Epílogo

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Boun aproveitou para entrar na sala de Ohm assim que viu Seaksit Pendee, o Superintendente Regional de Polícia, saindo.

"O que o chefão queria?", o loiro perguntou.

"Ah, Boun, é você. Ele veio aqui pra parabenizar a nossa unidade pelos resultados e disse que podemos pegar mais leve de agora em diante.", Ohm explicou sem dar muita atenção ao que narrava, focando nos papéis em cima da sua mesa.

"Não, não, não, grandão!" Boun disse passando as mãos pelos ombros de Ohm, o fazendo se levantar da cadeira.

"O que você tá fazendo?", o mais novo perguntou irritado.

"Se o nosso chefe disse que podemos nos dar uma folga... nós vamos nos dar uma! Kao, entra aqui!", Boun disse gritando pelo nome do terceiro integrante do trio de amigos.

Foi assim que Boun, Kao e Ohm haviam chegado à boate em que estavam agora. O som alto impedia longas conversas significativas e eles se contentavam em saborear a bebida e os petiscos. Na verdade, os dois primeiros estavam fazendo isso. Pois assim que chegaram ao local, Ohm se declarou o motorista da noite e se contentava em bebericar um simples suco sem teor alcoólico.

A noite ia percorrendo o seu curso e a movimentação no interior do lugar cada vez maior. Ohm ouviu por alto umas pessoas conversando na mesa ao lado da qual estavam que o público se amontoava ali para ver o show de Mademoiselle, o mais aguardado de toda a semana. Quando a famosa performer subiu ao palco, ele entendeu o motivo.

Com o seu sorriso mais brilhante, olhar sensual e pose empoderada, Titi entrou no palco quando a música começou a tocar. A coreografia era simples e insinuante, arrancava assovios e gritos da plateia que parecia enlouquecida de prazer. Pessoas dos mais diversos gêneros se amontoavam à beira da plataforma para jogar dinheiro, jóias e flores para ela, homenageando a sua apresentação.

"Ai, cara... Eu juro que não sabia...", Boun comentou olhando com um olhar de piedade na direção de Ohm.

"Na verdade, acho que deveria te agradecer, amigo!", Ohm disse se levantando e caminhando na direção de um dos homens que realizava a segurança perto do palco. Os dois trocaram algumas palavras e Ohm desapareceu por uma porta na lateral da plataforma.

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Quando Titi chegou ao seu camarim, foi recebida por Sandy, um dos donos do lugar, que se apressou em dizer:

"Querida, não tire a maquiagem ainda! Você tem um cliente te esperando na sala Vip! Ele pagou uma quantia generosa, mas disse que quer apenas uma dança com você."

"Uma dança?", Titi questionou.

"Na verdade, ele disse que queria conversar, mas eu expliquei que ele deveria escolher um dos itens do catálogo ou eu não o deixaria entrar, então ele optou pela dança."

Titi estranhou, mas como não tinha muita opção, retocou a maquiagem, arrumou seu figurino e saiu em direção à sala Vip.

Os olhos de Titi quase caíram de onde estavam, tamanho o susto que levou ao entrar no pequeno cômodo. Não era maior que uma sala e não tinha o conforto de um quarto. Se tratava de uma área reservada o suficiente para que as meninas da casa de shows pudessem dar algum prazer a seus clientes sem se envolverem demais, o que gerava lucro, mas tomava tempo, o que não estava nos planos dos donos do lugar.

As paredes do local eram cobertas por tecidos de tons luxuriantes, dando ao mesmo um aspecto requintado e de bom gosto. Uma ironia, se levar em consideração o seu objetivo.

Foi sentado na cadeira no centro do cômodo que Titi encontrou seu pesadelo e seu salvador: Ohm estava com a cabeça abaixada e os braços estendidos de cada lado do corpo. Lembrava um lutador de boxe abatido depois do último round e buscando descansar no canto durante o intervalo. Se perguntassem do detetive, ele diria que esta era realmente a sensação que tinha no momento.

A princesa e o detetiveOnde histórias criam vida. Descubra agora