Capítulo 3

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— O banheiro fica no final do corredor, se for usar o vaso sanitário, dê descarga duas vezes. — parou de andar e encarou-a seriamente. — É sério, dê descarga duas vezes.

— Já entendi — fez uma careta quando a mulher não estava olhando.

Meredith estava seguindo a dona do bar, que também era um hotel, pelo estreito corredor do segundo piso em direção ao lugar onde ela passaria a noite; a de cabelos ruivos ia na frente e carregava a mala de grife, se perguntando o que havia dentro para torná-la tão pesada daquele jeito. Abriu a última porta do corredor, acendeu a luz e colocou a mala num canto, logo se virando para ir embora, não estava com muita paciência para lidar com aquela americana impertinente.

— Eu vi um cardápio na recepção. — a loira disse antes que ela se afastasse.

— Estamos fechados. — deu um sorriso sem mostrar os dentes.

— Fechados, imaginei. — suspirou — Mas dada a famosa hospitalidade e generosidade irlandesa eu pensei que talvez...

Se encostou no batente da porta e encarou a loira, percebendo que ela não a deixaria em paz até que lhe arrumasse algo para comer.

— Vou fazer um sanduíche de presunto. — informou e saiu andando.

— Espera, mas que tipo de presunto? — Meredith bufou ao notar que ela não voltaria para responder — Que mulher arrogante, meu Deus!

Entrou no quarto minúsculo e fechou a porta, o lugar não tinha nada além de uma cama de solteiro, um armário de duas portas, uma cômoda e papéis de parede floridos horrendos. Pôs a bolsa sobre o colchão e abriu-a para pegar o carregador do celular, procurando alguma tomada disponível que pudesse ser usada; achou uma na parede atrás da cama e fez uma força enorme para arrastar o móvel pesado, que bateu no armário e o fez tombar para frente, derrubando milhares de coisas em cima da cama.

Quando Meredith desencaixou a tomada que já estava lá e a substituiu pelo carregador do celular, literalmente saltaram faíscas por todo o lado e o quarto ficou em um escuro total.
Com o susto, a loira tropeçou na mala e bateu as costas na prateleira que ficava em cima da cômoda, derrubando os objetos estrondosamente.

Ouvindo os barulhos e no meio de um apagão, a irlandesa saiu da cozinha pisando duro e subiu a escada que dava para o pavimento superior com o maxilar retesado. Ela abriu a porta do quarto um tanto quanto brutamente, ficando ainda mais irritada ao ver o objeto nas mãos da americana, que deu um pulo no lugar com sua chegada repentina.

— O que você acha que está fazendo? — pegou o porta-retrato. — Me dê isso, é pessoal.

Meredith sentiu o prato com o sanduíche de presunto sendo empurrado contra si sem nenhuma delicadeza e seu rosto assumiu uma expressão indignada.

— Sua tomada fritou o meu carregador!

— E você fritou a vila inteira, idiot. — esbravejou, o sotaque irlandês ainda mais acentuado.

Saiu do lugar tão raivosa quanto um cão acorrentado, aquela mulher era um desastre ambulante e ainda havia feito o favor de acabar com a eletricidade de toda Dingle. Mas, se ela achava que as coisas não poderiam piorar, estava muito enganada.

***

Na manhã seguinte, Meredith conseguiu falar com Derek pelo telefone fixo do bar. Infelizmente, sua presença na Irlanda já não era mais um fato desconhecido para o médico, no entanto, o porquê dela estar lá ainda continuava como um segredo. A loira encerrou a ligação e andou até a janela, espiando a movimentação do lado de fora.

Addison, como ela descobriu se chamar a grosseirona ruiva irlandesa, conversava com um homem careca e gesticulava sem parar. Meredith não fazia idéia do que eles estavam falando, tampouco se interessava em saber, então resolveu voltar ao quarto e se arrumar para começar a viagem até Dublin.

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