1. Rotina

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Fazia exatos três meses que Sasuke morava ali, naquele minúsculo apartamento em uma movimentada cidade indiana, e ainda não conseguira avançar em nada na sua pesquisa.

Todo dia seguia sua rotina: acordava cedo, fazia sua sessão de yoga em um colchonete na sala, tomava café e, depois, debruçava-se sobre os milhares de papéis em sua mesa, analisando cálculos atrás de cálculos, resolvendo equações que não davam em nada e usando fórmulas das mais diversas sobre coisas que não faziam sentido.

E, se algo relacionado à matemática e à física não fazia sentido para Sasuke, era porque havia alguma coisa muito errada ali.

Então, quando o relógio da parede apitava avisando ser meio-dia, Sasuke bufava, irritado, e ia para o seu quarto, vestir uma roupa decente para sair.

Andava pelas ruas sujas de Manipal, olhando para o chão e evitando qualquer contado com algum indiano bem humorado. Aprendera, desde que fora morar naquele país, que as pessoas podiam ser bem inconvenientes quando estavam dispostas a serem simpáticas.

E Sasuke não queria conversar com ninguém.

Passara seus últimos dez anos sem ter qualquer tipo de conversa animada que durasse mais de meia hora, e não estava muito a fim de mudar as coisas agora.

E, com esse tipo de pensamento, ele passava por ruas e calçadas, desviando de carros e mergulhando por entre prédios altos, para, enfim, chegar em seu destino: a magnífica TAPMI. Uma das melhores Universidades especializadas em tecnologia no mundo.

Também conhecida como "O lugar onde trabalhava".

Mostrava seu crachá na entrada, mesmo que o secretário já soubesse quem era, e seguia pelos corredores, ignorando as pessoas que passavam ao seu lado e ficavam junto de si no elevador. Não dizia "boa tarde" a ninguém e não encorajava qualquer tipo de aproximação amigável.

E, quando abria a porta do laboratório que o reitor da Universidade teve o prazer de disponibilizar para sua pesquisa, sempre encontrava Kakashi sentado em sua cadeira, com os pés em cima da mesa, enquanto lia algum livro pornográfico.

Mas, naquele dia, Kakashi não estava lá.

Fazia três meses que Sasuke via a mesma cena: o homem de cabelos brancos com o rosto corado devido a alguma cena excitante, ainda usando aquela máscara contra germes ridícula; sentado na cadeira e com uma marmita ao seu lado.

Mas, naquele dia, a cadeira estava vazia e não havia marmita nenhuma.

Isso fez Sasuke parar onde estava, surpreso, e fechar a porta atrás de si.

Tanto tempo repetindo a mesma rotina, sem nenhum tipo de modificação, que, quando uma única coisa ficou fora do lugar, foi como se Sasuke não soubesse o que fazer por alguns instantes.

Mas, logo recobrou sua consciência, balançando a cabeça, e fez o que teria feito se Kakashi estivesse ali: vestiu seu avental branco e se sentou na cadeira em frente ao gigantesco quadro negro (onde resolvia suas contas e escrevia seus pensamentos), segurando um giz branco entre os dedos e ficando em silêncio.

Se Kakashi estivesse ali, teria comido da marmita. Ela era o almoço que aquele professor sempre trazia para Sasuke todos os dias da semana.

Por isso, sua barriga poderia vir a doer se pensasse demais em comida. Mas não iria se esgueirar pelo corredor, perguntando a qualquer um onde ficava o restaurante mais próximo.

Primeiro, porque ele não tinha dinheiro. A TAPMI era quem sustentava sua vida ali em Manipal, com a esperança de que Sasuke conseguisse algum feito incrível para a ciência. E dinheiro para o almoço não era algo que eles lhe davam, já que Kakashi seria o homem encarregado de fornecer uma alimentação saudável para seus neurônios.

EQUAÇÃO BÁSICA - narusasu. (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora