Meu lençol dobrado

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- Eu não vou fugir de você independente do que você me diga.
- Antes de me dizer algo assim espere até eu terminar. Eu vou contar tudo e quero que saiba que eu não me arrependo de nada que eu tenha feito.
- Sou todo ouvidos.
- Meus pais foram assassinados quando eu tinha 6 anos. Meu tio assumiu os negócios da família. Eu sempre fui muito quieto e até pensei que não conseguiria sentir nada por ninguém. Depois que meus pais morreram eu fiquei um tempo sem gostar de ninguém. Minha iniciação para os negócios da família começou dois anos antes do que é comum nas famílias tradicionais. Como eu era inteligente não foi muito difícil me acostumar às rotinas administrativas. No meu aniversário de 14 e 15 anos eu precisava provar que tinha visão para os negócios então tive que aumentar a herança da família em 5% nesses dois anos e obviamente não foi algo difícil pra mim. A mudança que implantei da exportação dos nossos sais foi crucial para que isso acontecesse. Já no aniversário de 16 anos eu precisava provar que eu estava pronto para o outro lado de um membro de uma família tradicional. Matei pela primeira vez. Eu tive pesadelos por um mês com aquela pessoa, mas depois que você se torna um assassino as pessoas não passam de números pra você. Meu tio viu meu potencial nessa parte e decidiu que comandasse ela primeiro. Meus três  próximos aniversários eu passei matando pessoas e se me perguntar quantas foram eu não sei te responder, já que não me lembro de todos. O motivo de tanta violência variava. Pode ser por traição, conspiração, desvio de dinheiro, desrespeito com um membro da família Tutor, endividamento...
- Você... era.. esse tipo de pessoa? - diz Sunno segurando as lágrimas que insistia em cair.
- Eu sou esse tipo de pessoa e vou continuar sendo. Quando eu completei 20 anos eu ganhei um amigo.
- Um amigo?
- Ele seria sacrificado quando eu completasse 21 anos. Meu tio acreditava que se eu fosse capaz de desenvolver algum sentimento por ele e conseguisse matá-lo eu seria indestrutível. Eu apenas aceitei tendo a certeza que eu jamais sentiria algo por ele. Foi a primeira vez que minha arrogância me enganou. No começo ele era um verdadeiro pé no saco, mas de tanto insistir eu acabei cedendo. Ele foi se aproximando aos poucos até conseguir chegar no meu coração. Ele era livre tinha uma personalidade aventureira e sempre me dizia que queria ser lembrado como uma lembrança feliz.
- Ele sabia que iria ter que matá-lo?
- Sabia antes mesmo de me conhecer. Meu tio se encarregou de passar todas as instruções pra ele. Faltando seis meses para meu aniversário ele queria ir em alguns lugares que queria conhecer antes morrer. Era como se ele quisesse viver intensamente seus últimos momentos, já que seus lugares favoritos eram aqueles mais arriscados. Depois dessa grande viagem voltamos para casa. E fizemos a cerimônia. Eu nunca chorei tanto na minha vida como chorei naquele dia. Foi naquele dia também que eu vi ele chorar pela primeira vez. Eu não queria que sua morte fosse dolorosa então pedi ajuda ao nosso médico mais brilhante. Foi quando eu conheci o Jay. Pedi a ele uma maneira de matá-lo sem que ele sentisse dor, mas todas as maneiras envolvia procedimentos intravenosos e ele recusou todos eles. Na época eu não entendi o porquê, mesmo assim não podia fazê-lo sofrer em seus últimos minutos. Então Jay me disse que se eu atirasse de uma certa distância em um determinado local ele não sentiria nada. Ele sorriu e agradeceu por eu ter alegrado sua vida nos seus últimos momentos. Então eu atirei. Uma e sete da manhã no dia 27 de setembro de 2017 foi a data de sua morte.
- Qual.. qual era o nome dele? - diz Sunoo enxugando as lágrimas.
- Jake. - só então percebo que também estava chorando. Limpo meu rosto e continuo. - Depois disso uma mistura de sentimentos me dominou. Raiva era o maior deles e foi nessa época que eu me tornei Pesadelo foi também quando eu conheci o Heeseung. Não me orgulho dessa época, já que foi realmente um período tenebroso para todos ao meu redor. Só quando eu entendi que estava indo longe de mais que Jay me disse que Jake estava com leucemia estágio 4 e que tinha mais ou menos um ano de vida. Jake atrasou seu tratamento o máximo que pode para que eu não percebesse. Eu me senti um idiota por não ter respeitado ele depois de sua morte. Depois disso eu entrei pra Universidade. Eu fazia aula de manhã e a tarde para que eu pudesse me formar o mais rápido possível. Faltava apenas um ano quando meu tio adoeceu. Eu precisei tomar conta dos negócios de forma integral então tive que trancar a faculdade por um ano para organizar as coisa. Depois desse um ano eu voltei a estudar e encontrei você. Quando pediu para eu te matar e sorriu quando eu concordei em fazer isso eu acabei me lembrando do Jake. Naquele momento eu não consegui matar você já que a lembrança dele ainda estava forte na minha cabeça. Então eu esperei e decidi não fazer isso. Por um tempo achei que era porque eu não queria que o que aconteceu com o Jake se repetisse, mas depois que você foi sequestrado eu tive a certeza de que era porque eu realmente gostava de você e não podia perdê-lo. Mesmo juntos eu continuei punindo aqueles que se atreveram a mexer com você e vou continuar punindo porque não vou tolerar que façam algo pra te machucar. Me desculpa por não ser quem você queria que eu fosse e nem por conseguir me tornar esse alguém.
- Idependente das atrocidades que me disse eu preciso saber de duas coisas. A primeira... é você de alguma forma está vivendo comigo o que não conseguiu, mas queria ter vivido com o Jake?
- Eu amava o Jake e ainda o amo, mas não é como você imagina. Jake era  dois anos mais novo que eu e por conta de tudo que eu passei eu fui obrigado a amadurecer cedo de mais. Éramos muito diferentes para termos esse tipo de relacionamento. Eu o via apenas como um irmão caçula. Ele fez eu lembrar da minha infância quando eu pedia um irmãozinho aos meus pais. Anos depois eles me mandaram um e conseguimos viver um bom ano juntos.
- Entendo por último você... teria.. coragem de te matar?
- Sim.
- Você nem parou para pensar... - diz ele decepcionado.
- Mas se você me perguntasse se depois disso eu conseguiria viver sem você a resposta seria não. Não conseguiria. Eu nunca cogitei me suicidar mesmo depois de tudo, mas diante da probabilidade da sua morte essa opção se tornou uma possibilidade para mim.
- Não diga algo assim. Acho que eu fico feliz por você estar me dizendo essas coisas?
- Se não quer que isso aconteça é só não morrer antes de mim.
- Eu não vou. Eu quero e vou envelhecer ao seu lado então trate de não morrer também.
- Isso quer dizer que não vai me abandonar?
- Não vou, mas a partir de amanhã o que você faz fora de casa que envolva qualquer tipo de violência eu prefiro não saber.
- Obrigado.

