Arrumei os óculos na ponte do nariz enquanto segurava o galão e o sentia pesar cada vez mais em meus braços conforme o mesmo ia se enchendo.
De canto de olho vi um grupo de motoqueiros na entrada da pequena loja que havia no posto de gasolina, todos fumando e fazendo barulhos ensurdecedores com suas motos.
Posto de gasolina e cigarros.
Não parece uma boa combinação.
Quando terminei de encher o galão, fechei a tampa do mesmo e comecei a andar com o meu mais novo galão de gasolina cheio em direção do trailer estacionado não muito longe dali.
Estava na metade do caminho e, quando a bola de chiclete de morango que eu mascava estourou, um assovio soou vindo do grupo de motoqueiros.
Parei e olhei para eles, a luz rosada dos meus óculos de sol em formato de coração me deixaram enxergar debaixo do sol escaldante mais ou menos uns dez caras ali.
Abaixei um pouco o óculos, deixando o mesmo tocar a ponta do meu nariz e olhei para eles.
— Vão se fuder! — exclamei mostrando um dedo do meio para o grupo.
As buzinas todas tocaram e eles convulsionaram aos gritos.
— Ou nós podíamos fazer isso juntos, Eve! — o dono da voz grave berrou em resposta para mim.
Eu rolei os olhos e ri junto com eles.
— Não sou suas prostitutas baratas, Julian!
Depois disso sai dali ainda rindo em direção ao trailer, arrumando novamente meus óculos no nariz.
O calor do sol escaldante acertava em cheio o topo da minha cabeça, fazendo meus miolos queimarem e pedir por socorro.
Guardei o galão na parte traseira do trailer e depois me apressei para entrar nele, onde havia sombra, água fresca e um bom ar-condicionado.
Amém!
— Estamos no último dia de dezembro, caralho! Não era para ser inverno? Parece que estamos num país tropical!
Olhei para Amélie com um vestido curto e solto, esparramada num assento e, mesmo com o ar ligado, ela carregava consigo um mini ventilador de mão, apontando diretamente para seu pescoço.
Limpei o suor da minha testa e dei risada enquanto abria a geladeira e tomava um bom gole de água gelada, aproveitando o ar frio que saia de lá também.
— Sabe o que dizem, as geleiras da Antártida ou são as do polo sul, ou norte, não tô lembrada agora, elas derretem devido àquele negócio do aquecimento global — falei enquanto colocava a garrafa gelada contra meu rosto quente. — Ou alguma coisa assim, não tô lembrada, passou na tv.
Amélie deu risada.
— É, sim, eu vi isso também — ela concordou. — Os hippies de mais cedo disseram que é isso que vai fazer tudo explodir na meia noite de hoje.
— Eles estão viajando na maionese — respondi dando risada. — Isso ou a maconha tá mexendo com o cérebro deles.
Amélie bateu as mãos no ar como se espantasse uma mosca e me olhou séria.
— Você acha mesmo que a gente vai sair dos anos noventa pra morrer nos anos dois mil?
Dei risada dela.
— Eu não acho que o mundo vai acabar, Amy. Não agora pelo menos. Não agora no meio do nosso caminho pro Nebraska, estamos quase lá! — comemorei, levantando as mãos.
— Quase lá? A gente não tá nem na metade ainda.
Revirei os olhos e fechei a geladeira.
— Torça pra nenhuma das suposições sobre o fim do mundo estarem certas — falei enquanto ia para o assento do motorista. — Nada de aliens.
— Nem explosões na camada de ozônio! — ela continuou.
— Ou meteoros explodindo a gente.
— Por que a maioria é sobre a gente sendo explodidos? — ela perguntou enquanto eu ligava o rádio.
“Faltam exatas onze horas para a virada do ano, estão todos preparados para as festanças? Se reúnam com os amigos e família. E de duas uma, ou será a virada para os anos 2000, ou talvez a virada para sete palmos abaixo do chão! Vamos morrer festejando!"
Dei risada do locutor, assim como Amélie também.
Liguei o motor e mais uma vez uma saraivada de buzinas soou, olhei para o lado e me deparei com os olhos azuis de Julian em sua moto, acenando um tchau para mim e logo em seguida um beijo.
Apontei mais um dedo do meio para ele e dei partida com o trailer, voltando para a estrada.
Para a nossa viagem de enormes e infinitos quilômetros, saindo da Carolina do Norte até o Nebraska.
...
E aí? Quem entendeu?
Quem pegou a referência pegou ein! Fim do mundo, três histórias, filhos...
Chega de dicas, tô sendo boazinha demais com vcs uahauah
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✓ NOSSO INFERNO | Loki [2]
Fanfiction[2] O que era para ser uma noite normal e como qualquer outra na vida de Eveliyn, acaba se tornando um tumulto total quando no caminho de volta para casa, um homem simplesmente despenca dos céus bem em sua frente. As coisas se tornam ainda mais conf...