A Redenção

Um coração inseguro

- Agora que estão juntos preciso que apliquem esses sais um no outro. - diz Heeseung.

Fizemos o que ele pediu. Enquanto isso Jay tocava uma espécie de tambor o que me deixou um pouco surpreso.

- Ótimo. Pronto, está etapa está completa. Agora eu preciso que se despeça dele mestre porque estamos nos mudando essa noite.
- O que? - digo saindo da piscina e ajudando Sunno a sair também. Jay se encarregou de entregar um robe e uma toalha para gente.
- Vocês não podem dormir sob o mesmo teto antes do casamento.
- Isso é impossível... Diego ainda não deu nenhum passo sei que ele está planejando algo... não pode me separar dele... como eu vou saber que ele está bem? Que ele está seguro?
- Eu sinto muito mestre são os costumes.
- Que merda!! - digo jogando a toalha.
- Sunghoon... - diz Sunno vindo me acalmar. Noto que ele iria encostar em mim, mas se conteve o que quebrou meu coração. - Não precisa agir assim eu vou ficar bem. Para todos os efeitos eu nunca saí da sua casa. Não tem como Diego saber minha localização. Não se preocupe eu vou ficar bem. - diz ele sorrindo. Eu ainda queria argumentar, mas dessa vez não tinha o que fazer. Isso é só por um tempo e além disso isso faz parte da cerimônia de passagem então eu preciso me conformar. Volto a encontrá-lo somente na noite em que apresentaria ele como meu futuro marido.

- Eu vi que a casa está cheia de convidados.
- Está nervoso?
- Um pouco... eles não fazem ideia de que eu sou um homem né?
- Não. Eu não posso revelar meu companheiro sem ser em um evento formal.
- Entendo... acabei de ficar  mais nervoso.
- Eu não quero que se preocupe com que os outros possam dizer. Tá bom? Tente apenas se divertir e relaxar. Se te oferecerem alguma bebida que não seja de um garçom ruivo não aceite. De qualquer forma estamos em uma festa então eles adoram ficar bêbados e embebedar os outros.
- Tudo bem.
- Heeseung estará com você toda vez que eu precisar me afastar.
- Ele vai estar aqui não é? Por isso está tão preocupado.
- Sim. Por mim eu queria mais é que ele estivesse bem longe daqui, mas sabe como isso funciona. Precisei chamar os membros mais importantes das famílias tradicionais da cidade.
- Eu vou ficar bem. Você tente se divertir também.
- Eu vou tentar... vamos?
- Vamos.

Eu queria pelo menos segurar sua mão para demostrar que eu estaria com ele para protegê-lo e dar segurança a ele, mas eu não podia. Esse é o costume que mais me irritou.
Assim que aparecemos todos aplaudem e de praste eu teria que dizer algumas palavras para dar início a festa. O que particularmente eu odiava ter que fazer.

- Obrigado por virem prestigiar esse momento que está sendo tão importante na minha vida. Peço que se sintam a vontade e aproveitem a noite que está sendo realizada para comemorar minha união com o Sunno. Se divirtam!!

Continuamos a descer as escadas e finalmente quando terminamos Sunno se aproxima um pouco mais de mim para me dizer algo.

- Você se saiu muito bem.
- Obrigado.
- Foi muito bem mestre. - diz Heeseung.
- Eu preciso te apresentar algumas pessoas. Heeseung nos siga.
- Sim mestre.

Apresentei as mais importantes e as agradáveis também. Por sorte todos estavam apesar de surpresos muito simpáticos com o Sunno o que me deixou mais tranquilo. Ele já estava nevorso de mais por conta do que os outros poderiam dizer da gente então isso ajudou bastante. Eu estava levando alguns bolinhos para ele porque eu sei que ele adora quando alguém tromba em mim. Eu já estava para deixar pra lá e seguir em frente quando eu percebo quem era.

- Olá... ao mais novo homem comprometido dessa cidade. Virou babá agora? - diz Diego.
- Você não olha por onde anda? Acredito que dava pra desviar. Não precisava trombar em mim.
- É dava sim, mas eu não quis. Vai fazer alguma coisa.

Sorrio ao perceber o que ele estava tentando fazer.

- Eu não vou estragar essa noite por conta de um lixo como você. Passar bem. - digo me retirando.
- Deve estar sendo difícil ter que passar esse tempo separado do seu protegido. Tem certeza que está seguro estando longe de você? - diz ele rindo sarcasticamente.
- Você não se atreva... - digo indo em sua direção segurando ele pela gola da camisa.
- Tem pessoas olhando Sunghoon. Lembre-se de não perder a classe.
- Não me irrite. E tire o nome do Sunno dessa sua boca suja.
- Eu conheço bem seus costumes... acha mesmo que depois de contar tudo para o Sunno, ele vai te aceitar? - ele começa a rir. - Deve ser muito ingênuo mesmo. Ele abomina pessoas como a gente. Melhor dizendo ele tem pavor e sabe por que? Porque os pais dele foram torturados e mortos por pessoas que fazem o mesmo que a gente. Eu vou dizer o que vai acontecer... assim que terminar de contar tudo ele não vai mais enxergar o Sunghoon, o salvador da pátria. Pelo contrário ele vai olhar para você e só vai enxergar o monstro que você é.
- Não teste a minha paciência porque eu não vou ter piedade com você.
- Eu não quero piedade... - diz ele se soltando. - Quero o que é meu por direito.
- O Sunno nunca será seu.
- Veremos.
Após isso ele vai embora. Eu ainda atordoado com que ele havia me dito sobre os pais do Sunno nem percebi quando o Sunno se aproximou.
- Sunghoon demorou tanto que eu vim ver se estava bem. Sunghoon? Aconteceu alguma coisa?
- Não. Nao aconteceu nada.
- A que bom. Eu vim te chamar o Jay tá bêbado dando um show na outra sala. O Heeseung está tentando ajudar. Vem tá muito engraçado.

