Como analisamos um ponto dentro da nossa vida para começar a história? Quando lemos quadrinhos é fácil notar que a trama começa no momento em que a vida do personagem se modifica, alguma coisa acontece e ele tem que iniciar a sua grande aventura.
Eu pensava sobre isso, em qual ponto a minha aventura começaria?
Havia acontecido alguns eventos na minha infância que modificaram significativamente a minha vida, eu sabia disso, como, por exemplo, a morte da minha mãe.
Mas eu não gostava de falar ou de pensar nisso, eu ainda o colocava em uma caixinha lá no fundo do meu cérebro, sem vontade de abri-la. Isso não quer dizer que tinha me esquecido por completo dela, eu acho que isso nunca aconteceria, às vezes eu pensava que minha irmãzinha, Hannah, tinha uma vida mais fácil, pois ela passou menos tempo com mamãe, e deveria esquecê-la de tempo em tempo, mas eu não.
Fora as cenas que o meu cérebro criava dos momentos passados que nós estávamos juntos, eu não tinha nenhum trauma preso em mim, quanto a mamãe. Até fui à psicóloga para ter certeza disso, então, esse fato não seria o início da minha aventura.
Também houve, algum tempo antes, a chegada do meu melhor amigo em Londres, o Finn. E por causa dele, a minha certeza de que as meninas não faziam com que eu ficasse muito interessado.
Não achava, porém, que ser gay seria minha aventura, mesmo porque eu reconhecia que era privilegiado o suficiente para não sofrer por causa da minha orientação sexual. Mesmo antes de saber que eu tinha qualquer tipo de sentimentos para com ele, Finn nunca deixou ninguém rir de mim por ser diferente e/ou viver dentro da minha própria cabeça, como minha amiga Claire gostava de falar.
Eu tinha meu próprio guarda costas, lindo, alto e de cabelo preto, me protegendo do mundo, onde estava a aventura nisso? Não que eu estivesse reclamando de ter uma vida fácil, era muito bom estar confortável, mas não era viável para o começo da minha história.
Pensei que as coisas mudariam no momento em que eu contasse os meus verdadeiros sentimentos para ele. Quando ele voltou de Oslo, depois de visitar o seu pai no Natal. Eu imaginei que era hora de falar algo. Muito mais do que precisar de uma aventura, eu precisava dizer o que o meu coração não parava de gritar há vários e vários anos, e usei aqueles dias longe para realmente analisar sobre tudo e decidi que na primeira oportunidade eu diria.
Antes de me declarar a ele, eu indaguei se talvez minha história não fosse de aventura, igual aos quadrinhos que eu lia, e sim um romance, não vou falar como Romeu e Julieta, porque esse trauma eu não precisava, mas poderia ser algo como Gomes e Morticia Addams, um amor grande e fácil.
Porém, Finn me explicou que ele não tinha esse sentimento para comigo, e mais ainda, que estava apaixonado por um rapaz dramático em Oslo – o adjetivo foi eu que escolhi. E tudo dentro de mim doeu depois que o meu amigo me dispensou, entretanto eu não tinha a escolha de me distanciar dele, ele continuaria sendo meu amigo, mas eu realmente desejava que a dor passasse o quanto antes.
Finn tentou me animar, de absolutamente todos os jeitos, e depois que eu chorei muito nos seus braços, nós brincamos de Barbie com Hannah e assistimos Mulan, mas só de pensar que ele estava com outra pessoa e que seu coração se enchia por um menino que não era eu, isso me fazia ficar triste tudo de novo.
A notícia de que ele voltaria para Oslo me abandonando em Londres também não foi bem recebida pelo meu coração, eu estava fazendo mais do que o máximo para aceitar tudo aquilo e para continuar a dar meus pequenos passos, talvez, por causa disso eu aceitei a péssima ideia, de Finn, de fazer um Tinder.
No começo foi meu amigo que escolheu a grande maioria dos meninos para mim e conversou com eles. Finn também escolheu Peter, não posso dizer o motivo dele, mas ainda bem que ele tinha bom gosto.
