O nosso mundo não voltou ao normal no mesmo instante, mas talvez isso fosse algo bom, porque o que eu estava acostumado com Peter era nada menos que o caos total dentro da minha cabeça. Depois que ele foi embora segunda-feira não recebi mais nenhuma mensagem sua, então, sabia que era a minha vez de fazer a coisa certa.
Na terça-feira eu enviei um oi bem animado. Depois perguntei sobre o seu dia e suas aulas, quais eram seus professores preferidos, e se as provas de faculdades eram impossíveis. Na hora do almoço eu queria saber sobre sua comida preferida, e se ele gostava de cozinhar. À tarde, mandei mensagem indagando onde ele estava, se gostava de passar o dia inteiro fazendo algo e se ser psicólogo realmente o que sempre sonhou em ser.
Quando começou anoitecer eu tirei uma foto do céu e mandei para ele, perguntei se já estava em casa, e onde ele morava, porque tinha escolhido ir para uma república se a família dele estava na cidade e se era difícil demais ficar sem os pais.
Eu realmente sabia muito pouco sobre ele.
Enquanto que com os outros meninos eu fazia com que a conversa permanecesse voltada a eles para que eu não tivesse que contar nada muito íntimo sobre mim, com Peter exatamente ao contrário aconteceu, eu foquei nos meus problemas com meninos e por achá-lo mais forte do que eu, simplesmente não escutei sobre a sua vida.
Mas agora eu sabia que nas terças-feiras, Peter costumava ir para a faculdade às 10:00 depois de visitar a sua vó, e que as aulas de manhã eram todas chatas, nesse dia. O seu professor preferido era de quarta, mesmo ele sendo freudiano e Peter preferindo Lacan, os dois se davam bem após as discussões.
Ele me contou que não sabia cozinhar nada, mas pedia as comidas mais deliciosas de qualquer restaurante que ele fosse, era quase um dom.
De tarde ele ficava no asilo. Peter se voluntariava e o que ele mais fazia era escutar histórias repetidas de vovôs com Alzheimer, mas tinha um deles que lembrava de Peter e ficava super feliz quando chegava, e então contava sobre a suas novidades de 50 anos atrás, de novo, de novo, de novo.
Peter não se importava. Se ajudava ouvir as histórias e passear no sol com os idosos, então ele achava que tudo valia a pena. E que sim, Peter sempre sonhou em ajudar as pessoas com conversa, achar onde o trauma começava no coração e dar uma mão para passar os dias de modo mais fácil, sem medo, sem ansiedade e sem tristeza.
Quando eu enviei a foto do céu para ele, nós conversamos porque era impossível tirar uma foto bonita da lua e Peter me contou que o seu pai costumava o chamar para ver a lua cheia, quando ele era novinho.
Depois Peter me contou que morava em uma república, porque continuar em casa não estava sendo mais possível. Quando eu perguntei o porquê ele apenas disse "briga" e continuou com a conversa, falando como ele tinha arrumado o seu quarto e comprou várias coisas para decorar.Eu fui dormir aquele dia depois que Peter me deu boa noite, e eu senti o meu peito se encher de amor, sabendo que, pelo menos naquele dia, eu tinha feito tudo do jeito certo. Eu havia o escutado e conhecido um pouco mais da sua vida, e estava entusiasmado em saber mais sobre ele, e desejava mais fatos específicos.
Como nós prometemos que iríamos ainda mais devagar eu não o convidei para nenhum tipo de evento durante a semana, e Peter fez o mesmo, nós só conversávamos. Na quarta eu descobri mais sobre ele.
Eu sabia que ele tinha passado a virada do ano com a vó, invés de ir a alguma festa, mas o que eu não sabia era que ele morou com ela por algum tempo na sua adolescência, quando os seus pais começaram a brigar, e que ele sempre a visitava nos domingos e quando sobrava um tempo extra.
Nós passamos a quarta falando sobre a sua vó, às vezes o seu avô aparecia em algumas histórias, mas era claro a importância dela na sua vida. Peter gostava de contar quase tudo para ela, sendo a primeira pessoa que soube quando ele queria escolheu a faculdade e a sua área e descobriu que tinha passado quando a sua vó leu a carta de aceitação da faculdade.
