DAVID
Não faço a menor ideia do porquê de esse cara tá querendo nos ajudar logo agora, mas toda ajuda é bem-vinda, especialmente quando se tá convalescente como eu estou, não sei mas acho que talvez tenha infeccionado ou algo do tipo, estou me sentindo meio febril. Mas não tenho tempo para frescura. Precisamos dar um jeito de irmos embora daqui. Enquanto o Dwight me fazia o curativo, ele me contou dos tais geradores que, acordo com a galera que ajudou o velho Bill, eram a chave para a nossa liberdade desse mundo.
Eu não sei se confio totalmente nesse cara, mas não tenho outra opção a não ser tentar arrancar dele a nossa maneira de sair daqui.
- Ei, cara, como eu e o Dwight conseguiríamos sair daqui? - perguntei me pondo de pé com um pouco de esforço.
- Qual o seu nome? - perguntou o Dwight após ver que o bicho não respondeu a mim.
-Meu nome era Evan MacMillan - respondeu com sua voz grave e monstruosa, após um breve silêncio, que julgo ter sido o tempo necessário para ele se convencer a nos responder.
- E por que não é mais? - perguntou o Dwight curiosos demais pro meu gosto, não temos tempo pra conversinha.
- Não importa. Vocês precisam dar o fora daqui. - respondeu Evan taxativo.
- Ok, ok! Obrigado por nos ajudar, Evan. - agradeceu o Dwight, esboçando um sorriso para o bicho, que por debaixo daquela máscara, acho que não retribuiu.
- Por onde a gente vai? - perguntei.
- Vocês vão seguir reta saindo pela porta, - explicava-nos com calma, quase como se fôssemos retardados mentais - e um pouco a esquerda no horizonte vão ver uma estrutura muito alta. Lá tem um portão, abram e saiam. E fiquem atentos às armadilhas de urso no chão.
- Vamos com a gente! - disse o Dwight.
- Quê? - falei quase gritando, pois não consegui conter minha indignação - Tá doido, Dwight?
- Ele pode nos guiar e ainda nos proteger de cair em armadilhas. Você tá ferido e eu não posso te ajudar a andar e ficar super atento ao mesmo tempo.
- Não. - disse Evan fatalmente.
- Por favor, Evan. Por favor, eu não sei o que acontecerá se aparecer outro monstro, que não seja tão misericordioso quanto você. Eu não quero morrer nem posso deixar o David morrer. Por favor, eu imploro, vamos com a gente até o portão, a gente precisa sair daqui com vida, primeira vez que encontrei alguém com quem posso ser feliz, eu não posso morrer.Evan me olhou com um olhar, que confirmou o que eu suspeitava há algum tempo. Era de partir o coração, ver aquele clamor do Dwight, sabendo qual é de fato a realidade. Acho que eu e Evan conseguimos nos entender nesse breve tempo, e eu fiz que sim com a cabeça pra ele, e ele correspondeu. Então eu chamei o Dwight para irmos porque ele iria com a gente. O Dwight ficou tão esperançoso e alegre que podia ser facilmente confundido com alguém feliz. Durante o caminho, o Evan nos parava algumas vezes para nos dizer aonde tinham armadilhas. O chão, que estava cheio de mato, era fácil de escondê-las da visão. Especialmente com o chão a cada segundo ficando mais ardente em chamas que não queimam. Depois de muito andarmos, finalmente avistamos o portão, mas para nossa tristeza, um monstro derrubou todos os nossos amigos no chão, que não podiam atravessá-lo, pois umas garras pretas, como as do porão, bloqueavam a saída.
DWIGHT
Eu não sei que azar é esse, quando as coisas começam a dar certo, vem algo pra dar super errado. Primeiro desses monstros que a gente pôde dialogar e receber ajuda, e já temos outro querendo nos matar de novo. Mas eu sei que vamos escapar daqui, eu sinto que eu e o David não vamos morrer hoje, vamos conseguir sair daqui e vivermos uma vida feliz e normal, juntos.
- Evan, o que é aquilo no portão? - perguntei, após nós três pararmos a uma certa distância.
- A entidade - respondeu Evan - ela foi invocada para guardar as saídas, ninguém sai.