Peter puxou assunto comigo logo quando a gente deu match, e se esse não fosse o caso, eu sinto que ele estaria perdido no Tinder até hoje. Com o meu coração quase por inteiro nas mãos de Finn e a timidez estacionada dentro de mim, eu não teria coragem de fazer nada mais além de olhar para a sua foto.
Nós conversamos por alguns dias, nos quais ele fez elogios a mim – me deixando totalmente sem resposta –, me contou que estava no primeiro ano da faculdade na área de psicologia e perguntou sobre os quadrinhos que eu estava lendo. Mesmo que eu demorasse um pouco para responder, na maioria das vezes, eu estava me divertindo bastante. Até que eu falei que estava indo contar para Claire que eu era gay, pois tinha acabado de sair do armário, o que fez com que Peter me chamasse de gay neném.
Nunca gostei de me sentir vulnerável, mesmo que eu não tivesse experiência nenhuma para com a grande maioria dos aspectos da vida, eu preferia sempre saber sobre as coisas que eu estava tratando. E a minha sexualidade não poderia ser diferente. O fato de Peter ter, rapidamente, observado o quão despreparado eu estava com tudo aquilo me incomodou muito.
Assim, depois de muitos pedidos de desculpa de Peter e discussões com Claire, eu aceitei ir a um semi-encontro, para que ele fosse detalhadamente analisado por Claire, e então enfim, eu poderia, ou não, conversar com Peter sem qualquer tipo de babá. Ela o aceitou muito mais rápido do que eu tinha imaginado e isso não ajudou nem um pouco no meu nervosismo.
Uma coisa que eu escolhi esconder o máximo de tempo possível foi que, fora o Finn, eu nunca tinha beijado ninguém. Quando Peter me convidou para ir a outro lugar assim que nosso encontro acabou, eu tinha certeza absoluta que um simples beijo não estava nos seus planos, e isso me assustou.
Então a única coisa lógica a ser feita era correr de Peter e tentar arrumar alguma experiência para eu não ser eternamente um gay neném. Eu voltei para o Tinder e fiz uma análise detalhada de o que era, realmente, ser gay e ter um encontro gay. De todas as minhas ideias ruins, hoje, eu acho, que essa tenha sido a pior. Eu conheci alguns caras incríveis, mas em geral, eu estava tentando ser alguém que não era – um pouco como o Finn, que sempre deixava os outros apaixonados, ou, um pouco como qualquer outra pessoa que não fosse eu – por causa disso, eu me via em enrascadas, as quais a única saída era literalmente correr de todos.
Entretanto, tudo isso me levou a Peter, e eu não me arrependo da caminhada, porque ela fez com que eu chegasse nos braços da pessoa que eu mais queria. Depois de inúmeros erros, ele estava sempre ao meu lado, me ouvindo e passando tempo comigo, enquanto eu terminava minhas análises com os outros meninos.
Eu pensava, às vezes, que Peter deveria ser a minha aventura, ele seria meu Gomes Addams. Quando foi me buscar para o nosso primeiro encontro, eu o beijei na sala antes mesmo de algo começar, e pensei que talvez eu não tivesse aventuras na minha vida, e tudo bem também, desde que eu sempre estivesse envolto nesses braços.
Mas é claro que eu estava errado.
Pessoal! Voltamos com o Alex, estou hiper animada para mostrar o que ele vai aprontar. Me contem o que vocês estão achaaaaando! Favoritem o capítulo porque ajuda demaaais e as atualizações serão nas sextas e segundas!
O Flores de Maio é spin off do De Mãos dadas em Tøyen eu escrevi o livro de um jeito que dá para ler sem conhecer o outro, mas se eu fosse vocês eu leria os dois hihihihihi para frente vai ter spoiler do De Mãos dadas em Tøyen
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Flores de Maio (Romance gay) AMOSTRA
RomanceAlex perdeu a mãe aos 14 anos e desde então tenta incomodar seu pai o mínimo o possível, aprendendo quase tudo que precisa por meio de pesquisas no Google, até mesmo como paquerar outros meninos no Tinder. A única resposta que ele não encontrou na i...