01 - A cunha - Vida e Morte

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Uma delicada mulher caminhava lentamente em direção ao rio frio.

As ondas crescentes lançavam uma névoa cinzenta no ar, que ficava cada vez mais densa e profunda, e ia envolvendo tudo ao seu redor. O céu escuro era desanimador, e a umidade supersaturada[1] adentrou nos pulmões, dando às pessoas uma sensação de sufocamento até a morte.

A mulher usava um telefone enquanto caminhava, e o garotinho que estava firmemente preso sob seu braço não pôde evitar tossir.

"Mãe, eu não consigo respirar. Mãe, estou com tanto frio, podemos ir pra casa? Mãe, não vá lá, se for mais longe a água não vai subir? Mãe, mãe..."

A voz terna da criança estava misturada com soluços, indefesos e suplicantes, ecoou sobre o rio.

A mulher olhou para o seu filho. Os olhos dela estavam vermelhos, como se ela não tivesse dormido por várias noites. O desespero em seus olhos era mais intenso que o rio correndo ou mais denso que a névoa profunda.

Ela continuou levando o celular que não conectava, teimosamente esperando por uma resposta do outro lado.

O rosto dolorido de seu filho e os olhos cheios de lágrimas pareciam sem sentido para ela, era como um cenário sem qualquer significado.

Ela ergueu a cabeça, olhou para as águas profundas e continuou andando.

O menino engasgou com a saliva e começou a se debater com violência.

Ela apertou o braço com força, sem se importar que pudesse tirar a vida do filho antes que o rio enchesse.

De repente, o telefone conectou. Uma voz masculina preguiçosa falou lentamente: "Eu não disse para você parar de entrar em contato comigo?"

Os olhos da mulher, que estavam completamente ocupados pela aflição, de repente mostraram um vislumbre de luz. Seus passos em direção às águas profundas finalmente parou.

O menino deu um suspiro de alívio, mas não conseguia parar de tossir.

"Fique quieto!" A mulher repreendeu ferozmente.

O menino rapidamente soltou a mão que segurava com força as roupas de sua mãe. Ele cobriu a própria boca, olhando para o telefone com olhos escuros cheios de expectativa. Ele esperava que essa ligação o salvasse.

"Você vai se divorciar ou não? Se você não se divorciar, vou levar Jian Qiao para o rio!" A voz da mulher estremeceu.

O homem deu uma risada despreocupada. "Não me faltam mulheres ou filhos. Vá em frente. Você não é a primeira pessoa a usar uma criança para me forçar a me divorciar, e você não é a primeira pessoa a cometer suicídio por mim. Lembre-se, eu não serei pressionado.".

O homem estava prestes a encerrar esta conversa que era sem sentido para ele, mas a mulher de repente pressionou o telefone contra a bochecha gelada de seu filho, sua voz impaciente: "Chame o papai, Jian Qiao! Diga ao papai para vir e salvá-lo! "

A criança não entendia as queixas dos pais, ele apenas queria viver. Era muito frio onde eles estavam, frio e terrível.

Ele abriu a boca e gritou, várias e várias vezes: "Pai, me salve, pai, me salve...."

No entanto, a tela do telefone escureceu no meio de seu pedido de ajuda. O homem decididamente desligou a ligação e bloqueou, rapidamente, todas as informações de contato da mulher.

Mesmo que o choro da criança por ajuda fosse real, mesmo que a ameaça de suicídio da mulher fosse natural, ele não se importava. Uma louca que considerava o amor mais importante do que sua própria vida e a vida de sua própria criança, eles só lhe trariam mais problemas ao homem. Ele poderia não ser capaz de se livrar dessa confusão em sua vida de outra forma, então era melhor deixar mãe e filho morrerem de forma limpa.

[BL] A Scumbag Always Get What He Deserves (PT/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora