hábitos

219 30 24
                                    

Eu não aguento mais, não sai nada, absolutamente nada. Tenho que entregar essa merda desse livro até o final do mês e não consigo pensar em nada com esse bloqueio criativo.

Me encosto na cadeira e disco um número de um fornecedor meu. Não me orgulho nenhum pouco disso, porém é a única coisa que me permite ter criatividade em momentos assim. Essa porcaria de droga, estou me sentindo como meu pai a uns anos atrás.

- Jones? Que horas são? - Perguntou sonolento.

- Oi, desculpa te acordar mas estou precisando urgentemente de uma dose.

- Cara são... TRÊS HORAS DA MANHÃ? Sério, você precisa ter um bom motivo e me pagar bem pra me acordar uma hora dessas.

- Ok, te pago certinho mas por favor vem logo.

- Aqui - Respondeu ele na porta me entregando o pacote.

- Valeu, aqui - Disse entregando o dinheiro.

- Boa noite.

- Igualmente.

Fechei a porta e fui para a minha mesa, fiquei encarando a droga por uns instantes pensando sobre o que me tornei, por que me torturar tanto? Quer saber? Dane-se, vou de uma vez para não me arrepender. Ingetei a agulha e esperei até que começasse fazer efeito. Minutos depois minha visão já estava começando a ficar borrada, me arrumei na cadeira e comecei a escrever algumas coisas, até que começo a lembrar de coisas do passado, como o que aconteceu entre mim e Betty. Será que ela está acordada?

Peguei meu telefone é fui para a lista de contatos e lá vi o dela, sem pensar muito cliquei no chamar.

- Jughead? - Sua voz doce soou do outro lado da linha.

- Oi, e aí? Te acordei?

- Não, estava vendo arquivos de casos, tá tudo bem? Parece meio... Não sei.

- Uau, eu também acho.

Escutei uma leve risada que foi cortada rapidamente.

- Por que me ligou? Ainda mais a essa hora.

- Ah sei lá, estava pensando em você e te liguei, queria saber se topa vir aqui.

- Agora? Do nada?

- Afff, quantas perguntas, é tão difícil responder um sim ou não?

- Você tá bem mesmo?

- Mais uma pergunta. Ok, acho que vou ter que me virar aqui, boa noi... - Ia terminar de dizer porém ela me interrompeu.

- Me passa seu endereço.

- Claro, rua...

Assim que terminei de dizer meu endereço a ela a mesma desligou rapidamente.

Me sentei no sofá e tirei a camisa, passando a mesma no rosto para limpar o suor, minutos depois escuto batidas frenéticas na porta e ando cambaleando até ela, errei o buraco da chave umas três vezes e então consegui abrir. Do lado de fora estava ela, a loira que namorou comigo no ensino médio.

- E aí? Entra, quer uma água? - Falei indo até a cozinha ainda bambo

- Jughead... - Ela disse entrando. Parecia que queria dizer mais alguma coisa, porém não completou a frase.

- Sim?

- Você bebeu?

- Ah, Betty, Betty, Betty, se você soubesse o que eu usei... - Falei enquanto enchia um copo com água.

- Você se drogou?!

- O que posso dizer? Essa é a única coisa que me faz ter um pouco de criatividade pra escrever desde que me deixou.

Sua face ganhou a total expressão de tristeza após eu dizer isso.

- Mas olha eu tô ótimo, uma droga não pode me fazer tão mal, aliás, eu me sinto melhor do que nunca. Se quiser podemos fazer várias coisas, não sei, relembrar os velhos tempos em uma madrugada inesperada.

- Não vou tranzar com você nesse estado Fosythe - Disse com a voz firme.

- Nossa, desculpa se te deixei brava, mas olha, eu não estar drogado e estar é a mesma coisa, não faz diferença nenhuma se esse for o problema.

- Você tá se escutando? Meu Deus, parece que eu nem conheço mais você.

- Se passaram sete anos meu amor, nesse tempo as pessoas podem mudar drasticamente e... - Eu ia terminar de falar porém sinto um mal estar e tropeço no nada quando tento andar até o sofá.

Ela veio até mim e pegou minha mão.

- Vem... - Ela disse apoiando meu braço em seu ombro e me levando para o quarto.

- Mudou de idéia? - Digo com um sorriso debochado.

- Não.

Ela me deixa na cama e então eu deito.

- Mas também não vou te deixar sozinho nessa situação, apesar de não estarmos juntos ainda é meu amigo.

- Amigo... - Sussurro mas ela parece ter escutado - Deita aqui então, já que vai passar a noite de olho em mim não vou te deixar dormir no chão.

Ela me olha com receio.

- Só por eu ter mudado um pouco o meu jeito não significa que eu não vou te respeitar.

Ela parece se sentir segura e então se deita do outro lado da cama de costas para mim, eu me viro para a mesma e sinto como se tivesse voltado para o ensino médio.

- Eu... E-eu posso te abraçar? - Pergunto com medo de sua resposta.

Sua respiração acelera um pouco.

- Pode - ela sussurrou.

Levo meu braço ao redor de seu corpo um pouco inseguro de mais. Ela se acalma e se permite relaxar, assim como eu. Não ficava perto dela assim a tanto tempo que nem me lembrava de como era a sensação, e bem... Tinha me esquecido do quão boa era.

- Nem com essa merda eu consigo te tirar da minha cabeça. Nem chapado eu consigo te esquecer, e essa é uma coisa que me preocupa muito - Sussurro sem me preocupar se ela está acordada ou não.

Amanhã será um novo dia e vou ter que lidar com as consequências.




______________________________________

A tão esperada fic do Jug drogado, tadinho.

O tanto q eu chorei escrevendo não tá escrito.

Não esqueçam da estrelinha

One shots - BugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora