Capítulo 5: O vilão

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Ohm sabia que o caso que estavam tentando desvendar era urgente o suficiente. Por isso, pediu que Fluke trocasse de roupa e enquanto esperava, ligava para Boun pedindo para reunir toda a equipe na Delegacia. Eles não podiam esperar até a manhã seguinte.

"Vamos!", Titi disse saindo do banheiro com uma peruca que cobria seus ombros e um vestido de alças finas e estampa floral suave.

"Boun, chame o perito para fazer um retrato falado! Titi consegue se lembrar do rosto do suspeito.", Ohm disse ao passar pelo colega lendo alguns documentos e seguindo de mãos dadas com ela para seu escritório.

"Ohm, tem certeza que eu deveria ficar aqui?", Titi disse se sentindo desconfortável com os olhares que sentia atravessando o vidro da janela do escritório do detetive e sendo cravados na sua nuca. Tentou esticar o tecido do vestido um pouco para cobrir as pernas e mudou de lado o volume do cabelo como que para se proteger do julgamento das pessoas que a encaravam.

"Fica calma, Titi! No momento, você é a nossa melhor pista para encontrar esse criminoso e eu, pessoalmente, não te deixaria ficar um segundo em uma sala de interrogatório sem necessidade, okay?", Ohm explicou.

"'Titi'? Pra onde foi o 'princesa'?", perguntou com um biquinho reclamando com a mudança de tratamento.

"Você gosta quando eu te chamo assim? Hum? Vamos falar mais sobre isso quando chegarmos em casa, certo?", Ohm disse num tom de flerte, mas ambos foram interrompidos pela chegada do perito.

Titi começou a descrever o rosto que apareceu no seu pesadelo. O que a impactou tanto no homem foi que ela percebeu que conhecia aquelas feições por ter visto em outras duas ocasiões. Em ambas ela estava muito acordada: uma foi quando estava saindo da Delegacia após o primeiro depoimento, aquele estranho senhorzinho que lhe pedira informações.

Mas, antes disso, ela também havia encontrado aquela pessoa: a primeira vez foi logo antes de encontrar o corpo da sexta vítima naquela rua sem saída. Alguns passos depois de ter saído do motel naquela manhã, uma pessoa esbarrou em Titi e pediu desculpas. Era ele! O homem suspeito de ter desovado o corpo e ser o responsável por todas aquelas mortes que se acumulavam na sala refrigerada do IML.

Por isso o homem continuava aparecendo para pedir sua ajuda na rua ou até para tentar matá-la na sua própria casa. Provavelmente o serial killer que Ohm e sua equipe estavam procurando tinha receio de ter sido reconhecido por Titi e agora estava querendo queimar qualquer registro da sua identidade.

Depois de Titi ter terminado o seu relato, Ohm autorizou a publicação do retrato falado em todos os meios de comunicação possíveis, além de ter alocado uma equipe exclusiva para educar sobre a possível aparência do criminoso. Os guardas ficariam em pontos estratégicos da cidade com grande circulação de pessoas a fim de mostrar a imagem e orientar o que fazer em caso de suspeita.

"Princesa, vamos levar cerca de duas horas para encontrar o sujeito pelo programa de identificação da Polícia e seria mais seguro se você fosse para casa, ok? Já designei um policial para te escoltar e informei na recepção do condomínio que você tem autorização para entrar mesmo que eu não esteja junto." Ohm disse colocando as mãos de cada lado dos ombros estreitos a sua frente.

"Tudo bem, senhor detetive!", Titi disse prestando continência, mas de uma forma tão adorável que arrancou uma risada de Ohm. Inclusive, o homem percebia o quanto era fácil relaxar na presença de Titi e precisava analisar mais sobre isso, mas até prender o culpado não se sentia preparado ainda.

Ainda assim, o detetive não ficou surpreso quando Titi ficou nas pontas dos pés e lhe deu um beijo na bochecha enquanto se despediam. Definitivamente precisavam conversar sobre isso mais tarde.

A princesa e o detetiveOnde histórias criam vida. Descubra agora