Eu queria pelo menos abraça-lo, mas eu ainda não podia toca-lo. No dia seguinte foi a cerimônia do nosso casamento realizada na praia, já que foi o local da nossa primeira viagem juntos. Sunno parecia bem feliz o que me deixou feliz também. Tudo ocorreu bem durante a cerimônia assim como a festa após o casamento que foi terminar apenas no final da noite. Era impressionante como todos ficaram bêbados muito rápido. Ao final da festa Sunno e eu fomos para uma casa de praia onde passaríamos nossa lua de mel nos próximos três dias. Eu ficaria mais tempo, mas agora possuo total controle dos negócios da minha família e isso significava que eu teria mais trabalho e menos tempo.

- Eu não via a hora de poder te tocar. - digo abraçando Sunno que estava de costas para mim.
- Eu também. - diz ele acariciando meu braço. - Já passou da meia-noite. Isso significa que é seu aniversário. - diz ele se virando e ficando de frente pra mim com as suas mãos em minha cintura.
- Sim.
- O que vai querer de presente?
- Eu quero que você seja meu essa noite.
Apesar do quarto estar com as luzes apagadas, somente pela iluminação natural da lua cheia que entrava pela janela eu percebi que ele estava corado. Seguro sua cintura puxando ele para um beijo. Suas mãos deslizam pelo meio peito chegando até meu pescoço fazendo com que ficássemos praticamente colocados. Um tempo depois com sua boca já vermelha começa a beijar meu pescoço ao mesmo tempo que suas mãos tiravam minha camisa. Fomos até a cama e ele foi beijando cada parte do meu corpo fazendo com que meu desejo por ele só aumentasse. Ele sobe em cima de mim e eu volto a ficar sentado na cama.

- Você acha que essa é um posição confortável pra você? - digo acariciando suas coxas depois de tirar sua camisa.
- Não para minha primeira vez.

Seguro sua cintura e o jogo na cama fazendo com que ele fique deitado. Ele acaba soltando um grito surpreso.

- Desculpa.  - diz ele envergonhado com a mão na boca.
- Tá tudo bem.

Tiro sua mão da boca e volto a beija-lo. Intercalando entre o pescoço e a região próximo a orelha. Suas mãos deslizavam pelas minhas costas me fazendo perder o eixo, mas eu queria controlar a situação. Segurei seus braços acima da sua cabeça. Eu notei que ele estava segurando o gemido então depois de ter certeza que suas mãos estavam presas com uma mão eu aproveitei para deslizar minha outra mão até seu órgão sexual. Assim que comecei a massagea-lo ele não teve como se conter.

- Hum!!
- Por que tão baixo? - digo sussurrando em seu ouvido. - Lembra o que eu disse da última vez? Estamos em uma casa na praia o barulho que fizermos aqui não pode ser ouvido por ninguém.
- Eu... Tenho... vergonha.
- Não precisa ter vergonha e além disso eu quero saber se está gostando assim... Eu quero ouvir o que você está sentindo.
- Eu vou acabar enlouquecendo se contiuar com isso.
Sorrio com o desespero em sua voz. Solto sua mão para que pudéssemos nos livrar do restante das nossas roupas. Após isso, pego o lubrificante e peço para que ele fique de lado.

- Se você relaxar não vai doer tanto.
- Eu não sei se.... nossa.... - Ele afunda sua mãos no travesseiro. - Hum!!

Pelo esforço e o prazer que ambos estávamos sentindo, nossa respiração foi ficando cada vez mais ofegante até chegar-mos ao nosso ápice. Ambos completamente exaustos, mas eu ainda queria mais e um tempo depois de recuperar o fôlego...
- Por que está me olhando assim... você por acaso não está... - Ele sorri sem graça - Foi você quem pediu.

Sorrio assim que ele subiu em cima de mim e começou a me beijar com a mesma intensidade de pouco tempo atrás. Naquela noite eu percebi que ele não era bom só com as mãos, mas também era com a boca.

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