DAVID
Não lembro como isso aconteceu, mas acabei de acordar em meio ao que me parece ser uma pequena clareira em uma floresta. Cai uma leve chuva, e um vento frio bate cortante como faca em meu rosto. Analisando melhor o local, avisto não tão distante uma casa e decido ir até a ela para tentar saber com os moradores dela aonde estou - se é que encontrarei moradores lá.
- Olá? Tem alguém em casa? Oi? Alguém?Ao ver a porta aberta, e por não ter tido resposta, decido entrar. Dentro a casa parecia organizada demais para não ter moradores, mas aberta demais para parecer que alguém morava ali dentro. Ao subir as escadas vejo o que parece ser um motor, de energia elétrica, contudo de estrutura mais semelhante a um motor de carro, que não estava completamente funcional. Por sorte, tenho meus conhecimentos em mecânica, e sei como reparar esse motor para ficar completamente funcional. Por alguma razão que não sei qual, começo a repará-lo. Enquanto reparava o gerador de energia, comecei a ouvir um cantarolado, como uma canção de ninar, só que meio macabra, bem ao longe. Aos poucos, o volume da canção começou a aumentar, bem como o que tive a impressão de serem alguns pedidos de socorro exasperados, fiquei um pouco aflito e nervoso, com o coração palpitando. Então, decido descer para o olhar o que estava acontecendo.
Ao pisar o primeiro degrau da escada, me deparo com uma mulher incrivelmente alta e forte, correndo atrás de um rapaz engomadinho e franzino. Mal tive tempo de processar aquela imagem e o rapaz já correu em minha direção e gritou por ajuda, fazendo a mulher me avistar e atirar uma machadinha em minha direção, que por pouco e graças ao meu rápido reflexo, não me atingiu na cara.
- Rápido, por aqui!. - falei o chamando para subir escadas comigoAo chegar no andar de cima, mandei ele se esconder em um armário vermelho estranho e sai correndo até pular da beira da varanda aberta. A mulher, que veio logo atrás de mim, aparentemente não sentiu, ou pelo menos sentiu bem menos, o que eu senti ao pular. Minhas pernas ficaram bambas e senti dores fortes nos cotovelos, fazendo com que ela se ganhasse vantagem na perseguição, ficando cada vez mais próxima a mim. Enquanto corria, meus sentidos me alertaram que ela iria jogar uma machadinha em mim, e com rápido reflexo olhei para trás, e vi ela lançando a machadinha e pude desviar, coisa que não aconteceu na arremessada seguinte, que me atingiu no ombro direito. Dei um grito de dor mas não tinha tempo para sentir a dor em paz, precisava continuar correndo pois ela ainda estava atrás de mim. Ao perceber ela erguer o grande machado para me atingir, pensei rápido e pulei pra frente com todo o fôlego que consegui reunir. Escapei por pouco da machadada. Apesar da dor, conseguir correr até o que parecia ser uma cabana. Sou grande, quase da altura dela e tão forte como ela, porém aparentemente mais hábil. Pulei a janela rápido com um só pulo enquanto ela teve que pular uma perna atrás da outra. Dando tempo para eu dar a volta na cabana e ver os esforços inúteis dela em me encontrar, mas confesso que usei toda minha energia para não gemer muito alto, pois a cada som microscópico, dava pra perceber que ela ouvia e procurava a origem do som.
Depois da saída da doida do Machado, resolvi voltar para ver como estava o engomadinho. Chegando perto casa, vejo ele saindo do armário e correndo em minha direção.
- Graças a Deus você está bem! Fiquei com medo de você ter sido pego por aquela monstra. - Disse ele um pouco exasperado demais.
- Calma cara, eu sei me virar. Não precisa se preocupar comigo. - Respondi com displicência para ver se ele se acalmava um pouco.
- O que foi isso em seu ombro? Você está sangrando! - Falou ele como se eu tivesse como se aquilo fosse a coisa mais incomum do mundo.
- Não foi nada, só uma machadada de raspão, bem superficial, não tá nem doendo.
- Precisamos dar um jeito nisso depois. Mas agora, vamos embora daqui. Acho que essa é a casa dela.
- Tem razão, melhor nos afastarmos porque aqui somos presas fáceis.Saímos correndo da grande casa florestal sem portas. Corremos por um bom tempo, até o engomadinho finalmente perder o fôlego. Paramos atrás de uma grande pedra, acho que aqui estamos um pouco mais seguros. Fiquei admirado pela energia que ele teve de correr por o que julgo ser uns vinte minutos sem interrupções, pra alguém sem estruturar muscular até que ele tem uma boa resistência. E isso é bom. Não sei por que, mas sinto que precisaremos de toda resistência possível para conseguirmos escapar daqui vivos.
