Seu porto seguro

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- Por que saiu da cama sem os seus sapatos? - digo pegando ele no colo.
- Eu não consegui acha-los.
- Eu vou colocar o Sunno para dormir e já vou deitar também. Se quiserem passar a  noite fiquem a vontade. Boa noite.
- Boa noite mestre.

Levo Sunno até o quarto e o coloco na cama.

- Aquilo que você disse...
- Esqueça o que eu disse. Foi no calor da emoção.
- A... entendo.
- Será que eu posso abraçar você.
- Claro.
- Me desculpa por não ter sido o suficiente.
- Tá tudo bem. Você não me abandonou e foi atrás de mim. Tá tudo bem.
- Então por que eu me sinto tão triste?

Finalmente eu lembrei o porque de não querer me apegar a alguém. Essa sensação de desespero e medo de perder essa pessoa é destruidor. Isso me deixa vulnerável a emoções que a muito tempo tento relutar. É como se ele conseguisse destravar todas as amarras que eu me forcei a ter com relação aos meus sentimentos. Isso é assustador. As lágrimas saiam que eu não podia mais conter.

- Deixe sair toda essa angústia, dor e medo que está sentindo. Você deve ter passado por situações bem piores não é? Vem ca.

Ele se solta e se senta fazendo com que minha cabeça fique em suas pernas e então começa a acariciar meu cabelo. Choro até cair no sono. O sol já batia no meu rosto quando acordo. Lembro da noite de ontem e só sinto vergonha. Olho pro lado e ele também está acordando.

- Bom dia.
- Bom dia.
- Me desculpa... por ontem eu acabei exagerando e fui um incômodo para você.
- Na verdade eu me sinto grato. Não é todo mundo que consegue ver esse seu lado. É bom desabafar um pouco ainda mais em um ramo como o seu.
- Obrigado.

Ele procura algo com a mão e vai tocando meu corpo passando pelo meu rosto até chegar no meu cabelo fazendo um carinho depois volta a tocar meu rosto.

- Sabe... agora que eu não posso te ver é tão bom tocar em você. Sua pele é suave assim como seus traços você é realmente bonito.
- Obrigado. Você também é... Sabe disso.
- Se você diz...
- Eu quero que conheça alguém.
- Quem?
- Meu tio.
- Seu tio? Por que?
- Porque você é importante pra mim. - digo beijando seu rosto. Ele instantaneamente fica corado. Sorrio já que ele pareceu fofo.

Dois dias depois Sunno recuperou sua visão o que me deixou mais tranquilo. Só então marco de encontrar meu tio no fim de semana. Eu estava tranquilo, mas Sunno parecia nervoso. Ele havia nos convidado para jantar e demorou um pouco a aparecer.

- Boa noite. Me desculpa a demora. Eu estava em tratamento.
- Tudo bem tio.
- Então esse é o garoto?
- Olá senhor eu sou o Sunno muito prazer.
- É educado apesar de parecer fraco. Um coelho assustado. Não sei por que eu tive esperanças... a tantas moças lindas por aí.
- Tio... Eu vou pedir só uma vez... tenha modos.
- Você ficou mais ousado. Acha que eu não fiquei sabendo das suas atitudes por causa desse garoto?
- E você acha que eu já não sabia que está por dentro de tudo. Você nunca foi bom em ação, Mas sempre esteve bem informado.
- Tem razão.
- Isso é uma mera formalidade. Sabe que eu não preciso de você pra nada a muito tempo.
- Sunghoon... ele é seu tio.

De repente meu tio solto um sorriso curto.

- É como se eu tivesse vendo seus pais na minha frente. Isso é ligeiramente desconfortável. Seu aniversário é em duas semanas já pensou em tudo?
- Sim.
- Quer ajuda?
- Não.
- Você sempre foi muito independente. Por isso chegou longe.
- Eu preciso que realize a cerimônia.
- É mesmo necessário? Sabe o peso que isso vai ter?
- Sei. Quero saber se concorda em realizar a cerimônia.
- Eu te apoiei com aquele outro garoto antes não foi? Não tinha como ser diferente agora. Ainda mais sabendo do poder que ele exerce sobre você.
- O que?
- Ele amoleceu seu coração não foi? Pelo menos em compensação está mais implacável do que nunca e isso é ótimo para os negócios da família. Você é um bom garoto... fico feliz que irá entrar para a família.
- Obrigado... Eu acho.
- Acho que já esclarecemos tudo. Vamos comer?

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