SUBINDO PELAS PAREDES

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As coisas entre Jungkook e Taehyung estavam quase perfeitas. Finalmente, moravam juntos; Tae participava mais ativamente da vida de Yuri, sua filha, e já estagiava como professor na mesma universidade onde trabalhava Min Yoongi, um amigo de Bogum. Yoon, encantado com Tae, rapidamente se tornou seu amigo. Fora do ambiente de trabalho, a amizade entre eles florescia, algo que incomodava Jungkook. No entanto, ele não se queixava, entendendo a importância desse trabalho para Tae. Tudo o que Jungkook queria era que ele deixasse o pesadelo do passado para trás e realizasse seus sonhos interrompidos. Ele próprio planejava fazer o mesmo, quando se sentisse confiante o suficiente para deixar Yuri com uma babá. Embora os dois alfas insistissem para que Jungkook focasse em sua realização profissional, ele ainda tinha uma resistência natural, sendo um pai superprotetor.

Tudo estava quase perfeito... mas faltava algo: sexo. Eles não passavam das preliminares. Boquetes, mãos exploradoras, e seus corpos se esfregando em um clima insano de desejo, levando-os quase à loucura. Mesmo nesses momentos, a marca de Jimin incomodava, mas nada que Jungkook não pudesse suportar. O tesão mascarava qualquer desconforto. Desde a viagem a Jeju, Taehyung não permitia que as coisas avançassem além das preliminares, temendo que a dor se repetisse. Ele já tinha visto Jungkook sofrer demais quando Jimin foi inconsequente, e não queria ser o causador de mais sofrimento.

Kook, por outro lado, estava insatisfeito. Ele tentava de tudo para ter uma noite de amor decente com seu alfa. Sabia que doeria, mas estava disposto a suportar a dor. Seu desejo por Tae era tão grande que ele não aguentava mais a frustração. Mas Tae recusava-se prontamente a avançar. A situação chegou ao ponto de Jungkook passar dias sem falar com Tae, como forma de punição por ter interrompido a "foda" no exato momento em que Jungkook ia se sentar nele. Seu pau ficou tão duro que jurou que a dor era pior do que a da marca, se fossem adiante. Frustrado e irado, terminou o serviço sozinho, trancado no banheiro, sem aceitar a ajuda de Tae.

Jungkook não sabia mais o que fazer para convencer seu alfa de que ele estava disposto a arriscar a dor, só para poderem fazer amor. Mas Tae não cedia, por motivos óbvios. Ele estava cansado de ouvir relatos de ômegas que chegaram à beira da morte por se arriscarem. Tae não queria perder Jungkook por causa de uma foda. Ele estava decidido a esperar até que a marca enfraquecesse ou desaparecesse, para que pudessem ir avançando aos poucos. Embora soubesse que Jungkook só queria estar com ele, a insegurança causada pela marca o fazia temer que, em um momento de desespero, Jungkook recorresse a Jimin para se satistazer.

Por sua vez, Jungkook também temia que Taehyung se cansasse de esperar. Ele sabia que o alfa tinha suas necessidades, e isso o deixava apavorado. O medo de não conseguir satisfazer Tae por completo o atormentava, e a amizade crescente entre Tae e Yoongi só piorava sua paranoia. Jungkook temia que, a qualquer momento, Tae pudesse entrar em casa e confessar que, em um momento de fraqueza, transou com outro ômega.

Sentindo-se impotente, Jungkook intensificou sua busca por um médico que pudesse remover a marca antes do prazo normal. Precisava se livrar daquela ligação que tanto o prejudicava. Queria desesperadamente voltar a ter a vida sexual que tinham antes do acidente. Não conseguia nem se olhar no espelho sem se sentir incomodado pela marca, sempre coberta por camisas de gola alta para que Tae não a visse e se entristecesse ainda mais.

Após muita pesquisa, Jungkook encontrou o perfil de um médico em uma rede social, que alegava ter descoberto uma maneira de quebrar a ligação da marca em qualquer estágio do processo. Animado, ele imediatamente chamou Jimin para contar sobre sua descoberta, mas Jimin, como médico, ficou apreensivo. Ele sabia dos graves riscos envolvidos e recusou-se a tentar sem ao menos pensar duas vezes.

— Jimin, pelo amor de Deus! Precisamos tentar! É nossa única chance de nos livrarmos da marca! Não podemos continuar assim! Quero meu Tae por completo! E se ele se cansar disso tudo e se atrair por outro?