DWIGHT
Não sei o que acho desse cara: um cavaleiro corajoso ou um louco inconsequente. Ele nem me conhece e arriscou a vida por mim? Se o machado tivesse ido alguns centímetros pro lado ele uma hora dessas estaria morto. Eu jamais me arriscaria assim por alguém que não conheço. Acho que nem por alguém que conheço. De qualquer forma, ele se arriscou por mim, e preciso agradecê-lo.
- Obrigado por ter se arriscado por mim, se não fosse você eu estaria morto agora. - Falei quebrando o silêncio constrangedor que se instaurou entre nós.
- Não precisa agradecer, faria por qualquer um. Não nego ajuda a quem precisa. - ele respondeu com uma displicência e uma tentativa de sorriso falha que quase me tranquilizou e me fez esquecer que estávamos há pouco em risco de morte.
- Deduzi isso. Você nem me conhece e foi capaz de se arriscar pra me proteger. Foi loucura!
- Sou maior que você, achei que aguentaria o tranco. E aguentei. Deu certo no fim das contas.
- É, deu. - Respondi olhando pro sangue que escorria no braço dele e me sentindo mal por ele estar daquele jeito por minha culpa.Contudo não pude deixar de reparar que o jeito dele falar é presunçoso, com um sorriso que a gente dá quando sabe uma coisa que o outro não sabe. Não sei se isso me irrita ou se me deixa desconfiado.
- Qual seu nome? Como você veio parar aqui? - Perguntei quebrando outro silêncio constrangedor.
- Me chamo David King. Acordei aqui desorientado, última coisa que me lembro é estar no bar bebendo com uns amigos, aí acordei aqui. E você?
- Sou Dwight. Dwight Fairfield. Também estava bebendo com um pessoal do trabalho, numa floresta que não parecia muito com essa. E também não lembro de nada, apenas acordei aqui, e fui procurar alguém e a primeira pessoa que encontrei foi aquela monstra.
- Suponho que você é americano? - ele perguntou enquanto acenei que sim com a cabeça.
- E você é da britânico. - ele confirmou que sim, de Manchester, e que estava lá quando se recorda da última memória, com sua voz grave e seu tom meio áspero.
- Aonde será que estamos, David? Europa ou America?David levantou e olhou pelos derredores do lugar. Tinha esquecido como ele era alto. O luar batendo em seu rosto o deixou com aparência interessante, quase como um lobo levantando pra uivar pra lua, apesar dele não ser tão bonito, foi uma imagem legal de se ver. Ele tem um nariz deformado e torto, e uma pele meio acabada, com certeza ele nunca ouviu falar de skin care e o corte de cabelo que parece que ele mesmo mesmo fez com uma faca em frente a um espelho pequeno.
- Não sei, mas chuto que estamos na Europa ainda. Esse tipo de floresta me é familiar, mas também nunca estive aqui.Depois de muito especularmos sobre aonde estávamos, David sugeriu que eu descansasse um pouco, pois pela manhã iríamos sair em busca de ajuda. Depois de certa relutância, concordei e me acomodei no duro chão. Acho que ele percebeu minha dificuldade em realmente descansar, então ele veio até o meu lado, se agachou, e após me encarar por uns segundos que pareceram uma eternidade, colocou a mão em meu ombro e disse que não iria deixar nada de ruim acontecer comigo e que eu podia descansar. Aquela mão enorme dele, cheia de calos e aparentemente descuidada, que quebraria meu nariz facilmente num soco, estava apertando meu ombro, de uma forma que quase pareceu carinhosa. Perguntei se ele também iria dormir comigo, mas ele disse que não, pois precisava ficar alerta. Não sei por que, mas confiei nele, como se o conhecesse há anos, e me senti muito seguro com aquilo, tanto que conseguir realmente dormir. Só que não por muito tempo.
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David King e Dwight Fairfield - A Dead By Daylight Story
HorrorApós acordarem repentinamente em uma floresta macabra com assassinos perigosos e outros sobreviventes, David e Dwight descobrem que as vezes nas piores situações, pode se encontrar o amor verdadeiro. Repleta de perigos, tramas, egoísmo, altruísmo e...