Caso Araceli

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O sequestro de uma criança, no dia 18 de maio de 1973, é a mais alta e cruel prova de como a  brasileira de 1964 impactou pessoas inocentes

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O sequestro de uma criança, no dia 18 de maio de 1973, é a mais alta e cruel prova de como a brasileira de 1964 impactou pessoas inocentes. O contribuiu para queimar os arquivos de um crime, que aniquilou a vida de uma garotinha, chamada Araceli, brutalmente assassinada quando tinha apenas 8 anos de idade.

O ocorreu no estado do Espírito Santo, numa sexta-feira comum para a família de Araceli. Como sempre, ela saiu de casa, no bairro de Fátima, na Serra, e foi estudar na Escola São Pedro, na Praia do Suá, em Vitória.

Após as aulas acabarem, em seu caminho de volta para a casa, Araceli retornaria, como de costume, mais cedo. Isso pois sua mãe, Lola Cabrera Crespo, solicitou à escola que assim fosse, por conta do horário do ônibus que a menina pegava todos os dias.

Mais tarde, ele contou à polícia que, na época, percebeu que a garotinha não tinha entrado no ônibus. Em vez disso, a menina estava brincando com um gato no bar. Depois daquilo, ela jamais foi vista novamente. 46 anos depois, os culpados pelo crime ainda não foram condenados. 

Um cadáver-

Quando anoiteceu, no mesmo dia, o pai de Araceli, Gabriel Sanchez Crespo, iniciou as buscas pela filha. O corpo dela só foi encontrado no dia 24 de maio, totalmente desfigurado, em uma mata nos fundos do Hospital Infantil, em Vitória. Exames de autópsia confirmaram que, de fato, o cadáver era da criança desaparecida.

O responsável por encontrar o corpo foi o policial Ronaldo Monjardim, junto com o seu pai

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O responsável por encontrar o corpo foi o policial Ronaldo Monjardim, junto com o seu pai. As investigações sobre o cadáver da menina foram atrapalhadas, pois grande parte das testemunhas estavam sendo ameaçadas. Ninguém queria conversar sobre o assunto.

Possíveis criminosos-

São muitas as versões do crime que foram analisadas pela Polícia. No entanto, há três principais suspeitos do assassinato de Araceli: Dante de Barros Michelini (o Dantinho), Dante de Brito Michelini (pai de Dantinho) e Paulo Constanteen Helal.

Dantinho era um latifundiário que gozava de enorme influência junto ao governo militar. A versão da morte da menina que envolve ele afirma que Araceli foi raptada por Paulo Helal, no bar, logo após ela deixar o colégio.

No mesmo dia, a menina teria sido sequestrada e levada para o então Bar Franciscano, na Praia de Camburi, que pertencia a Dantinho. Lá, a criança foi estuprada e mantida em cárcere privado sob efeito de drogas.

 Lá, a criança foi estuprada e mantida em cárcere privado sob efeito de drogas

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Os entorpecentes foram ministrados pelo filho de Dantinho e por Paulo Helal, que teriam cometido a violência sexual contra a criança. Como a menina foi muito dopada, perdeu a consciência e entrou em coma.

Mas aí foi tarde demais: quando foi encaminhada ao hospital, já estava morta. Paulo Helal e Dantinho teriam então jogado o corpo de Araceli no matagal, que fica atrás do Hospital Infantil, em Vitória.

Investigação-

Segundo denúncia do promotor Wolmar Bermudes, revelada em entrevista ao programa Globo Repórter de 1977, Dantinho passou a usar a sua influência com oficiais da ditadura para não ser condenado pelo crime.

O homem tinha forte ligação com a polícia capixaba e a usou para dificultar o trabalho de investigação dos policiais. Durante o julgamento, Paulo Helal e Dantinho negaram conhecer Araceli ou qualquer outro membro da família Cabrera Crespo.

Em 1980, o juíz Hilton Silly definiu uma sentença para os acusados. Paulo Helal e Dantinho deveriam cumprir 18 anos de reclusão e o pagamento de uma multa de 18 mil cruzeiros. Dante Michelini (filho de Dantinho), por outro lado, foi condenado a 5 anos de encarceramento.

 Dante Michelini (filho de Dantinho), por outro lado, foi condenado a 5 anos de encarceramento

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Queima de arquivo-

Um tempo depois, os acusados recorreram e o crime voltou à fase de investigação. O Tribunal de Justiça do Espírito Santo anulou a sentença, e o processo passou para o juiz Paulo Copolilo.

 O novo juíz responsável pelo caso escreveu uma sentença de mais de 700 páginas que absolvia os acusados por falta de provas. O processo foi engavetado e até hoje permanece sem solução.

Segundo o relato do autor José Louzeiro, que escreveu o livro Araceli, Meu Amor, o caso sobre a morte da criança resultou em 14 óbitos - seja de possíveis testemunhas, até pessoas interessadas em desvendar o crime. Ele próprio, enquanto pesquisava sobre o homicídio em Vitória, durante a produção do livro, teria sido alvo de uma tentativa de queima de arquivo.

Sobre o caso Araceli também ocorreram denúncias de subornos a policiais e álibis forjados. Entre os mortos durante as investigações estão o jovem de 17 anos Fortunato Piccin; Jorge Michelini; o sargento e agente do serviço de inteligência da PM José Homero Dias; e o traficante José Paulo dos Santos, conhecido como "Paulinho Boca Negra".

O assassinato de Araceli fez com que o Congresso Nacional instituísse o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A memória da garotinha é lembrada todo dia 18 de maio.

Gente faltam 3 capítulos para acabar a história, e eu vou publicar esses 3 essa semana😊😊

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