A marca

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No jantar ele ainda meio arredio fica me encarando enquanto eu comia.

- O que quer perguntar?
- Um mês se passou eu tenho muitas perguntas.
- Pode fazer, mas depois do jantar.

Depois de terminarmos fomos pra sala.

- Alguma coisa mudou?
- Quer saber se Diego te deixou em paz? Esquece. Ele acha que você fugiu e está atrás de você.
- Então quer dizer que...
- Ele ainda quer brincar. Sabe ele é bem peculiar... fico me perguntando por que ele escolheu você?
- Eu não sei nem porque você me escolheu quem dirá ele que me conheceu quando eu ainda era feliz com que eu tinha.
- Estou com inveja... você devia ser bem bonito naquela época. Ele deve ser parecido comigo. Eu aposto que nem sempre ele foi assim.
- Acertou. Como sabe?
- Ele provavelmente quis fazer parte da sua felicidade mas não conseguiu então decidiu acabar com ela, só que para o azar dele eu vi mesmo que tenha sido por pouco tempo eu vi o que ele queria tanto destruir.
- Minha felicidade? Quando?
- Quando me pediu para matar você. Você sorriu lembra?
- Aaaa é mesmo agora eu me lembro. Eu estava realmente feliz.
- Mais alguma pergunta?
- Quem cuidou de mim?

Ele parecia nervoso e minha resposta só o deixaria constrangido então eu menti.

- Jay. Ele é o médico da família.
- Certo... Como pretende fazer para que o Diego não mexa mais comigo?
- Eu vou marcar você com o brasão da família. Assim você se tornará minha propriedade e ele não vai poder fazer nada.
- Uma marca?
- Há duas formas: tatuagem ou como no meu caso. - digo desaboatoando os botões necessários para que ele possa ver apenas a cicatriz do brasão. - Queimadura por meio do ferro.
- Isso é horrível.

Escondo a cicatriz já que ele ficou desconfortável.

- Você fará a tatuagem amanhã. Heeseung cuidará de tudo.
- Está bem.
- Mais alguma coisa?
- Onde eu vou dormir?
- Continuará dormindo lá em cima. Aquele é o único quarto da casa.
- E você?
- Eu? Vou dormir aqui.
- A casa é sua isso não seria justo.
- Prefere que durmamos juntos então?
- Não!!
- Então.... Eu ficarei por aqui mesmo. Vamos vou te colocar para dormir.
- O que? Vai me acertar com alguma coisa? - diz ele se defendendo.
- Não seja ridículo. Eu sou a última pessoa que machucaria você. Vamos. Consegue subir sozinho?
- Sim.

Ele me segue até meu quarto e se deita na cama enquanto eu pego coberta e travesseiro para me acomodar lá embaixo.

- Quer que eu apague a luz?
- Aham... será que eu posso deixar o abajur acesso eu não queria ficar totalmente no escuro.
- Fique a vontade.
- Obrigado.
- A... antes que eu me esqueça eu fazia algo com você todas as manhãs e eu não quero e nem vou abrir mão disso esteja preparado. - digo fechando a porta. Arrumo as coisas no sofá e me deito. - Ainda bem que peguei caro nisso aqui é bem confortável. Como era domingo e eu não tinha compromisso desliguei o despertador. Acordei com o cheiro de ovos fritos. Olho no celular e já são duas horas da tarde. Tomo um banho e vou para cozinha.

- Está fazendo nosso almoço? - ele estava em frente ao fogão de costas pra mim então eu me aproximei segurando e sua cintura.
- Na verdade... - Ele ficou imóvel na hora. Cheiro o seu pescoço sentindo a fragrância que eu senti no primeiro dia. Como é bom sentir esse cheiro. Eu estou viciado... só então me afasto. - Eu estava fazendo o meu almoço.
- A que rude da sua parte eu cuidei tão bem de você.
- Eu preparo o seu sem problema. Gosta de ovos fritos?
- Sim.
- Como prefere eles?
- Eu não tenho preferencia.
- Ok... - enquanto preparava tudo ele se perde em pensamentos até que olha para mim. - Espera era isso que fazia todos as manhãs?
- Sim, eu sou sensível ao cheiro e em particular seu cheiro é muito bom.
- Eu estava em coma e fazia isso comigo?
- Preferiria que eu fizesse o que o Diego tentou fazer naquela noite? Eu sou um monstro, mas não sou desse tipo.

Sua feição muda de repente e ele vira o rosto.

- Está pronto.
- Ótimo. Vamos comer Heeseung e Jay devem estar chegando.
- Eles são seus amigos?
- Eu não classifico meus relacionamos, mas se prefere assim podemos dizer que é algo próximo a isso.

Eles chegam e preparam tudo.

