COMA PT.2

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3 anos após o acidente

Três anos após o acidente, a relação entre Jungkook e Jimin começou a mudar.
Depois do cio inesperado, em que Jungkook acabou cedendo a seus instintos, o clima entre os dois ficou estranho. Jungkook se sentia culpado, como se tivesse traído o amor de sua vida. Embora soubesse que não estava no controle naquela hora, isso não diminuía a angústia que sentia. Além disso, o alívio veio apenas pelo fato de ele estar usando contraceptivos. Uma gravidez que não fosse de Tae seria insuportável.
Jimin também se afligia, revivendo o momento repetidamente. "Não era o meu lobo no início," pensava, sentindo-se responsável por não ter evitado o que aconteceu.
Ele sabia que poderia ter feito mais para resistir, mas, no calor do momento, cedeu ao desejo e à necessidade de ajudar o ômega do seu amigo mais querido. Jimin se via como um traidor, um amigo terrível e o pior alfa que poderia existir.
Por semanas, eles quase não se falaram. As poucas interações eram repletas de sorrisos forçados e diálogos superficiais. Tudo parecia um esforço para ignorar o que havia acontecido, até que Jimin, incapaz de suportar mais a culpa, decidiu confrontar a situação.
- Precisamos conversar, Kook — disse Jimin um dia, sem rodeios.
O ômega assentiu, sabendo que aquele momento era inevitável. Eles se sentaram, e as palavras começaram a fluir. Cada um desabafou seus medos, arrependimentos e angústias. E, por fim, conseguiram encontrar uma espécie de normalidade, um frágil equilíbrio que os permitiu seguir em frente.
Ainda assim, ambos temiam o próximo cio de Jungkook. O que fariam? Como lidar até que Tae despertasse? Se é que ele acordaria... A ideia de buscar satisfação com outro alfa apavorava Jungkook, mas o pensamento de estar sozinho durante o cio era ainda mais assustador.

Certa tarde, Jungkook decidiu que precisava de orientação e foi ao médico, buscando, mais uma vez, uma solução para aliviar a dor intensa que enfrentava durante o cio. O médico, ciente da situação, foi direto ao ponto:

- Não há remédios que não causem reações adversas, Jungkook. O que aconteceu da última vez provavelmente vai se repetir. Seu cio é extremamente forte, e o instinto é inevitável. Como seu tipo sanguíneo é raro, isso intensifica ainda mais a severidade do seu cio.

Jungkook apenas balançou a cabeça, absorvendo a informação, mas sem interromper.

- E, como você já sabe, os inibidores para esse tipo de sangue são extremamente fortes — continuou o médico. — Um alfa consegue suportar os efeitos, mas em um ômega, como você, eles podem ser fatais. É por isso que o recomendado, durante o cio, é que você passe esse período com um alfa. Isso não é uma questão de desejo, Kook, mas de sobrevivência. Seria melhor se você chegasse a um acordo com alguém de confiança, como o Jimin.

Jungkook ponderou bastante sobre essa sugestão. Sabia que o médico tinha razão, mas o peso da culpa ainda o oprimia. Trair Tae, mesmo que fosse apenas o lobo agindo, era uma ideia que ele não conseguia suportar.

Semanas se passaram, e Jimin passou por seu próprio cio com outro ômega, alguém que Jungkook sequer conhecia. Isso trouxe um breve alívio para ambos, mas Kook sabia que precisaria enfrentar a difícil conversa que adiava. Quando os primeiros sintomas de seu próximo cio começaram a se manifestar, ele finalmente tomou coragem.

- Ji... Eu preciso te pedir algo — começou, hesitante, antes de explicar a sugestão do médico.

Jimin ouviu atentamente, compreendendo o peso que isso tinha para Jungkook.

- Entendo - respondeu Jimin, depois de um momento de silêncio. — Eu concordo com o médico, Kook. Sei que é difícil, mas estou aqui para te ajudar. Não pense que isso vai mudar o que sinto pelo Tae. Ele é meu amigo, e eu entendo que é o lobo que precisa disso, não você.

Eles concordaram com as regras. Jimin só entraria no quarto quando o lobo de Jungkook, que ele carinhosamente chamava de Cookie, estivesse no controle.
Assim que o cio passasse, Jimin sairia, garantindo que Jungkook não teria consciência do que aconteceu. Aquilo era puramente para o lobo, e nada mais.

Dois Alfas e eu... ABO TAEKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora