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Pov Rosalinda

É estranho me sentir culpada, mas todas as vezes que eu encontro meus amigos da época da faculdade é a mesma coisa. A grande maioria estão casados e tem filhos e bem, eu sou casada com o meu trabalho, larguei o meu namorado, porque ele quis que eu decidisse entre o meu emprego ou nosso relacionamento, meu amor... Um dia ele poderia simplesmente acordar e não me amar mais e ir embora, minha profissão é para sempre, foi tarde.

Levando-se em conta as minhas palavras, até parece que eu sou uma pessoa super fria (risos) bem as pessoas acham o contrário, dizem que eu sou uma pessoa meiga e agradável de se conviver. Tommaso que o diga, mas aos olhos do meu melhor amigo eu sou a famosa "virgem santa Maria do pau oco" não julgo! (risos). Eu tenho os meus amores e adoro fazer homens chorarem e olhando para mim, ninguém diz que eu seja o golpe... O golpe tá aí... Caí quem quer.

Tem cerca de um mês que estou trabalhando em um escritório de arquitetura que por sinal está a beira da falência, mas eu me esforço todos os dias com os meus conhecimentos estratégicos para conseguir uma manobra financeira que drible as dificuldades dessa empresa tão tradicional e respeitada no mercado da construção civil. Nesse meio tempo conheci pessoas incríveis, outras prefiro nem comentar, a minha chefe é uma pessoa muito positiva e sincera, mas no fundo é dona de um coração grande e generoso.

Nos últimos dias fui em uma festa na casa de um dos arquitetos, fiquei conversando por um momento com as meninas Helena e Maria, pessoas ótimas e bem humarada. Perguntei por Dayane, mas elas me deixaram a par que Dayane não era o tipo de pessoa que frequentava festa de trabalho, não me contive e perguntei o por quê... Bem, talvez teria sido melhor não perguntar.

Passado on:

- Dayane era a pessoa mais animada desse escritório, mas após a morte da sua namorada que haviam ficado recentemente noiva... Ela passou a se isolar do mundo, já tentamos fazer com que ela interaja mais...

- Já convidamos ela para diversas sociais...

- Sempre que rola um happy hour... Mas nada...

- Nada mesmo, faz ela mudar de idéia... Chega cedo é a última a sair e vai direto para a sua casa.

Passado off.

Isso explica muita coisa, mas não explica o meu interesse em Dayane Mello e a cada dia que passava eu encontrava mais motivos de procurar conhecer essa mulher, observava seus gostos, a forma que ela interagia sempre com palavras bem colocadas e certeiras. Ela tinha um charme tão natural, seu rosto esculpido por deuses, seu olhar doce e seu sorriso amarelo mais fofo que já vi, Dayane me fazia questionar a minha sexualidade todos os dias.

- Bom dia._Disse Dayane ao chegar no escritório e passar por mim.

Nossa o perfume dessa mulher é tão bom, a forma que ela anda, parece que desfila na melhor e mais conceituada passarela do mundo, que mulher majestosa é essa? E lá vai eu, mais um dia ficar de olho em Dayane Mello. Como todos os dias ela chega cumprimenta seus colegas e vai direito a copa encher sua xícara térmica de café, vai para a sua sala e ali fica o dia inteiro, eu queria muito ter assunto com ela, mas ela é tão fechada que se eu puxasse qualquer assunto com ela, tenho medo de ser mal interpretada.

Foco Rosalinda! Você tem uma empresa para salvar e se você não salvar sua crush fica sem emprego, pessoas vão para a rua da amargura. Olhando bem para a planilha do mês seguinte temos um saldo positivo de 1,01% o que significa que eu estou fazendo o meu trabalho muito bem, aparentemente não parece ser muita coisa, mas em termos de dinheiro, estamos conseguindo pagar os credores e rendendo um lucro para o plano de emergência, ou seja, notícia boa demais.

Pov Rosalinda Off

Naquele dia Giulia estava disposta a fazer qualquer coisa para tirar Dayane daquele apartamento, as duas tiveram um breve desentendimento sobre isso, mas Dayane acabou vencida. Giulia fez a sua amada mudar de idéia sobre ficar em casa, iria fazer companhia para Dayane jantar fora.

