" - Ei, garota! acorda...
Com os olhos cansados e pesados, Murphy luta para mantê-los abertos, como se ela não dormisse a meses. Podendo visualizar apenas alguns flashes de uma imensa floresta, que até então ela só havia visto algo do tipo em livros, ela batalha para observar um homem que a carrega no colo, mas quem será ele? Mais a sua frente ela consegue visualizar a silhueta de uma mulher alta, com enormes cabelos cacheados cor de caramelo, a mulher com o rosto neutro luta para manter longe várias pessoas que implicam em se aproximar deles, Murphy não entendem por quê essas pessoas repletas de sangues ainda se mantém de pé, está na cara que aquelas balas os feriram. Com o barulho dos tiros ela sente uma enorme dor de cabeça, como se seu cérebro estivesse prestes a explodir, ela não sabe como veio parar ali, tudo que ela lembra é de diversos rostos a observando e uma seringa introduzindo um líquido frio em sua veia. Sem aguentar mais ela fecha os olhos, voltando a pegar no sono.
Minutos depois ela acorda, desta vez deitada sobre o chão de uma cabana abandonada, a menina sente vários galhos e folhas secas debaixo dela mas ela não se move, fingindo que ainda está desacordada, as janelas do local estão protegidas com madeiras velhas postas de mal jeito, o casal de estranhos se encontram conversando perto das janelas, a mulher se aproxima de Murphy preocupada.
- Ei, garotinha, você está bem? - Antes que ela possa tocar Murphy, a garota expele as pequenas garras de metal de sua mão a acertando no braço, aquilo faz com que a mulher se afaste.
- Ei, não faça isso, porra! - manifesta o homem sacando uma arma na direção de Murphy. Ele também era alto e robusto, seu rosto velho e cabelos castanhos escuros, sua barba dava a entender que fazia um bom tempo que ele não a fazia. A mulher se levanta ficando entre os dois.
- Se acalme. Está tudo bem. - ela o puxa novamente para perto da janela. Sussurrando algo para ele e voltando a olhar novamente para a garota.
Murphy se mantém imóvel sentada no chão, não tirando os olhos nem por uns segundos deles.
- Está bem. - diz a mulher se aproximando novamente de Murphy, mas desta vez erguendo as mãos para que a garota não se assuste, assim tirando uma fruta amarela de dentro de sua mochila. - Você está com fome? - ela pergunta.
A garota em silêncio ergue a mão pegando cuidadosamente o alimento da mulher. Ela nunca havia visto este tipo de fruta antes, Murphy se lembra apenas de comer uma comida branca e grudenta com um forte cheiro estranho, cujo ela sempre chamava de "ração'', ela não sabe como se lembra disso, mas de qualquer forma está ali, armazenado em sua memória. A menina fica olhando a fruta sem saber como abrir.
- Deixe-me te ajudar. - diz a mulher pegando a fruta da mão de Murphy a abrindo, depositando novamente a mão da menina. - Isso é uma banana. Você nunca tinha visto uma antes?
A garota morde a fruta em silêncio.
- Você entende o que digo? - ela pergunta mais uma vez.
- Pelo amor de deus, Carol. - diz o homem ainda parado perto da janela.
- Silêncio, Keane. Você sabe de onde ela veio. - exclama Carol. - Talvez todo esse tempo lá embaixo fizeram eles desenvolverem uma linguagem própria. Então se você não vai ajudar, não atrapalhe. Ela volta atenção novamente a garota. - Está gostoso?
- Sim. - Uma fina e delicada voz quebra o silêncio que a garota havia estabelecido para si mesma, Murphy finalmente cria coragem para se comunicar, sendo assim a primeira palavra dela depois de ter acordado. Carol fica espantada deixando escapar um pequeno riso de seus lábios, aproveitando o momento.
- Qual é o seu nome? - ela pergunta.
- Murphy. - a menina responde deixando de lado o resto da fruta.
- Bom, Murphy, temos que trocar sua roupa, não podemos andar por aí com você vestindo roupas do bunker. Você entende que há sobreviventes que fariam de tudo para te matar? Os habitantes do bunker não podem andar na merda, mas você é só uma criança. Entende?
- Sim. - ela balança a cabeça em aceitação. Mesmo acabando de conhecer a mulher, Murphy sente que pode confiar nela, há algo no sorriso dela que a conforta, como se ela a conhecesse a anos. Com a palavra de Murphy, Keane se desloca para outro cômodo, deixando a garota mais confortável para se trocar.
- Cinco minutos e saímos. - ele diz.
- Está bem, capitão. - Carol brinca em ironia, aquilo faz Murphy soltar uma pequena gargalhada, sentindo um leve conforto a menina agarra uma mecha cacheada do cabelo de Carol, os olhos castanhos claros da mulher se perde em um enorme sorriso, fazendo com que aquela imagem ficasse para sempre nas memórias de Murphy, sendo assim a primeira vez que ela viu sua mãe sorrir."
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A lei de Murphy - O labirinto do arquiteto
Ciencia FicciónEm um mundo devastado pela melancolia, onde o suspiro e o pensamento humano tornaram-se frios e a vagante carcaça se camufla em meio a neve, escutamos os gritos melódicos das almas sobre o olhar possessivo da lua, a sobrevivência se tornou um dos pr...