Apesar de tentar me distrair com as palhaçadas do Jay aquilo que o Diego disse não saia da minha cabeça. Eu nunca me importei com que as pessoas pensassem de mim, mas o Sunno é diferente. Doeria muito mais que um tiro ou uma facada se algum dia ele me olhasse com um olhar de medo ou de ódio. Isso ficou me atormentando durante os próximos dias, mas não tinha mais o que fazer. De qualquer forma eu não tinha mais como mudar meu passado e minha única alternativa era seguir em frente já que a última etapa estava para começar e se tudo desse certo, amanhã eu serei um homem casado. Primeiro passei por uma limpeza corporal completa que levou a manhã inteira. Depois almocei com uma variedade de alimentos. Após o almoço fiquei um tempo em um ambiente tranquilo para espairecer. Eu ainda fui para sauna e recebi uma mensagem. Era como se todos estivesse me preparando para conseguir falar tudo. Eu estava tranquilo e pronto. Vou em direção ao local que prepararam para a gente. Era um espaço feito de madeira ao ar livre com algumas plantas decorativas. A iluminação era composta por chamas que dava um ar mais rústico ao local. Haviam dois tapetes para nos sentarmos um em frente ao outro. Eu havia chegado primeiro e me sento esperando ele chegar. Um tempo depois ele aparece e... nossa!! Ele tava incrivelmente lindo.

- Você tá... tá loiro.
- Gostou?
- Ficou lindo.
- Eu precisei fazer isso porque pelo que eu entendi eu não posso ter a mesma cor de cabelo que o aniversariante. Então eu acabei escolhendo essa cor. Ainda bem que gostou.
- Ficou ótimo. Combinou com você.

Ele sorriu sem graça. Elogiar ele não era difícil, mas mesmo que eu fizesse isso ele parecia nunca se acostumar.

- Acho que... já podemos começar o sol já se pôs.
- É podemos sim.
- Isso vai ser difícil e um pouco constrangedor.

Segundo a tradição o aniversariante deveria ser o último a se abrir.

- Bom você não deve saber, mas provavelmente vai ficar bem chocado quando eu disser isso. Eu conheci meus pais, mas não tive muito tempo de estar com eles já que foram torturados e mortos por um agiota. Nossa vida não era fácil e além disso ambos eram viciados em cocaína. Eu era pequeno para poder entender tudo na época, mas depois que eu cresci eu entendi que deve ter sido realmente difícil. Depois disso eu fui para um orfanato e assim que cheguei virei saco de pancadas dos mais velhos. Eu nunca tive um porte de alguém que implicasse ou que pelo menos congisse se defender sozinho. Foi assim até eu conseguir me sustentar sozinho. Comecei a trabalhar com 14 guardei o dinheiro e depois do colegial consegui vir pra cá fazer Universidade. Eu conheci o Diego no meu primeiro dia na Universidade. No início ele pareceu muito agradável e se ofereceu para ajudar nas matérias várias vezes, mas ele mudou. Eu o considerava como um amigo, mas ele não me via assim. Eu não era nada era apenas um passatempo que quando foi contra o que ele queria eu perdi o valor. A partir daí ele começou a me intimidar. Era xingamentos, ameaças, agressões... até que uma noite ele invadiu o meu dormitório. Lá era o único lugar que eu me sentia seguro, mas ele destruiu tudo o dormitório estava uma bagunça. Assim que ele veio para cima de mim eu tentei me soltar, mas ele era mais forte. Ele conseguiu rasgar minha camisa porque estava tentando me segurar enquanto eu tentava fugir. Ele me disse coisas horríveis naquela noite, me bateu por não conseguir o que queria. Eu joguei uma garrafa na cabeça dele e sai correndo. Eu estava disposto a morrer já que eu tinha certeza que ele continuaria me perseguindo e fazendo minha vida um inferno, mas você apareceu dizendo que queria que eu vivesse. Eu realmente te odiei por não ter me matado, mas como disse que me protegeria, eu fiquei mais tranquilo. A medida que você cuidava de mim... Se importava comigo... fazia de tudo para eu me sentir confortável e seguro. Eu acabei me apaixonando por você. Você realmente se esforçou para que eu fosse feliz de novo. Obrigado por não permitir que eu desistisse naquela noite.
- Não agradeça... Eu não mereço isso...
- Não precisa se preocupar com que tem para me dizer. O importante foi como você me tratou. O que faz com o resto do seu tempo eu não importo.

Será que poderá dizer isso mesmo depois de eu te contar tudo?