— Não fale asneiras, Kook! O Tae é louco por você! Que tipo de amor você acha que ele sente, que não pode aguardar mais uns meses?

- Ji, você não está levando em conta o instinto. E quando ele entrar no cio? Eu nem ao menos poderei saciar meu alfa! Ele terá que passar com outro! Não vou correr esse risco!

— Pelo que conheço do meu amigo, ele vai preferir passar sozinho.

— Não quero que ele sofra quando podemos ter em mãos a solução para nossos problemas!

— Acho que essa tal "solução" nos dará mais problemas, isso sim!

— Pare de ser pessimista! É o que temos pra hoje! Temos que agarrar qualquer chance!

— Até morrer? Você não está pensando direito, Kook... — Jimin respirou fundo. - Nós dois podemos nos dar muito mal. Vamos aguardar. Só faltam alguns meses.

— Seis meses!! Seis longos meses!! Até lá, posso ficar sem meu alfa! Aí sim, eu morro!

— Você está vendo cabelo em ovo. O Tae não é assim. Não conhece mais seu namorado?

Jungkook ponderou, mas o medo de perder o amado o deixava apavorado, algo que nunca havia sentido tão intensamente antes.

- Por favor, Ji... Vamos pelo menos marcar com esse médico pra conversar?

Jimin ainda estava relutante, mas decidiu ceder um pouco para tranquilizar o amigo. Estava preocupado com o estado de Jungkook, que agora estava ciumento ao extremo, inseguro e controlando Tae a todo momento. Ele já havia sugerido que Jungkook se consultasse com um terapeuta, mas este criou resistência, incapaz de enxergar o quanto estava precisando de ajuda para afastar essas paranoias.

- Vamos fazer assim: me passe o nome completo e o contato desse médico. Vou pesquisar um pouco sobre ele e ver com alguns amigos do hospital.

- Jimin, não quero que essa história se espalhe. Não conte para ninguém do hospital. Se isso chegar aos ouvidos do Bogum, logo o Tae ficará sabendo, e eu não quero que ele saiba... não por enquanto. Você sabe como ele é todo preocupado... Não vai querer nem que a gente vá conversar com o médico.

- Tudo bem... mas, por enquanto, certo? Não vou fazer nada escondido do meu amigo. Se tivermos que iniciar esse tratamento, ele vai ter que concordar também.

— Tudo bem.

- Não se preocupe, eu sei como obter algumas informações sem levantar suspeitas. - Jungkook então sorriu satisfeito.

- Obrigado, Ji! Você, como sempre, me salvando. — Ele sorriu aberto mais uma vez. — E o Bogum? Como vocês estão? - Nessa altura, Kook já sabia de toda a história.

- Nada. Ele nem me olha direito. Quando temos alguma reunião ou precisamos estar no mesmo ambiente no hospital, ele me ignora completamente. - Jimin falou com pesar. — Mas eu mereço, não é?

- Merece sim. Nem sei o que eu faria se o Tae resolvesse, de uma hora pra outra, sem motivo algum, me ignorar e sair pegando metade da Coreia. Eu ia me sentir péssimo! — Jimin baixou ainda mais o olhar, sentindo o peso da culpa. Ele já havia tentado de tudo no último mês para que Bogum ao menos o ouvisse, mas tudo o que conseguiu foi desprezo. — Ele ainda é apaixonado, dá pra ver por trás daquele muro de frieza que ele levantou. Cabe a você fazer as coisas certas agora. Ele precisa sentir segurança nas suas palavras e atitudes, porque, para ele, você o enganou e iludiu em Jeju. Só queria sexo casual e ainda o destratou.

— Ele não me deixa explicar!

— Eu também não deixaria! Só tem dois meses que tudo aconteceu, Jimin! Dê tempo ao tempo. Ele precisa ver a mudança em você primeiro. Só de ter parado com as farras e com a pegação desenfreada já é um começo.

— Eu não quero perdê-lo, Kook... sinto que a cada minuto ele se afasta mais e mais. Você tem ideia de quantos alfas estão rondando ele só no hospital? — Jimin fez uma cara de desespero, e Kook riu internamente, percebendo que seu amigo estava mais que apaixonado.

- Faça sua parte que o universo também fará. Se estiver escrito que vocês pertencem um ao outro, não haverá alfa capaz de tirá-lo de você.

— Você deveria ouvir seus próprios conselhos! - Jimin retrucou de imediato, recebendo uma careta como resposta.

Dois Alfas e eu... ABO TAEKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora