Capítulo 9

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Cinco... quatro... três... dois... um! Feliz Ano Novo!

O champanhe voava de vários copos devido a embriaguez de quem estava na festa, beijos de meia-noite são trocados, solteiros beijando outros solteiros desconhecidos e no canto da festa estava Aidan que observava tudo isso com um sorriso fraco no rosto.

— Você vai ficar aí o resto da noite? – Uma voz familiar o fez desviar o olhar da multidão.

— Só se uma garotinha irritante e tagarela não vier me obrigar a sair daqui. – Ele respondeu desencostando da pilastra e levando a mão sem a taça de espumante até o rosto da garota.

— Idiota. Vamos, sua irmã está esperando a gente.

— Espera, e o meu beijo de meia-noite? – Aidan a puxou para perto e se curvou, dando um selinho na garota.

— Pronto, ganhou seu beijo, agora vamos.

Alice estava na porta do grande salão falando com alguém ao telefone. Desligou assim que avistou o irmão e a cunhada e sorriu largo indo até ele para o abraçar e gritar um "feliz ano novo" em seu ouvido. Os três foram até o carro que os esperava ao final da escadaria na entrada do prédio.

— O Gab te mandou um feliz ano novo. – Alice disse baixo para Aidan antes dele entrar no carro.

— Se ele não tivesse sido um cuzão, o ano novo com certeza estaria melhor.


Vancouver, Canadá

— Pai! Me devolve isso!

— Qual a palavrinha mágica?

— Meu deus, o garoto tem vinte anos! – A mulher há poucos passos dali disse não aguentando mais a briga besta dos dois.

— Eu não ligo... Raymond, qual a palavrinha mágica?

— Por favor, papai. – O moreno mais novo diz com um tom de quem preferia comer uma pimenta inteira a falar aquelas palavras.

O pai do garoto sorriu satisfeito e entregou o prato com rabanadas para o filho, o fazendo sorrir grande. Ray sempre amou rabanadas, ele esperava ansiosamente a época de Natal para comer suas preciosas rabanadas. Agora ele devia estar almoçando, mas acabou acordando tarde para aguentar a virada de ano novo e usou isso como desculpa para poder comer suas rabanadas no horário do almoço.

Eram quase duas da tarde quando Emily bateu na porta da casa junto de Diana e Gui. Eles iriam passar a virada de ano em uma festa da namorada de Gui e seria a primeira vez que eles iriam conhecer a namorada do garoto, o que deixou todos muito animados. Além também de que Alex estaria voltando naquela tarde então seria a primeira vez em dois anos que eles finalmente iriam se encontrar com o grupo completo.

— Tá pronto, pigmeu? – Diana perguntou pulando ansiosa.

— Pigmeu o seu... – E fez um gesto bastante ofensivo.

— Corre que o anão tá bravo. – Dessa vez foi Gui quem provocou e resultou em uma porta fechada na cara dos três.

Ok que não durou mais de cinco minutos, mas foi o suficiente para os amigos pararem temporariamente com as brincadeiras.

Era Emily quem estava no volante. De todos ali ela era a melhor motorista, superando Gui, e agora era a motorista oficial dos rolês. Em meia hora eles já estavam no aeroporto indo para a área de desembarque com seus cartazes feitos para fazerem Alex passar vergonha. Para a alegria deles, o voo chegou na hora certa e eles concluíram a missão com sucesso. Talvez sucesso demais, já que Alex fingiu não conhecer eles e tentou fugir da barulheira deles.

Obviamente isso não funcionou e logo estavam todos os cinco no carro indo em direção a casa de Alex. Assim que chegaram, a mãe e irmão caçula de Alex haviam preparado um almoço e obrigaram todos a comer. Alex e Ray saíram no sorteio para irem lavar a louça, o que resultou nos dois mais teimosos falando o quão injusto aquilo era.

Os dois acabaram sozinhos na cozinha já que sua mãe tinha que sair para resolver umas coisas e levou o "mini Alex" com ela e seus amigos foram bisbilhotar o quarto do amigo. Ray estava lavando o terceiro prato quando Alex chegou por trás dele para fechar a janela e acabou abraçando Ray.

— Estava com saudade dos seus abraços. – A voz de Ray não era alta, mas estava audível para o garoto que o abraçava. Ray terminou de enxaguar o prato de sua mão, o colocando no escorredor e virou de frente para Alex, que sorriu e encarou Ray. O mais alto desceu os braços para até as coxas do pequeno e o puxou para seu colo, o obrigando abraçar o pescoço de Alex para não cair.

— Eu estava com muita saudade. – A frase dessa vez saiu com um pesar maior e fez a boca de Alex ser atraída involuntariamente até a de Ray.

Para falar a verdade, Alex sempre se sentiu assim, Ray sempre o atraia com aquele jeitinho dele. Foi por causa do garoto que Alex beijou outros garotos e pesquisou sobre sexualidades, queria saber se era um sentimento particular com Ray ou se realmente gostava de garotos. No final ele descobriu que ambos eram reais e a cada dia que se passava ficava mais insuportável para Alex guardar isso para si.

Também foi por causa de Ray que Alex passou na faculdade que queria. Seus poemas sobre o garoto conquistaram um professor influente na faculdade e entrou em contato com Alex para incentivar o garoto a fazer letras lá. Ray era o motivo da felicidade de Alex mesmo que indiretamente e desde que beijou o garoto naquele aniversário de dezoito dele, seu mundo ficou muito mais colorido. Óbvio que quando ele chegou namorando um padrãozinho rico Alex se sentiu mal, mas já planejava deixar o país então não se importou tanto pois Ray não ficaria sozinho.

Alex foi arrancado de seus pensamentos quando Gui deu um grito na porta da cozinha. O beijo também se desfez e agora Ray voltara para o chão, fingindo que nada aconteceu. O problema era: enquanto se perdia em pensamentos o beijo ficou muito intenso e agora seus cabelos estavam bagunçados, o pescoço de Alex marcado e Ray estava extremamente vermelho.

Após o grito, não demorou para que Diana e Emily também estivessem ali observando os dois. Emily se aproximou de Alex e fez uma cara chocada, em seguida dando um tapa em Ray.

— Ray! Você tentou comer o Alex vivo?

Diana soltou uma risada alta, Alex levou a mão até o pescoço e Gui tampou a boca aberta pelo choque. Emily ainda estava com a expressão de choque e Ray ignorava que os amigos que estavam ali e voltou a lavar a louça.

— Estão vendo? A gente não pode distrair por um minuto! – Emily balançou negativamente a cabeça e soltou uma risada. – Vamos, coelhinhos. A gente precisa se arrumar para a festa de ano novo.

Mesmo com muita insistência, Ray e Alex conseguiram se arrumar sem falar sobre o acontecimento de mais cedo e após algumas horas o assunto já havia mudado de foco e agora eles atormentavam Gui e sua namorada que ele jurou de pé junto que não era nada além de uma amiga dois anos atrás (obs.: Gui deve 50 reais para Diana).

Assim Como o Vento...Onde histórias criam vida. Descubra agora