Capítulo 4

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A primeira pessoa para quem ligou ao sair da loja de celular foi Gabriel, seu melhor amigo. Além de tentar empurrar Brianna para cima dele, seu pai ainda usou aquilo como uma desgraça de aliança política. O problema da candidatura do pai de Ainda era o simples fato de que ele é extremamente manipulador, doentio e idiota. Qualquer um que conheça minimamente Arthur London sabem que ele irá ganhar as eleições usando da arma mais limpa a mais suja que ele tiver.

Gab havia ficado preocupado com Aidan ao ver a notícia, afinal, desde que os pais de Aidan foram processados por deixarem os filhos de oito e dois anos sozinhos, a vida de toda a família virou um inferno completo. A de oito anos era a irmã de Aidan, Alice London, que foi deixada sozinha cuidado de seu irmão de dois anos por alguns dias. A vizinha da família processou a família London, mas com dinheiro e poder, os progenitores conseguiram encobrir o caso. Para encobrirem melhor o caso foi feito um acordo com a justiça: ambos os filhos do casal deveriam receber cuidados de um responsável até completarem a maioridade e eram obrigados por lei a receber um apoio financeiro até seus vinte e cinco anos, ou seja, eles estavam obrigados a ficar dependentes financeiramente dos pais até que completassem vinte e cinco anos.

Alice London havia se livrado daquela dependência há três anos, mas continuava preocupada com o irmão. Ficava aliviada pelo garoto ter um amigo, o problema era que esse amigo era seu namorado. No ano seguinte que Alice completou vinte e cinco anos, ela e Gab receberam a notícia de que haviam passado na faculdade de seus sonhos, mas que ficava a um oceano de distância de casa. Aidan os obrigou a seguir com a faculdade e os garantiu que ficaria bem com seus pais, ele só não esperava que seu pai viraria uma figura pública tão importante e notável.

Gab estava com Alice quando Aidan ligou para avisar que estava bem, o que obviamente era uma mentira pois tinha acabado de sair de uma crise de pânico, mas preferiu não atrapalhar o amigo e muito menos fazer a irmã vir para perto dos pais. Ignorou completamente as ligações perdidas de seus pais e de sua ex, que provavelmente iria o xingar por terminar com ela antes de Arthur London virar prefeito.

Estava comprando um café quando notou que havia perdido seu cartão de crédito. Botou o café na conta e o bebeu em dois goles, correndo para a loja de celular logo em seguida. Procurou por todos os lados até aparecer um garoto, que na cabeça de Aidan tinha meio metro, os cabelos pretos e uma pele um tanto bronzeada perto do resto da população totalmente branca daquela cidade. Reconheceu os olhos castanhos da pessoa que esbarrara mais cedo, devia ter errado o bolso quando esbarrou no garoto. Se sentiu totalmente burro e pegou o cartão, sentindo seu rosto queimar de vergonha.

Quando deixou a loja, se surpreendeu em ser seguido pelo meio metro de garoto, mas logo entendeu o porquê de ele estar o seguindo. Queria concordar com o que o moreno dizia, mas o maldito contrato que ele assinou com dois anos também o obrigava a manter uma boa imagem com sua família, isso significa fingir ser um filhinho de papai mimado e metido. Estava conseguindo manter o máximo de postura exigida pela família London, mas foi pego de surpresa pelo menino ao falar aquilo de si, tinha esquecido completamente que era o herdeiro de toda aquela vida que ele abominava.

Tudo que Aidan conseguiu fazer foi improvisar uma cena bem política que aprendeu com cinco anos, esvaziar a cabeça, sorrir mesmo sem saber por que, e apenas sair andando. Foi até seu carro e dirigiu até a casa de seus pais. Apesar de ter seu próprio apartamento, sabia que precisava conversar com seus pais sobre a campanha que seu pai iria enfiar ele. A conversa foi breve como todas as outras que eles já tiveram. Aidan apenas ficou calado e ouviu as exigências do pai e da mãe, como o fato de que ele deveria comparecer mais vezes aos eventos da família London e não apenas uma vez ao ano, ou a exigência da mãe que se consiste em casar e ter um filho.

Quando estava no portão da casa, esperando os funcionários o abrirem para seguir seu caminho, alguém veio de encontro ao seu carro e entrou do lado do passageiro.

— Mas o quê...? ah, Lia. O que você está fazendo aqui? – Lia era sua ex. Haviam terminado há uns três meses, mas a garota não aceitou muito bem o término. Exigiu que eles falassem que foi ela quem terminou com ela e não ao contrário, além de perseguir Aidan desde que eles terminaram.

— Aidanzinho, – começou ela com uma voz fina que irritava qualquer ser que tivesse a capacidade de ouvir – eu acho que você se precipitou quando terminou comigo. Pense bem, quem vai estar ao seu lado quando seu pai assumir.

— Eu estou muito bem sem você. – Aidan disse e chamou um dos guardas para tirarem a garota de seu carro. – E para a sua informação, eu já tenho alguém.

Depois de falar aquilo não foi preciso muito esforço para tirar Lia de seu carro, os guardas apenas tiveram que aturar a garota dando um de seus chiliques de quando não consegue o que quer. Aidan, porém tinha acabado de arrumar mais um peso enorme para suas costas, precisava arranjar alguém para fingir ser sua namorada pelo menos até o fim da campanha de seu pai, maldito pavio curto, maldita Lia que o diminui mais ainda, maldita vida.

Dessa vez dirigiu até o parque ao lado de seu prédio e ficou ali alguns minutos, aproveitando o máximo de ar puro que a cidade podia oferecer. Seu sonho na verdade era ir morar no campo, trabalhando com alguma coisa que ele realmente goste e poder respirar ar puro de verdade. Mas isso é totalmente impossível, visto que talvez morra com um aneurisma antes dos vinte e cinco anos de idade. Ou talvez de ataque cardíaco provocado por algum veneno que Lia colocaria em sua comida. Ok, agora está decidido que ele não come nada eu possa ter passado perto de Lia, ainda quer viver até os vinte e cinco anos.

Quando o ar começou a esfriar, o garoto de cabelos quase brancos, subiu para casa e tomou um banho quente. Ele havia ligado o aquecedor antes de ir tomar banho então não sentiu necessidade de vestir roupa assim que saiu do banheiro e isso resultou em um Aidan de toalha presa na cintura jogado na cama mexendo em seu celular. Seu Instagram parecia aumentar seu tédio e estava prestes a fechar o aplicativo quando Gab mandou uma mensagem na sua dm dizendo "essa foto é aí, não é?". Não foi precisa muita análise para Aidan reconhecer o local, era um de seus esconderijos para quando precisava fugir de seus pais. A publicação era uma foto que captava toda a energia do local, as luzes, as sombras, as crianças brincando, os carros passando. Era a foto perfeita. Não foi preciso que ele visse as outras fotos para começar a seguir a conta que havia postado, mas isso também não o impediu de ver todas as outras fotos. Cinco minutos e era oficial: ele estava completamente apaixonado por quem tirara aquelas fotos.

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