- Vamos começar? - diz Heeseung.
- Vai doer? - diz Sunoo fazendo bico.
- É... vai, pelo menos a picada de anestesia que o Jay vai aplicar. Depois disso não se preocupe que você não sentirá nada.
- Ainda bem. - diz Sunoo uma pouco aliviado.
- Onde prefere que eu faça? - diz Heeseung.
- No mesmo lugar que o Sunghoon.
- Uau ele não precisa ser formal com o senhor.
- Isso seria estranho. - diz Sunoo. - Temos quase a mesma idade e senhor é para velhos. Vocês não se sentem assim?
- Na verdade... - diz Jay.
- Se estão tão desconfortáveis assim não precisam me chamar mais de senhor.
- Sério ? - diz Heeseung.
- A partir de hoje me chamem de mestre.
- A que ótimo... obrigado mestre. - diz Jay pouco satisfeito. - Por falar nisso onde fica sua cicatriz mestre?
- No ombro esquerdo.
- Ótimo. Vou aplicar a injeção com o tranquilizante. Você vai dormir e quando acordar vai ter uma tatuagem.
- Certo... Eu tenho medo de agulha será que pode segurar minha mão? - diz ele segurando minha mão e a apertando.
- Mestre... - diz Jay exitante.
- Ta tudo bem... Eu prometo que essa é a última vez que sentirá dor - digo olhando em seus olhos - Pode continuar. - digo voltando minha atenção ao Jay.

Ele apaga pouco depois que a anestesia é aplicada.

- Ele vai ficar bem?
- Sim mestre. Depois de uma semana ele pode tirar o papel filme, mas não se preocupe que eu cobri de uma forma que deixasse visível que se trata do brasão da família Sotor.
- Aqui entregue esses analgésicos assim que ele acordar e peça para que ele os tome caso sinta dor. - diz Jay.
- Certo.
- Agora vamos Heeseung que você tem aula amanhã. - diz Jay segurando o riso.
- Acha graça né. Vai rindo.
- Ninguém mandou não ter um diploma. Decidiu focar nas artes marciais deu nisso.
- Isso faz parte do meu trabalho. Eu ainda sou um ninja.
- Claro que é o único ninja formado em administração.
- Eu vou acabar com você.
- Para de levar tudo a sério. Vamos vou te mostrar alguns livros de cálculos.
- Eu sou péssimo em cálculo.
- Você terá ajuda não se preocupe. Até manhã mestre.
- Até.

Fico pensando no quanto eles se aproximaram em tão pouco tempo. Deve ser porque moram juntos a dois anos. Lembro quando se viram pela primeira vez. Naquela época nem eles poderiam imaginar que se tornariam tão próximos. Já havia anoitecido quando ele acordou.

- Já acabou?
- Sim. - digo entregando o remédio para ele tomar. Ele segura os comprimidos e toma todos de uma vez.
- Cade todo mundo?
- Foram embora. Heeseung estará com você todo o tempo a partir de amanhã.
- Pode garantir mesmo que Diego não vai encostar em mim?
- Sim. A única coisa que precisa fazer é mostrar a tatuagem.
- Certo.
- Não precisa ficar nervoso Heeseung vai estar com você o tempo todo.
- Que matéria ele faz talvez os horários não batam.
- Qual a serventia de colocar alguém para estar com você 24h se não pode estar com você 24h? Ele se matriculou na sua turma.
- Nossa eles te obedecem mesmo.
- Claro são pagos pra isso e muito bem pagos. Se não seguirem o que eu mando que serventia eles tem?
- Entendo. Então é assim que enxerga as pessoas? Como se não fossem nada apenas estão ali para te servir.
- Sim.
- Nunca gostou de alguém?
- Já gostei sim. Uma vez e percebi que não vale a pena. Você só se torna fraco e permite que seu inimigo controle você.
- Se algo acontecer comigo...
- Eu acabo com quem se atrever a fazer isso.
- Eu não vou me tornar a sua fraqueza?
- Não porque naquela época eu não tinha como revidar e garantir a segurança dele agora eu tenho como fazer as duas coisas. Bom chega de conversa vai tomar banho que daqui a pouco vamos jantar.

Jantamos e depois ele subiu para o quarto. O medo estava estampado em seu rosto então provavelmente ele não conseguiria dormir. Na manhã seguinte percebo que estava certo.

- O que está fazendo parado aí?
- Estou esperando você fazer o que faz todas as manhãs.
- Tem razão o meu dia não começa até eu fazer isso - seguro sua mão fazendo ele se virar tomando o devido cuidado para não machucar o braço que foi tatuado. Só então aperto seu corpo no meu o deixando surpreso. Aproximo meu rosto de seu pescoço e sinto seu cheiro. - Não precisa ficar ansioso por isso. Uma hora ou outra eu vou acabar fazendo isso. A graça é pegar você desprevenido. - digo sussurrando em seu ouvido. Ele se vira e me encara com um um olhar interrogativo. Desde aquele dia eu não consigo encará-lo mais por muito tempo. Assim que sinto minhas bochechas esquentaram eu o solto desviando o olhar.

- Vamos nos apressar. Não podemos chegar atrasados.

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