- E agora? Não tem mais como a gente sair? - perguntou o David indignado.
- Tem, só esperar, a entidade irá se retirar após um tempo - explicou Evan.
- Ótimo. Então é só a gente ficar aqui esperando, quando abrir a gente vai embora - concluí.
- E deixar todo mundo morrer? Não, Dwight. Temos que dar um jeito de ajudar eles também - David falou em tom repreensivo para comigo.
- Não é tão simples - interrompeu Evan - como todos estão no chão, provavelmente vocês estão todos amaldiçoados com um feito antigo que drena suas forças, quando o sangue de vocês entram em contato com nossas armas, você perdem a força imediatamente, não conseguem nem se levantar.
- Meu Deus??? Tem como isso ficar pior? - eu falava indignado - Não tem nenhum jeito, Evan?
- Vocês podem quebrar a maldição destruindo o totem que contem o feitiço. O altar fica ali, - apontou Evan para um pequeno casebre - só basta você quebrar os ossos do totem. É difícil, mas é só quebrar e apagar o totem que acaba a maldição.
- Tudo bem, eu vou lá. - respondi já indo em direção ao casebre.
- Não, Dwight! Você não pode ir sozinho, e se esse bicho aparecer lá pra te matar? - falou o David preocupado.
- Se ele voltar, vocês gritam pra me avisar. Também eu vou rápido, correndo chego logo lá, dou um chute, quebro os ossos e volto. - falei, e o David concordou a contragosto, me deixando ir procurar o totem com uma visível cara de preocupação e reprovação.O totem era muito esquisito e assustador, era feito de caveiras humanas, e tinha uma chamas de velas na sua base. Foi mais difícil de quebrar do que imaginava e demorou mais do que pensei, o fogo não queria apagar, tive que pisotear muito para conseguir, mas consegui. Resolvi voltar, e no meio do caminho, mal percebi quando o mundo começou a ficar esfumaçado, e um cantarolado de uma musiquinha infantil com crianças cantando foi ficando cada vez mais forte no meu ouvido. Quando percebi, um cara de camisa vermelha listrada, com a cara toda deformada por cicatrizes e garras ao invés de dedos, vinha em minha direção por trás. Ele tentou me azunhar, mas por sorte saí correndo rápido e pegou de raspão só na minha camisa.
Chegando onde estavam o David e o Evan, eles se puseram de pé de pronto, e o bicho, que vinha correndo atrás de parou, e começou a discutir com o Evan.
- O que você tá fazendo, seu merda? - falou o mãos de tesoura - Por que você não matou esses lixos?
- Eu mato a hora que eu quiser - retrucou Evan, sem o menor medo do mãos de tesoura, que apesar do tom debochado que usou contra o Evan, ainda transparecia um pouco de medo dele lá no fundo - e você não tem nada a ver com o que faço ou deixo de fazer.
- Você sabe que se deixar eles escaparem, a entidade ficará descontente. Você não quer deixar a entidade descontente, quer Caçador? - falou o mãos de tesoura com um tom muito atrevido.
- Vá embora, Fred - respondeu Evan, ríspido - Eles são meus, mato a hora que eu quiser. Vá atrás dos seus.
- É, mas aconteceu que um dos seus quebrou o meu feitiço, e agora ele é meu. - disse o Fred fazendo menção a vir em minha direção.Antes que eu pudesse entender bem o que acontecia, o Evan correu em direção ao Freddy e acertou o facão na cabeça dele, a partindo em duas. Logo, a cabeça do Fred se uniu de novo, e esse enfiou as suas garras no Evan, o fazendo gritar de dor. O pobre Evan começou a desfalecer, mas antes de cair no chão, gritou para mim e o David: "Corram!", e foi o que fizemos, mas, infelizmente, foi também o que o Fred fez logo atrás da gente.
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David King e Dwight Fairfield - A Dead By Daylight Story
HorrorApós acordarem repentinamente em uma floresta macabra com assassinos perigosos e outros sobreviventes, David e Dwight descobrem que as vezes nas piores situações, pode se encontrar o amor verdadeiro. Repleta de perigos, tramas, egoísmo, altruísmo e...