Eu também tenho cicatrizes

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Sirius hesitou. Ele apertou a mão do homem à sua frente. O ar no cômodo pareceu mudar. Remus mudou o peso de um pé pro outro.

— É um prazer, Sr.Lupin.  — Sirius disse e abaixou sua mão. Ele não sabia o nível necessário de formalidade naquele momento. Remus havia comentado poucas vezes sobre seus pais.  E, como ele demonstrou respeito ao seu sobrenome, Sirius apenas assumiu que ele o deveria tratar como ele havia sido criado para ser. Com a lábia e o respeito de um Black. Afinal, se havia algo que Sirius sabia fazer muito bem, era fingir.

— Você é o herdeiro dos Black, certo? Sirius Black. — Lyall disse, testando como o nome soava em sua língua— Remus, por que não me disse que era amigo de um Black?

Remus apertou a alça da mochila.

— Eu não achei que seria necessário, — ele fez uma pausa, e então acrescentou. — Senhor.

Uma risada saiu da garganta de seu pai, e Remus sentiu seu braço arrepiar.

— Existem poucos nomes mais importantes do que o de um Black, Remus. — Ele direcionou o olhar a Hope por poucos segundos e voltou até os meninos. — Vocês pretendem ficar para o jantar? Claro, a comida de Hope não deve chegar aos pés das de seus elfos domésticos, porém é gostosa o suficiente.

Sirius notou que Remus deu um passo protetor em direção a Hope.

— Muito obrigado pelo convite, Senhor Lupin, porém nós estávamos pretendendo passar o dia de natal na residência Potter. — Sirius respondeu polida e educadamente. —Talvez em outra oportunidade.

— Oh, entendo. — Lyall direcionou seu olhar à mochila de Remus, mas não comentou nada. Ele também não havia direcionado sua palavra a James em momento algum. — Bem, tenham um bom natal, espero que nos encontremos novamente.

Ele se retirou e então a cozinha novamente voltou a cercar apenas três pessoas. Remus franziu o cenho.

— É melhor irmos.

Hope, que estava calada até então, segurou as mãos de James num aperto.

— Por favor, dê meu feliz natal à Euphemia. — Ela soltou as mãos do garoto e se voltou para Sirius, hesitando levemente. — E você à seus pais. — Por fim, ela se virou para seu único filho. — Você vai voltar? Eu estava preocupada.

Remus deixou seus ombros relaxarem.

— Vou. Meu malão está aqui e eu ainda tenho coisas para resolver antes de voltar para Hogwarts.  — Ele apertou sua mãe em um abraço. — Não se preocupe, mãe.

— É difícil, meu querido.

Ela parecia tão pequena. Remus não aguentava mais olhar para ela assim. Então ele se virou e saiu pela porta.

Sirius havia notado que Lyall não havia chamado Remus de filho em momento algum.


Remus vomitou pela segunda vez no dia quando eles aparataram no terreno dos Potter. Ele se apoiou no ombro de James, que soltou um resmungo.

— Cara... — Ele disse, de mau gosto.

Com um aceno de varinha, Sirius limpou a sujeira.

— Vem, vamos entrar, você precisa encher seu estômago se planeja vomitar mais.

— “Vem, vamos entrar”? Eu achei que a casa era minha. — James provocou, com um sorriso crescendo em seu rosto.

— Agora eu sou o filho favorito dos seus pais, duh. — Sirius ajudou Remus a se endireitar e eles andaram até a residência.

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