Capítulo 6 - Compromisso

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David

Eu devo ter um chama pra essas coisas, porque não tem condições. Essa japonesinha demoníaca poderia ter ido pra cima do Félix ou qualquer outra pessoa, mas vem logo pra cima de mim, esse caralho. A vagabunda que tava cobrindo a buceta só com um paninho rugiu pra mim e partiu pro ataque, ela veio e me pegou pelo pescoço, tinha muita força mas dei um chute na barriga da vadia que ela se forçou a me soltar. Consegui ganhar um tempo para correr junto com os outros, pois meu chute nela a desestabilizou por um tempinho. Entretanto, ela fica aparecendo repentinamente nos lugares e um frio gélido nos cerca a todo momento junto com o som do gemido. Dado um certo tempo depois da perseguição, ela finalmente conseguiu pegar alguém. O pobre Bill, que é mais lento que todos nós, foi pras garras da monstrenga, que desapareceu com ele. Ficamos desesperados e precisamos gritar e procurar por uns dez minutos até finalmente percebemos que ela e o Bill já estavam bem longe de nós.

Eu percebia o Dwight olhando pra mim o tempo todo, mas não estava com saco pra falar com ele naquele momento. Tudo bem achar outras pessoas bonitas, a gente não é cego, quem tem olhos é pra ver e o que é bonito é pra ser olhado mesmo... mas porra, o cara disse que gostava de mim há pouco, e é só dar a curva que já tá se engraçando pra outro cara? Não nasci pra dividir mulher - ou homem, no caso - com ninguém, se ele quiser se casar com vários caras ao mesmo tempo que vá pra Arábia ou o país que aceite isso. Eu sou um cara mais alinhado com os relacionamentos à moda antiga, acho bacana criar família e ter filhos, e ter um relacionamento de respeito. Se for só pra fuder e dar tchau sem compromisso, eu vou fuder uma puta que pelo menos eu não passo raiva. O Dwight vacilou comigo. Eu gosto dele e ele cagou pro meu sentimento e ficou todo aberto pro Félix só porque ele é bonito, mas eu acho que o Félix não curte essas coisas não, Dwight pode tirar o cavalinho da chuva porque se ferrou, vai ficar sem nenhum.
- E aí, companheiro? - Disse o Félix se aproximando de mim, já que tinha me sentado numa pedra perto da clareira onde o grupo se assentou.
- E aí - respondi seco.
- Cara precisamos resgatar o Sr. William, receio que ele seja velho demais pra aguentar muito tempo de cativeiro....
- Se ele ainda tiver vivo... - murmurei.
- Como assim? Você acha que ele morreu?
- Talvez.
- Não acho. Se ela fosse matar, por que ela levaria para longe? Fora que já encontramos várias dessas criaturas e nenhuma quis nos matar, todas sempre quiseram nos capturar.
- É, faz sentido - respondi mais seco que do que gostaria de ter soado.
- Cara, algum problema? - perguntou Félix sentando ao meu lado
- Problema?
- Sim, cara. Você em Londres era praticamente um amigo, você foi a pessoa que mais me aproximei lá. Sempre fui muito tímido e tive dificuldade em fazer amigos mas com você achei que tinha rolado naturalmente uma amizade. Saímos pra beber umas vezes e você foi super legal comigo, e a gente se divertiu. Pensei que éramos amigos, mas vejo que você nem de mim gosta.
- Não, não tenho nada contra você.
- E o que é, cara, que tá acontecendo então? - Falou Félix quase com um tom de súplica - Por favor me fale, ser tratado assim sem merecer é muito ruim.
- Cara, fica de boa, tem nada não. - menti tentando fazer ele tirar essa história da cabeça.
- Tudo bem - ele levantou com uma cara dolorosamente desapontada - esperava um pouco mais de consideração de você, você sempre foi alguém que admirei. Estava enganado.
- É o Dwight - finalmente cedi porque fiquei com pena do cara.
- Como assim? - falou ele curioso voltando a sentar do meu lado.
- Cara... - reluto mas finalmente desembucho - eu estou gostando Dwight e ele tá todo se engraçando pro seu lado e eu não gosto disso nem um pouco.
-Quê? - Félix parecia absurdamente chocado - Dwight? Como assim, você é gay? E todas aquelas meninas que você pegava?
- Não sou gay, porra... só gosto do Dwight. - falei em tom taxativo e acho que ele entendeu pois calou e pensou um pouco antes de falar.
- Tudo bem. Eu não esperava, mas se você gosta dele, então que seja feliz com ele.
- É, acho que não vai rolar, não. - falei desapontado.
- Por minha causa? - indagou Félix.
- Não. Por causa dele, talvez um pouco por sua causa também, por ser todo arrumadinho aí.
- Para cara, eu sou um cara normal. Você tem certeza que ele tá afim de mim?

- Ele disse que você era bonito e mais bonito que eu. - admiti dolorosamente esse fato.
- Cara, isso não quer dizer muita coisa. Mas enfim. Eu sinto muito mas não tenho culpa de nada e não há nada que eu possa fazer... talvez eu possa falar com o Dwight e explicar pra ele que não curto homens e assim vocês dois ficam livres.
- Não quero ser segunda opção, Richter. Ele era pra me ter como primeiro, já que não, que se lasque.
- Não é assim, David. Você tá com ciúmes e te entendo, não vou julgar. Mas me deixe conversar com o Dwight pra saber o ponto de vista dele. Se ele flertar comigo ou algo do tipo eu venho te dizer, se ele me tratar normal, eu também te digo. Não estrague tudo só por causa de um "achar bonito", beleza?
- Acho melhor não cara, deixa isso quieto.
- Por favor - disse o Félix botando a mão em meu ombro - eu nem sabia que tava causando esse mal a vocês, por favor me deixa tentar consertar, amigo, por favor.
- Tudo bem, mas não diga nada que eu disse.
- Fique tranquilo, deixe comigo.

David King e Dwight Fairfield - A Dead By Daylight StoryOnde histórias criam vida. Descubra agora