Joguei as chaves do carro da minha mãe na pequena mesa ao lado da entrada da porta, onde tinha um porta retrato com toda a nossa família. A casa estava silenciosa.
— Mãe? Pai? Eu cheguei! — gritei, tirando meus sapatos e os colocando na estante que a minha mãe havia arrumado apenas para isso.
Estiquei meu corpo cansado.
Trabalhar em uma lanchonete é mais pesado do que eu imaginava. Ou eu apenas não esteja adapta a situação.
Que seja.
Caminhei até a cozinha, segurando minha mochila de escola nos ombros e minha bolsa onde tinha minhas roupas de trabalha
Ao adentrar o local hesitei ao ver meus pais sentados na mesa da cozinha, quietos e sérios.
Porra.
— Oi — cumprimentei sem demostrar hesitação, deixando minhas coisas em cima da mesa.
Caminhei até a geladeira, agradecendo por ter ficado de costas para eles porquê, por algum motivo idiota, minhas bochechas queimam.
— Paige? — mamãe chama, e eu continuo de costas.
Minha mão está tremendo um pouco, mas, pelo menos, isso é disfarçado pelo peso da jarra de vidro em minhas mãos.
Coloco um copo de vidro na pia e encho de água, fingindo não ter a escutado.
— Paige?
— Huh? — murmuro, virando-me levemente para olhá-los e depois voltando minha atenção para a jarra.
Devolvo a jarra na geladeira.
— Queremos conversar com você — diz papai, dessa vez.
Enrolo o máximo de tempo para beber a água, mas sei que não conseguirei fugir do assunto.
Bato o copo na pia e o deixo lá, virando-me de frente para os dois adultos. Encosto minha lombar no local atrás de mim e cruzou os braços, tentando me manter o mais seria possível.
— Sim? — começo.
Papai e mamãe trocam um olhar antes de voltarem para mim.
Odeio isso.
— Não tem nada pra contar pra gente?
Franzo as sobrancelhas.
— Vocês tem algo para contarem para mim e para meus irmãos? — devolvo, vendo a hesitação explícita nos olhos dos meus pais.
Eu odeio isso.
Odeio que eles exigem que meus irmãos e eu não guardemos segredos deles, portanto, por um outro lado, eles vivem escondendo as coisas da gente.
Não somos mais crianças — nem todos nós— e somos crescidos o suficiente para entendermos a nossa situação.
Mas não. Eles preferem pensar que somos crianças imaturas que não vão entender nada.
Odeio.
— Queremos saber sobre o seu segredo, Paige — papai bufa.
Me desencosto da pia só um pouco.
— E eu quero saber do de vocês, Pai — retruco mais uma vez.
Consigo ver que a respiração do meu pai se acelerar.
— Não temos nada a esconder — a mulher morena responde com o rosto neutro.
Solto uma risada amarga.
— Não? — os dois se olham novamente e depois voltam para mim novamente, negando. Impossível — Então eu também não.
Começo a sair da cozinha.
— Somos seus pais! — escuto a mão da minha mãe bater com força na madeira da mesa e papai soltar um "se acalma".
Me viro, com raiva.
— E eu sou filha de vocês! — aponto. — Somos uma família! Vocês não podem exigir que eu e meus irmãos não tenhamos segredos sendo que os dois não conseguem compartilhar tudo com nós!
Eles ficam em silêncio.
— Eu quero ter a minha privacidade, mãe — falo, com a voz baixa. — Essa é a minha vida e as minhas escolhas, então deixa eu viver do meu jeito — mamãe aperta os lábios. — Por favor.
A vejo abaixar a cabeça.
Eu entendo a preocupação da minha mãe, já que ela não concluiu os estudos porque teve que trabalhar para ajudar a família. E, de todo modo, mamãe é dependendo do papai financeiramente, porém ela teve um pouco de sorte do meu pai ser justamente a pessoa que a ama de verdade.
O que ela não sabe é que eu enxergo isso. Eu vejo. E não quero depender de uma pessoa nem financeiramente, emocionalmente, fisicamente ou de qualquer outra maneira.
Já basta as coisas que eu sou dependente.
— Queremos que você foque apenas nos estudos, Paige — diz minha mãe, levantando a cabeça e piscando.
— Eu sei, mãe. Mas eu não vou cometer o mesmo erro que você, eu só quero ajudar. Então me deixe ajudá-los.
Talvez seja doloroso para eles saberem que os filhos têm que trabalharem para ajudarem financeiramente, já que, provavelmente aos seus olhos, os pais devem cuidar dos filhos e não ao contrário.
Mas, de toda forma, como eu disse: somos uma família.
•••
O silêncio da casa me deixa inquieta.
Me viro do outro lado da cama e, bufando, ergo a cabeça apenas para olhar o despertador ao lado da minha cama.
2:43 da manhã.
Cacete.
Eu aperto os lábios olhando, de repente, para o meu celular desligado na minha cabeceira.
Alguns meses eu venho tentando parar. Pedi para minha mãe comprar um despertador para mim, assim eu desligaria o celular a noite para... evitar. Quando ela me perguntou o motivo eu menti, dizendo que apenas não era saudável mexer no celular antes de ir dormir.
Ela se sentiu orgulhosa.
Mas aposto que esse orgulho desapareceria se ela soubesse o verdadeiro motivo.
Se ela soubesse que era pra evitar meu vicio.
Aperto os olhos e me encolho na cama quente.
Pense em outra coisa.
Suspiro.
Meu corpo começa a esquentar e, voluntariamente, meus quadris começam a se mexer em direção ao travesseiro que tenho o costume de manter entre as pernas ao dormir.
Não!
Obrigo-me a parar.
Porém é inútil.
Meu corpo sabe disso.
Eu sei disso.
Derrotada e me sentindo nojenta, pego meu celular, o ligo e coloco no aplicativo de pesquisa.
Com os dedos trêmulos, faço minha pesquisa e coloca mão gelada dentro da calcinha.
Por que?
Por que comigo?
É a única coisa que penso enquanto os demônios do passado entram e continuam a me manterem prisioneira.
•••
meio tenso hein rsrs.
vcs tem alguma teoria sobre oq aconteceu com a paige no passado?instagram: sl_despair
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Before the Storm
RomancePaige Greenwood aos olhos de todos é uma garota normal como qualquer outra que cursa o ensino médio, portanto, o que ninguém sabe, é que ela esconde um trauma que lhe ocorreu quando ela era apenas uma menina e ainda causa consequências no seu presen...