Capítulo 3

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A primeira ressaca como adulto não caiu muito bem para Ray. Sua cabeça estava latejando e seu estômago estava embrulhado avisando que comer qualquer coisa naquele dia seria uma luta. Por volta das nove da manhã os quatro convidados de Ray foram embora e o garoto aproveitou para ir comprar o presente de aniversário dos amigos, já que eles combinaram cada um dar uma quantia para que Ray pudesse comprar um celular para poder seguir sua carreira de fotógrafo (sim, um celular bom ajuda).

O caminho até a loja de celulares não era longe e mais uma vez na sua vida estava agradecendo por morar em um bairro bastante comercializado. Quando entrou na loja acabou esbarrando em alguém e quase caiu em cima de um balcão com celulares, mas foi salvo por um garoto aparentemente da idade de Ray. O garoto tinha o cabelo cor de caramelo e isso encantou o moreno, que odiava o tom preto de seus próprios fios, a luz do sol batia diretamente nos cachinhos do garoto que agora sorria para Ray, que se apaixonou naquela mesma hora.

A compra do celular foi rápida e a ajuda de Liam, o garoto dos cachos dourados, ajudou Ray escolher um bom celular. Os dois saíram da loja juntos, acabando em um café e em seguida em uma sorveteria. Ray acabou descobrindo que Liam é dois anos mais velho que ele e que faz faculdade de direito na mesma universidade que Ray fez seletiva para fotografia e agora espera o resultado. Liam o prometeu que cuidaria dele e o mostraria cada canto do lugar, em resumo, pode-se dizer que a cada minuto que se passava, mais encantado o garoto de um metro e sessenta e sete centímetros ficava.

Assim que terminaram o sorvete, Ray foi para casa sorridente e bobo. Assim que chegou em casa notou que tinha algo de diferente em sua jaqueta. De algum jeito, um cartão de crédito havia ido parar em eu bolso. No cartão estava o nome Aidan F London. Aidan... London... O nome lhe parecia familiar então foi pesquisar para saber se era alguém famoso e acabou se deparando com o filho do CEO da empresa que destruiu a família de Ray. Nos momentos seguintes a pesquisa feita sobre o dono do cartão, Ray pensou seriamente no que fazer com aquilo, quebrar e se vingar minimamente da família London, usar o cartão para chantagear o tal de Aidan, ou apenas deixar na loja de celulares onde esbarrara no garoto alto e loiro.

Acabou optando a última opção, não demorando para sair de casa novamente e refazer o caminho de volta para a loja em que esteve mais cedo. Dessa vez, levou sua câmera fotográfica junto, havia gostado da paisagem e queria começar logo a fazer um portfólio com sua nova câmera. Quando pisou na loja, notou que devia ter chegado mais cedo. Um garoto alto, loiro e desesperado estava gritando com uma das atendentes que parecia totalmente perdida.

— Eu usei ele só aqui! Tem que estar aqui! – O menino se virou para Ray e depositou o olhar frio nele enquanto procurava o cartão.

— Desculpa. A gente se esbarrou mais cedo, você deve ter colocado no meu bolso sem querer. – Ray estende o pedaço de plástico para o loiro descabelado e sorri fraco.

— Ah sim. Obrigado... – Aidan pegou o cartão e o guardou na carteira, se certificando que não o perderia de novo. – Desculpa pela confusão. – Ele se virou para a atendente com cara de quem estava envergonhado e saiu da loja. Ray foi atrás dele, afinal, escolheu deixar o cartão na loja, mas havia acabado de encontrar um London na rua e não podia deixar a chance passar.

— Você fez uma bagunça lá dentro. Faz sentido estar tão vermelho assim.

— Você está falando comigo? – Aidan se vira para o moreno parecendo um pouco confuso.

— Que eu saiba só você que estava gritando na loja agora há pouco.

— Espera, a gente se conhece? – Agora Ray já alcançou Aidan e olha para cima, um pouco frustrado com a altura do loiro.

— Não. Nunca te vi na minha vida. – O moreno desvia o olhar e começa a andar na frente de Aidan. – Mas hoje de manhã você esbarrou em mim e eu achei seu sobrenome familiar. E adivinha? Seu pai destruiu a minha família, então tenho problemas com sua família.

— Ei, espera aí. – Aidan volta a andar, ficando ao lado de Ray em poucos passos. – Eu não posso me desculpar em nome do meu pai, mas você não pode me tratar assim por causa do que um velho estúpido fez. – Ray percebe um descontento grande na voz do London caçula ao ser colocado na mesma área que seu pai. – Além de que você parece ser bem mais novo que eu, então precisa ser mais respeitoso!

— Me desculpa, London, não posso respeitar nada nem ninguém com esse nome. – Ray aperta o passo para andar mais a frente, mas as pernas longas de Aidan conseguem o acompanhar facilmente.

— Espera, espera, espera.

— Cara, você só sabe falar espera?

— Por que eu não mereço respeito pelas merdas que meu pai faz?

— Ah por favor, todo mundo sabe que você é o queridinho do papai e vai herdar aquele lixo de empresa assassina dele e estragar a vida de mais uma caralhada de gente, London.

Aidan para de andar e Ray logo percebe e faz o mesmo, olhando para trás. O loiro estava estático, sem nenhuma reação, como sempre aprendeu. Por fim deu um sorriso falso e deu as costas para Ray. O moreno não entendeu, mas estava satisfeito o suficiente para deixar o mimadinho engomado ir embora. Aproveitou o resto da tarde para fotografar paisagem do bairro, pegando a natureza, as construções, as pessoas, tudo que ele conseguisse.

Ao contrário de Ray, London foi para seu carro e começou a dirigir. Aidan queria comprar uma passagem de avião e ir até Gab. É Gab quem sabe o que fazer sempre eu as coisas ficam assim. Mas ao invés de ir para o aeroporto, o carro caro acaba indo para a casa dos pais de Aidan, ele não queria estar ali, mas desde aquela festa de aniversário estúpida, tudo havia mudado.

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