Capítulo 3

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POV: Will - escola

Como sempre vim andando para a escola, tenho medo de dirigir depois que passaram vídeos de acidentes na autoescola e odeio a ideia de pegar o ônibus. Nunca sei se sento e pego o lugar de alguém ou fico de pé mesmo. Andar é mais fácil, coloco meu fone, uma música e tento não pensar em ter que interagir com os outros. Normalmente é uma música de jazz, com um bom solo de saxofone, desde que vi Nico d Angelo tocando no show ano passado virou uma coisa que me acalma, mesmo eu nem gostando tanto assim de jazz.

Olho no celular e Leo ainda não viu minha mensagem. Nós não nos falamos o verão inteiro, não que eu tenha falado com muitas pessoas durante o verão, mas sei lá, seria bom ter com que conversar no primeiro dia. As vezes acho que Leo só anda comigo de vez em quando porque também não tem amigos, acho que sou a única opção dele, apesar de ele dizer o contrário.

Cheguei, observo a escola ainda pensando que ano que vem não vou ter mais que vir pra cá todos os dias, vai ser estranho, toda a minha vida estudei aqui. Apesar de que gosto da ideia de universidade. Coisas novas pra fazer, aulas novas, gente nova que ainda não sabe o quão estranho eu posso ser, posso até conseguir fazer amigos. Imagina não ter que ficar finais de semana a fio no quarto assistindo documentários no meu computador? Não me entenda mal, eu adoro assistir documentários. O ultimo que assisti foi sobre uma fotógrafa, Vivian Maier, que dedicou a vida a sua profissão, mas só ficou famosa depois da sua morte.

Respiro fundo e empurro a porta de vidro com o braço direito (o que não está quebrado), tento passar o mais despercebido possível, o que não é muito difícil de se fazer no corredor da escola no primeiro dia de aula, onde todos estão ocupados correndo para as suas panelinhas de sempre, onde os namorados e namoradas estão se encontrando dramaticamente (como se não tivessem se visto todos os dias durante o verão), ou onde todos estão puxando o saco dos populares, Rachel Elizabeth Dare a blogueira vegana que adora tarô e bruxaria, Percy Jackson o surfista descolado e Annabeth Chase a atleta inteligentona.

Nunca sei o que fazer quando estou andando pelo corredor, não sei pra onde olhar, como andar, onde colocar as mãos, normalmente fico com a cabeça abaixada e coloco as mãos nas alças da mochila, penso em fazer isso mas vejo que vou ficar parecendo uma criancinha de sete anos que acabou de se despedir da mãe e está correndo para o primeiro dia de aula no fundamental. Queria saber me portar igual a Percy, por exemplo, ele é tão legal, sabe andar com as mãos no bolso deixando somente os polegares para fora. O pai dele é rico e ele namora Annabeth, uma das garotas mais legais da escola, ano passado os times ganharam quase todos os jogos por causa dela. Deve ser legal ter um pouco de atenção assim.

Finalmente chego no meu armário que fica no final do corredor, o que é uma tortura andar até lá, já tentei mudar de lugar mas o único disponível era do lado do banheiro masculino, acho que não preciso nem explicar o porquê não escolhi. Mas pelo menos tem uma coisa boa, o armário de Nico fica em diagonal ao meu. Posso conviver com isso por mais um ano.

Antes de abri-lo sinto que tem alguém atrás de mim e me viro, lá está o "trio de ouro", Rachel, Percy e Annabeth, os três me encarando com um sorriso no rosto.

- Oi, como foi seu verão? - disse Percy. Olho para os lados pensando que estão falando com outra pessoa, mas não, só tem eu aqui.

- Meu...

- O meu foi produtivo. Fiz três estágios diferentes e 90 horas de serviço comunitário - gabou Annabeth.

- Eu sei, wow - disse Rachel, esperando que eu ficasse impressionado.

- Sim, isso é.... wow. Bem impressionante. Desculpem, mas acho que me confundiram com alguém eu...

- Ah, nada disso, esse ano decidimos que vamos tentar acolher os novatos, parecia que você estava meio deslocado, então decidimos vir falar com você - O sorriso de Rachel aumentava cada vez mais enquanto ela falava, isso estava começando a me assustar um pouco.

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