência absurda e não me gabando eu sou muito inteligente.

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