Peter disse para mim que sábado ele teria que terminar um trabalho com os seus colegas na biblioteca da faculdade e nós não poderíamos sair. Desde terça eu não parava de pensar naquele beijo, em todos eles, parecia que eu ainda podia sentir os seus lábios nos meus, e esse era o sentimento mais viciante que eu já tive.
Nós não nos encontramos na quarta, porque a Hannah ia apresentar na escola de balé. Peter foi convidado, é claro, mas não pode ir, enviando flores para a bailarina após o evento. Quinta a Claire tinha pedido ajuda em um dos seus projetos, e eu disse a Peter que avisaria quando chegasse em casa. Para a minha tristeza terminei tudo demais para que nós pudéssemos nos ver.
Sexta, foi o pior dos dias. Peter disse que os amigos dele, que moravam na república, fariam uma festa, e por mais que ele tenha me chamado sabia que me sentiria meio perdido com todas aquelas pessoas da faculdade. Então, escolhi ficar em casa e me corroer de raiva da minha timidez.
No outro dia ele falou que não tinha ficado com ninguém e quase não bebeu nada, sempre pensando em mim e sentindo minha falta. Eu acreditei nele, é claro, mas, mesmo assim, continuei incomodado. Talvez ele tenha percebido porque disse que sairia da casa da sua vó mais cedo no domingo para me buscar e nós iríamos para a República. Era para eu estar pronto às 20:00 para darmos mais beijinhos.
Acho que em algum lugar dentro do meu cérebro, a pequena parte racional que funcionava, sabia que Peter não esperaria sexo, por mais que a gente tenha dado grandes beijos da última vez. Mas ainda assim estava um pouco apreensivo.
Quando ele falou o que faríamos me acalmei um pouco e pensei que a melhor coisa a se fazer era ficar pronto e tentar não pensar no que aconteceria na república – em quantas pessoas estariam lá, em qual nomenclatura Peter usaria para mim, o que eu faria quando visse todos os seus amigos e a possibilidade de eles serem mais gays e bonitos do que eu.
Em menos de dois minutos minha cabeça já estava criando um milhão de histórias do que poderia acontecer, me deixando cada vez mais ansioso. Eu precisava continuar me arrumando, sem pensar nele.
Coloquei uma roupa, perfume e penteei o cabelo para trás. Tudo isso demorou, apenas, 10 minutos e eu precisava fazer mais coisas para me distrair até a hora de sair. Fui ao quarto da Hannah puxar assunto, mas assim que ela viu a minha roupa, mandou eu voltar para o armário e arrumar algo melhor.
Enquanto procurava algo para vestir retirando tudo do guarda roupa, Finn me ligou.
– O que você tá fazendo, Al? – foi a primeira coisa que ele falou quando me viu soterrado no meio das roupas
– Eu vou sair, e a Hannah vetou todas as minhas roupas, eu não sei o que ela quer que eu faça. Não vou gastar o meu dinheiro em roupa nova! Tem muito quadrinho bom saindo!
– Cadê aquela blusa verde que você usou quando eu tava aí? Ela é bonita, com o casacão azul, vai ficar colorido e estiloso. – Era um pouco estranho receber ajuda de Finn para ficar bonito para Peter, mas tentei enterrar esse pensamento e procurar a blusa.
– Tomara – disse indo trocar de roupa, escondidinho da câmara. – A Hannah mandou você me ligar com dicas de vestuários?
– Talvez. – ele riu – Al, eu preciso te contar uma coisa. – Parei o que estava fazendo para focar na próxima notícia ruim que Finn me contaria, depois de falar que ia mudar de cidade por causa de um menino.
– Você engravidou o dramático e vai se casar com ele! Era o que me faltava.
– O que? Quem? – Ele disse rindo.
– O seu namorado de Oslo.
– Eu não engravido ninguém, sempre sou cuidadoso.
– Finn, Eu não preciso saber disso! – respondi, eu não queria pensar em ninguém fazendo sexo, principalmente Finn e o dramático. – Qual é o drama dessa vez?
– Bem, já que você perguntou, o que você acharia se Jørn entrasse nos nossos planos de faculdade? Nós dois escolhemos para onde a gente quer ir, como era o combinado, mas se Jørn estiver na mesma cidade ou na mesma faculdade que a gente, nós três poderíamos morar juntos. É um bom plano. – disse dando o seu melhor sorriso.
– Você gosta tanto dele assim? – perguntei com a dor no meu coração estacionada no mesmo lugar de sempre
– Gosto. – às vezes doía mais.
– E de mim? O que você sente por mim?
– Você é o meu melhor amigo, Al, eu te amo, mas como amigo, e eu não vou te deixar para trás, eu falei para o Jørn. O nosso plano continua, só que agora, eu tenho mais uma pessoa que eu amo.
– E se eu o odiar? Ou ele me odiar? Quem você vai escolher? – Todos esses dias pensando sobre pessoas especiais e sobre Peter, fizeram com que eu ficasse atento com aqueles que eu tinha certeza, como Finn.
Eu não poderia ser trocado agora.
– É impossível escolher. Vocês dois são grandes partes da minha vida e eu sei que eu vou ser triste se algum for embora. Não me faça escolher. Você vai quebrar o meu coração.
– Tá bom, mas não esquece de mim!
– Nunca, Alex!
– Então o dramático pode vir morar com a gente. – afirmei, ainda bem bravo, e para mudar de assunto eu pensei em falar sobre o seu aniversário – Eu tava pensando uma coisa. Seu aniversário tá chegando, e eu quero te ver...
– Vem para cá! – ele falou animado. – E traz a Hannah, e o seu pai, e a Claire!
– Quem mais você quer? – eu ri, pensando um pouco em Peter.
– Eu tenho saudade de todo mundo aí, não é minha culpa se eu tenho o melhor amigo e ele tem a melhor irmã.
– E o seu dramático não vai se importar?
– Não, é meu aniversário, único dia que eu mando.
– Vou me sentir privilegiado então que você decidiu usar o seu dia de ser obedecido comigo. Ou às vezes as coisas com o seu namorado não estejam tão bem assim? – era um pouco difícil deixar tudo isso para trás e às vezes eu o alfinetava, mesmo sem querer.
– Se sinta! Você e Jørn vão ter que me obedecer, uma vez por ano pelo menos vocês precisam fazer isso! Mas eu deixo Hannah mandar comigo. – revirei os olhos para Finn, como se Hannah precisasse de alguém deixando ela mandar algo.
– Vou falar com o meu pai e com a Claire e te aviso depois, preciso sair agora.
– Bom encontro!
Alguns minutos depois que eu desliguei o telefone, Peter chegou e eu queria contar para ele sobre a possibilidade de ir a Oslo e ver o menino que eu era apaixonado, mas não sabia exatamente como essa conversa ocorreria ou muito menos como eu falaria para ele que iria fazer faculdade junto com o meu amigo, mesmo se esse lugar não fosse Londres.
Em poucos minutos minha animação tinha se transformado em medo do que Peter falaria. Pelo menos agora eu sabia que eu não podia fugir da conversa, por mais que ela me assustasse.
Vocês acham que o Peter vai ficar com ciúmes? Me contem hehehehe e segunda tem mais!
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Flores de Maio (Romance gay) AMOSTRA
RomanceAlex perdeu a mãe aos 14 anos e desde então tenta incomodar seu pai o mínimo o possível, aprendendo quase tudo que precisa por meio de pesquisas no Google, até mesmo como paquerar outros meninos no Tinder. A única resposta que ele não encontrou na i...