Capítulo Três - Agora

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Coleciono olhares de todos enquanto passo pelos corredores da minha empresa, o único som que posso escutar é o de meus próprios sapatos batendo no piso de mármore

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Coleciono olhares de todos enquanto passo pelos corredores da minha empresa, o único som que posso escutar é o de meus próprios sapatos batendo no piso de mármore. Essa semana está sendo infernal para mim e, aparentemente, todos sabem disso. Nem um mísero funcionário ousa falar comigo, talvez o meu meu humor tenha afetado a minha competência como CEO, mas essa é a última coisa que ocupa minha mente no momento.

— Sra. Claire — Paro em frente ao balcão de minha secretária. A única pessoa que não posso ser rude no momento, Sra. Claire é uma idosa amorosa que recusa-se a se aposentar, não que eu almeje que ela o faça. — Por favor, não permita que ninguém entre na minha sala hoje. Por motivo algum.

Ela acena com a cabeça.

Não posso fazer mais nada além de sentar-me em minha mesa e ignorar o meu trabalho. A lembrança de que eu possivelmente encontrei a mulher da minha vida e deixei-a ir vem me atormentando mais do que qualquer coisa. Meu olhar está compenetrado no par de pequenos brincos prata e um post-it com letras ilegíveis e um número incompleto, a única coisa que ela me deixou, como uma maldita princesa.

Apenas se eu conseguisse desvendar o que está escrito... Pergunto a mim mesmo se ela não deixou o número incompleto de forma proposital, como um recado para não procurá-la.

Minha concentração apenas se quebra quando ouço o forte estampido da minha porta. Dylan adentra na sala com uma expressão furiosa. Antes que eu tenha tempo de abrir a boca para argumentar, ele fala, seu tom de voz tão irritado quanto seu rosto.

— Eu não preciso de uma maldita permissão para entrar nessa sala, Grey.

Ele realmente não o faz.

— Até quando vai se ilhar aqui? Já se passaram três dias.

Não respondo, meu primo está tão chateado comigo quanto poderia estar. Aquele pequeno diabo mexeu com a minha cabeça, e agora não consigo botar minha vida nos eixos novamente. Talvez eu não tenha sido o CEO Blackstone que todos esperavam que eu fosse, pelo menos não por essa semana.

— Precisa sossegar, cara, esquecer isso. Esquecer ela.

Permaneço em silêncio, não consigo achar palavras para explicá-lo o porque de aquela não ter sido apenas uma noite para mim, porque não foi.

Ele respira fundo, derrotado.

— Tudo bem. Mas não esqueça do nosso jantar. Quero apresentá-lo para ela.

Meu olhar franzido diz-lhe que já o esqueci.

— O jantar para te apresentar Alice, Grey. Minha namorada.

Aceno concordando.

— Tudo bem. Estou feliz por você.

Apenas noto que meu sócio saiu da minha sala quando ouço a porta batendo. Ótimo, não tenho sido um bom amigo, primo e chefe, tudo por causa dela.

Esfrego minhas mãos em meu rosto, há dias que não consigo dormir direito. O relógio moderno preso à parede de gesso escuro do meu escritório me diz que são duas da tarde, ótimo. Aproximo-me da gigante parede de vidro que me dá uma vista incrível da cidade: Carros passando uns pelos outros apressados, mulheres passeando com cachorros e crianças, brincando em um pequeno parque.

Às vezes, desejo ter uma vida normal como todas essas pessoas, sem me preocupar em demitir pessoas ou pegar a casa do meu primo emprestada para casos de uma noite para não mostrar o quanto de dinheiro eu tenho.

Meu riso resignado toma conta de toda a minha sala, se eu soubesse, apenas se eu soubesse...

O forte cheiro de bebida barata logo alcança as minhas narinas, esse odor tem se tornado confortante nos últimos dias, é um indicativo de que tenho alguma chance de reencontrá-la

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O forte cheiro de bebida barata logo alcança as minhas narinas, esse odor tem se tornado confortante nos últimos dias, é um indicativo de que tenho alguma chance de reencontrá-la. Sinto-me um maldito stalker quando entro no bar e sento-me exatamente no mesmo banco que a última vez. Talvez essa seja minha última tentativa de revê-la, eu preciso voltar ao normal.

Consigo reconhecer o barman das últimas vezes.

— Mais uma vez aqui, Sr. Blackstone?

Sorrio para o único cara a quem tive coragem de confidenciar tudo.

— A esperança é a última que morre, certo?

Ele se vira para alcançar minha bebida de sempre enquanto mantenho-me alerta, esperando-a.

— O mesmo de sempre?

— Por favor.

Sei que o rapaz continua conversando comigo, consigo ouvir resquícios de sua voz, mas a única coisa em que consigo prestar atenção é na pequena cabeça loira que lentamente se afasta de mim, sinto meu estômago revirar e uma centelha de esperança se acende antes da minha pele arrepiar. É ela, ela está aqui. Quase derrubo o banco em que estou sentado quando me levanto com pressa, tentando alcançá-la.

— Olivia!

A loira não se vira.

Ouço resmungos frustrados e sei que esbarrei em alguém, não consigo me importar menos, não quando estou prestes a reencontrá-la. Quase tomando o ritmo de uma pequena corrida, finalmente consigo alcançá-la.

— Olivia, eu...

A mulher loira me encara com as sobrancelhas franzidas, os piercings decorando o seu rosto me mostram o óbvio. Um suspiro derrotado sai da minha garganta.

— Me desculpe, achei que era outra pessoa.

Viro-me e saio do bar, uma frustração toma conta de todo o meu corpo. Eu preciso esquecê-la, apenas não sei como fazer isso.

Convince MeOnde histórias criam vida. Descubra agora