- Eu não sei pra que isso... Não vejo problema algum em jantar em casa._Disse Dayane emburrada e Giulia mordeu os lábios escondendo o sorriso.

- Amore tira essa marra toda... É para o seu bem, um pouco de ar livre e novos lugares não vão te fazer mal._Giulia e Dayane entraram no restaurante e Dayane pediu a mesa mais reservada que eles tinham, ficava desconfortável ver as pessoas lhe observando falar sozinha.

- Como foi o seu dia?_Perguntou Giulia.

- Esses dias pegamos um projeto incrível, estamos trabalhando em cima dele, você sabe né!? Eu amo essa fase do projeto, de pesquisar, testar coisas novas... Me distrai._Disse Dayane tomando um pouco do seu vinho.

- Hoje foi difícil pra mim. A cada dia que passa fica mais próximo da despedida e sinceramente. Eu te amo e quero te ver feliz, eu queria muito ir embora e te ver bem, ver que você está tocando a sua vida, não dessa forma... Você fica em casa quando não está trabalhando, passa o fim de semana todo jogada no sofá maratonando filmes, Day eu me preocupo com você. Mas sinto que não vou fazer uma boa passagem se eu te deixar assim, nessas condições._Disse Giulia com seu tom de voz triste e Dayane ouvia atentamente tudo o que sua amada falava.

- O que você quer de mim? Por que isso acontece sempre que saímos? Essa pressão para eu esquecer o que vivemos e tocar a vida simplesmente...

- Amor, eu não quero que esqueça... Eu quero que supere, você é forte Dayane, você consegue e merece ser feliz._Ficou as duas em silêncio logo o garçom trouxe a comida.

Quando Dayane terminou de jantar pagou pelo comida e saiu do restaurante ainda calada e Giulia também não forçou a sua ex a nada, deixou ela ter o seu momento, sabia que Dayane estava refletindo sobre o que elas haviam conversado. Ao invés de ir para seu apartamento Dayane caminhou até um parque, sentou se em um dos bancos e ficou olhando para o horizonte.

- Você está presa a mim?_Perguntou Dayane se olhar para Giulia.

- Como assim?_Perguntou Giulia se sentando ao lado de Dayane.

- Ainda não teve chance de conhecer o paraíso por assuntos inacabados aqui... Esse assunto sou eu?_Perguntou novamente Dayane sentindo um pouco de culpa.

- Day...

- Só me responde Giulia._Pediu Dayane.

- Sim e não... Sim, porque éramos feitas uma para a outra e tínhamos uma vida para passar juntas, mas por desvio ou erro do destino... Aconteceu o que você sabe... Então eu meio que preciso deixar você feliz novamente, não de maneira forçada, mas feliz de verdade como éramos antes._Disse Giulia sentindo uma enorme vontade de beijar a sua amada.

- Você quer descansar amor?_Perguntou Dayane com seus olhos marejados.

- Sim, eu quero descansar. Mas quero te ver bem primeiro._Disse Giulia encostando a cabeça no ombro de Dayane.

- Por você... Eu vou tentar mudar as coisas, no próximo convite das meninas do escritório vou aceitar, não te prometo gostar de alguém, mas prometo que vou voltar para a nossa vida de antes, sair com meus amigos e fazer o que fazíamos... Eu não quero te esquecer nunca amor, mas também quero que você descanse em paz e que tenha uma boa passagem._Disse Dayane sentindo as lágrimas quentes rolarem em seu rosto.

- Seria um grande passo... Obrigada amor._Agradeceu Giulia e ficaram em silêncio por um tempo apenas apreciando a vista.

Mais tarde quando a noite já estava ficando mais fria Dayane se levantou e as duas voltaram para o apartamento, Giulia e Dayane conversavam novamente dessa vez sobre coisas que haviam acontecido no passado, coisas boas e Dayane acabou dormindo enquanto sorria lembrando dos momentos em que passaram juntas. E Giulia bem, ela ficou velando o sono de Dayane.

Continua...

Como esquecer você? - Rosmello Onde histórias criam vida. Descubra agora