Tick-Tock

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6 de Novembro de 1976

O relógio no topo da sala tinha um ritmo que, para alguns era rápido demais, e, para outros, lento demais.
Remus sentia seus olhos pesarem, e que ia cair de sono a qualquer momento, graças a Merlin este era o último teste do dia. Já fazia quinze minutos que ele havia terminado, a tinta estava seca a essa altura e Remus já tinha certeza de que seu texto de Transfiguração estava impecável.

Tick-Tock.

Sirius estava se espreguiçando, ele sabia que havia se saído bem na redação. Remus talvez pudesse ser melhor em todas outras matérias, mas não Transfiguração. Essa matéria era de Sirius. Ele já havia terminado há vinte minutos e agora trocava olhares com uma garota da Corvinal na outra ponta da sala.

Tick-Tock.

James ainda estava trabalhando em sua conclusão, aperfeiçoando sua tese, mas ele já estava nas últimas duas linhas, constantemente empurrando os óculos para o topo de seu nariz.

Tick-Tock.

Peter estava desesperado. Suas mãos estavam manchadas de tinta, assim como sua pena branca. Ele sabia que deveria ter estudado mais sobre transfiguração de seres vivos em objetos inanimados, ele sabia que deveria ter ouvido Sirius dando um resumo ontem no dormitório, mas aquele jogo de xadrez com o Longbottom estava tão acirrado e ele não estava afim de abrir seu livro de transfiguração.

Tick-Tock.

— Cinco minutos. — A voz de McGonagall ecoou pela sala.

Peter esfregou sua própria nuca quando viu James pôr sua pena na mesa e a realização que ele era o único entre os Marotos que não havia terminado. Sua mão estava tremendo.
Remus percebeu o nervosismo do amigo, e pousou sua mão no joelho de Pettigrew, tentando acalmá-lo. Peter respirou fundo, e nos últimos segundos, com a caligrafia apressada e irregular, e o coração a mil, o garoto jogou a pena na mesa e suspirou exasperado. Ele havia terminado em tempo.
Quando a McGonagall recolheu os testes, Remus apertou o ombro de Pettigrew, tentando ser acolhedor.

— Eu tenho certeza que você foi bem, Pete.

— Você não pode ter certeza disso! — Peter choramingou alto, enfiando os livros na própria bolsa.

— Não, mas-

— Eu fui tão bem nessa redação!— Sirius exclamou alto, se levantando em um pulo e jogando a bolsa nos ombros. — Quem é o deus da transfiguração? Isso mesmo, Sirius Black.

Remus cerrou os punhos, ele estava tentando confortar o amigo deles e Sirius estava agindo dessa forma, ele não tinha um pingo de senso naquela cabeça bonita? Peter choramingou novamente e se levantou, curvado e desanimado. Sirius então percebeu.

— Ah, não se desanime, Pete, se você for mal você pode passar a detenção com a sua namorada McGonagal!— Sirius provocou e riu alto quando recebeu um tapa na nuca de James. Algumas garotas passaram rindo e Sirius piscou pra elas.

Às vezes Remus achava que era além do saudável o tanto que ele queria socar Sirius, e às vezes ele simplesmente não se importava.
Peter resmungou e suspirou, apertando os livros contra seu peito.

— Vocês têm alguma aula agora? A gente pode jogar algo?

— Eu vou aproveitar pra dormir um pouco, Pete, hoje é lua cheia e eu preciso descansar.

— E eu vou ocupar um armário de vassouras com a McKinnon.— Sirius disse sorrindo e piscou pra eles, andando na frente e virando em um corredor.

— James?— Peter perguntou, sentindo um leve aperto no peito.

— É claro, Pete, que tal uma partida de xadrez?

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