Dark Angel (H.S) - Pt

Dark Angel: Ch. 9

* Elena POV*

Senti uma briza fria a entrar pela minha janela acordando-me. Olhei lá para fora mas ainda está escuro, então presumo que ainda é de noite. Como é que a minha janela continua a abrir? Verifiquei o meu telemóvel para ver as horas, e vejo que são 1:34 da madrugada. Saí da cama para fechar a janela, cobri-me com os meus braços para tentar proteger-me do ar frio do meu quarto. Andei até a janela prestes a fechá-la, quando vi alguém no outro lado da estrada. É a mesma pessoa que estava na noite do acidente de carro. Ele começou a andar mas eu não vou deixar isto passar, tenho-o visto por aqui muitas vezes e vou descobrir quem é que ele é, e o que é que está a fazer.

Vesti uma camisola e coxeei ao descer as escadas deixando as muletas para trás, sabendo que me vão atrasar. O Miles já está de pé e ao meu lado em segundos. Pensei nisto por um segundo e decidi levá-lo. Se alguém me vai proteger é ele, um gigantesco São Bernardo com um hálito horrível assusta qualquer um. Fui para a cozinha para procurar a trela do Miles que está pendurada na porta, agarrei e pus na coleira. Agarrei as minhas chaves, destranquei a porta e abri. Mal consigo ver o homem umas casas mais à frente da rua. Comecei a andar mais depressa tendo o Miles atrás de mim, cansado. Preciso de me despachar e confrontá-lo, mas ele já está a umas seis casas à minha frente. Consigo  ver escassamente que ele tem um casaco todo preto e umas calças pretas, tem um capuz na cabeça então não consigo ver a parte de trás da sua cabeça.

Comecei a alcançá-lo enquanto aumentava o ritmo e parece que ele está a abrandar. Agora que estou mais perto consigo ver que ele é alto, bastante musculado, e caminha com passos muito longos, mas ainda abrandou. Estou agora a duas casas dele.

"Quem és? E porque é que me continuas a seguir!" Gritei atrás dele. Ele não se virou, apenas continuou a andar pela rua como se eu não tivesse dito nada. Se calhar ele não me ouviu? Mas ele tem de me ouvir. Mordi a minha lingua, talvez isto é uma má ideia e eu devia ir para casa. Mas eu preciso de saber quem é que continua a aparecer ao pé da minha casa, e no outro dia quando eu o vi ao pé da escola.

"Hey! Porque é que continuas a aparecer ao pé da minha casa?" Gritei, desta vez mais alto, mas não muito alto. Eu não quero acordar a vizinhança e tê-los a perguntar porque é que eu estou cá fora tão tarde. Mesmo assim ele não se virou, eu sei que ele consegue ouvir-me. Comecei a ficar frustrada e impanciente. Continuei a segui-lo, e tentar talvez acompanhá-lo. Mas quanto mais perto fico mais familiar ele me parece. As roupas e tudo me parece tão familiar. Há algo neste homem que é estranhamente familiar mas não consigo dizer o quê. Quando cheguei mais perto notei a maneira de andar dele, mas não consigo ver o que há de tão familiar nele. Quando cheguei ainda mais perto notei que não ouço nenhum dos seus passos, como se ele não estivesse a andar no chão. O Miles começou a ladrar enquanto cheirava o ar à nossa volta, o que é estranho porque o Miles nunca ladra. Eu só quero que este homem me deixe em paz.

"Fique afastado da merda da minha casa." Eu disse, desta vez não me importei de gritar, apenas disse como se estivesse a falar com alguém ao meu lado. Penso que funcionou porque ele parou. Tive uma sensação fria no meu corpo e também parei de andar. Ele começou a virar-se lentamente. Quando ele se virou é que eu vi. Arrepios subiram pela minha espinha, e o cabelo de todo o meu corpo começou a erguer-se. Mesmo que esteja um gelo cá fora, eu senti uma repentina onda de calor no meu rosto.

Quando ele se virou eu sabia logo quem era. É o mesmo homem que eu atropelei à alguns dias atrás. O homem que eu bati com o meu carro e fugiu da cena como se nada acontecesse. O homem que me tem dado em louca, fazendo-me pensar que estou maluca por tem batido em alguém e depois ter toda a gente a dizer-me que eu não o fiz. Ele começou a andar na minha direção, reagi depressa e corri de volta para a minha casa. Quando comecei a chegar a minha casa virei-me para ver se o homem ainda me estava a seguir mas não vi nada. Adrenalina está a bombear nas minhas veias e sinto que vou desmaiar. O Miles também está ofegante, nunca corri tão depressa em toda a minha vida. O medo que tenho a acumular-se dentro de mim faz-me ficar tonta. Questões começam a formar-se na minha cabeça. Se eu bati nele com o meu carro e ele sobreviveu, então, ele é... como o Harry? Ele não é humano? Se ele não é humano então ele tem vantagens. Vantagens que me podem pôr em perigo.

Coxeei de volta com o Miles ainda a tremer, e sei que o Miles consegue sentir o meu medo, porque ele segui-me até à cozinha, mesmo nos meus calcanhares e não se foi embora. Sei que não devia ter ido lá fora, e devia ter ficado cá dentro onde estou segura. Tirei a trela ao Miles e pendurei-a de volta, abri o figorífico e tirei o resto da pizza. Talvez alguma comida no meu estomâgo me ajude a acalmar os nervos, e a acalmar-me. Coloquei a pizza no prato e pus no microondas para aquecer.

Milhões de perguntar começaram a zumbir na minha cabeça e comecei a ter uma dor de cabeça. A única pergunta que aparece que temo mais é, o que é que ele quer de mim? Não percebo porque é que ele me está a fazer de alvo quando eu não fiz nada. Quero dizer, sim, bati-lhe com o meu carro, mas ele não devia estar parado como um idiota!

"Oh meu Deus, ele provavelmente quer vingança, ele provavelmente vai-me matar!" Pensei para mim mesma alto. Medo começou a erguer-se em mim e o meu corpo todo começou a tremer. Tirei a pizza do microondas e pousei durante um minuto. Estou cansada mas não quero ir dormir sozinha. Levei o Miles para cima para se deitar comigo para que tivesse uma fonte de proteção enquanto durmo.

Quando cheguei ao meu quarto eu senti uma sensação quente pútrida a subir pela minha garganta, um gosto amargo na minha boca. Cobri a minha boca e corri para a casa de banho. Abri o assento da sanita e vomitei. Engasguei-me enquanto o meu corpo rejeita a comida que eu tinha acabado de comer. Fiquei com um sabor ácido na minha boca. Logo depois do meu corpo ter esvaziado o seu conteúdo corri para a pia, abri-a e bebi água. O gosto na minha boca é terrível. Acho que comer tão rápido enquanto estava tão abalada não foi uma boa ideia, afinal. Depois de enxaguar a boca pelo que pareceu uma eternidade molhei o meu rosto com água fria. Olhei para o espelho para me encontrar nojenta. Tenho grandes olheiras sobre os olhos, e os olhos estão vermelhos e inchados. O meu cabelo está um horrível, e parece que não é escovado à anos.

Lágrimas começam a escapar dos meus olhos e pele de galinha começa a espalhar-se sobre o meu corpo. O medo de alguém a observar-me. Eu não posso lidar com isso durante muito mais tempo. O Miles veio até a porta da casa de banho e entrou. Ele deitou-se ao meu lado e meteu-se confortável. Sentei-me e descansei a cabeça no seu corpo e as lágrimas ainda a cair dos meus olhos. Sinto-me a adormecer, com Miles, no tapete do meu chão da casa de banho.