Ela estava sempre ao seu lado nos momentos mais importantes.
Quinta-feira, seguindo o tema de família, Peter me contou sobre o seu irmão. Eu sempre achei que ele era filho único, mas, na verdade, ele tinha um irmão mais velho, Oliver, que, aparentemente, tinha desistido da faculdade há algum tempo atrás e trabalhava. Peter não me contou o que exatamente ele fazia. Invés disso, ele falou da sua vida com ele quando eram crianças.
Pelo o que me contou os dois eram inseparáveis, sempre aprontando algo, fazendo bagunça, destruindo a casa com as correrias e as bolas de basquete que voavam, mas Oliver nunca deixava que Peter levasse a culpa de nada, sempre sendo protegido pelo irmão.
Entretanto, quando Peter tinha uns 12 anos e o seu irmão 15, ele começou a se distanciar e a não conversar com Peter. Ele sumiu por uma semana, e ninguém sabia o que tinha acontecido ou para onde tinha ido, e quando voltou ele nunca contou para Peter nada sobre esses dias que passou longe.
Peter me falou que os dois se veem na casa da mãe, de vez em quando, mas nada foi ao mesmo depois dos 12 anos.
Na sexta-feira, ele me contou sobre o seu primeiro namorado, ele tinha cabelos marron-claros, com sardas e um óculos com a armação muito grossa. Peter me contou que o menino tinha mais sentimentos do que ele, e por mais que tentasse ele não conseguia corresponder, então, depois de quase 3 meses namorando, Peter teve que terminar, e ele sentiu o seu coração doendo junto com o do menino.
Por mais que Peter não tenha sentido tudo com tanta intensidade quanto o menino, ainda tinha sido o seu primeiro namoro, e ele nunca esqueceria daquelas sardinhas, ou como ele gostava de tirar o óculos do menino e dar beijinhos em cima delas – é claro que nesse ponto da história eu avisei Peter que eu não precisava de todos os detalhes.
Sábado nós combinamos de ver um filme online, ele na casa dele e eu na minha. Peter queria que eu conhecesse Buster Keaton e por isso nós assistimos Go West, que era a história de um homem que estava tentando ir a Nova York ficar rico, mas ele erra e vai para o Oeste.
Eu nunca tinha visto um filme mudo e em preto e branco, Peter falou que o diretor fazia filmes parecidos com o Charles Chaplin e como eu só conhecia por nome eu não tinha certeza o que isso significava. Mas eu adorei o filme, tinha umas piadas inocentes, mas mesmo assim boas e muito, muito mais do que isso, eu gostei de ter assistido ao filme com Peter, mesmo que de longe.
No domingo, ele me disse que talvez nós não conseguiriamos conversar muito, porque ele iria ver sua vó. Peter ajudava ela a arrumar a casa, ou melhor, ele arrumava enquanto ela andava atrás dele conversando. Ela não precisava de ajuda física para deixar tudo organizado, a verdade era que a sua vó sempre foi muito bagunçada, e para diminuir o número de brigas entre a vó e os filhos ele ia para lá arrumar tudo. depois eles tomavam chá e Peter contava sobre sua vida.
À noite, antes de eu dormir, Peter falou que essa tinha sido uma ótima semana, ele gostou de passar comigo, mesmo que de longe, e esperava que nós poderíamos ter mais dias assim. E eu concordei, foi impressionante o número de coisas que eu aprendi sobre ele em apenas poucos dias, e eu amava toda nova informação.
Entretanto, por melhor tenha sido a semana apenas conversando, eu percebi que cada dia que passava aumentava a minha vontade de abraçá-lo e beijá-lo.
Alex não erra sempre e eu tenho provas HAHAHAHAHAHA espero que vocês estejam gostando dos capítulos, me contem e favoritem o capítulo, até segunda ❤️
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Flores de Maio (Romance gay) AMOSTRA
RomanceAlex perdeu a mãe aos 14 anos e desde então tenta incomodar seu pai o mínimo o possível, aprendendo quase tudo que precisa por meio de pesquisas no Google, até mesmo como paquerar outros meninos no Tinder. A única resposta que ele não encontrou na i...