Capítulo 16 - livre

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11 anos atrás

― Novamente! ― Dylan gritava para Ezra e Rory.

Os irmãos eram fortes, mas tinham muito o que aprender sobre a água. Com os cabelos escuros molhados e os olhos cinzas cintilando em azul esverdeado, Rory fazia o irmão beber água e ensgasgar a cada rodada, o deixando cada vez mais bravo, seus olhos se tornando de um azul mais escuro.

O lago calmo estava cheio de ondas e nuvens escuras se formavam no céu.

― Crianças! Foquem em controlar somente a água onde vocês estão imersos, eu não quero saber de trovoadas ou chuvas. Foquem em uma coisa por vez! ― Dylan relembrou.

Ezra balançou seus ombros, sabia que tinha mais facilidade com as nuvens, a chuva e os trovões. Girando suas mãos rapidamente, ele focou na vibração e energia que emanava de seu corpo e acabava se espalhando na água em sua volta.

Forçando os músculos dos braços e rangendo os dentes, levantou uma muralha de água, contra atacando Rory, que por sua vez tentava a todo custo ultrapassar a barreira de água.

― Eu sei que você não vai aguentar por muito mais tempo, maninho. ― Ela sibilou, entre dentes.

Ezra sabia que ela era apenas competitiva demais, uma qualidade vista de seu ponto de vista. Treinar com ela era desafiador e ele a amava por isso. A força de ambos crescia cada vez que tinham que lutar um contra o outro.

Sua muralha de água enfraqueceu enquanto ele estava perdido em pensamentos e Rory lançou-lhe outra onda, desta vez forte e certeira, que o fizera engolir a água doce, novamente.

Atualmente

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Atualmente.

― Na maior parte do tempo você vai treinar comigo, mas Rory vai ajudá-la também. ― Ezra explicou a Pandora.

Ela observou Rory a distância, parecia entediada e com raiva. Girando em seus calcanhares, ela deu as costas para os dois.

― Tente não afogá-la demais. ― Gritou sobre o ombro.

Bem que ela gostaria disso. Pandora pensou, mas mordeu sua língua.

O macacão que Ezra vestia para o treino de hoje era o utilizandos para para lutar contra Firelands. Resistente ao fogo. 

Olhando para Ezra atentamente Pandora sentiu uma onda em seu peito, mas era uma labareda que se formava dentro dela, principalmente na parte debaixo do seu corpo. Ela sentia o rosto queimar também, e por mais que odiasse admitir, ela sabia que estava corando.  

Sentiu seu corpo tremer quando lembrou do que seu poder poderia fazer com as pessoas.

― Não tenha medo. ― Ezra disse, captando o sentimento em seu olhar e sentindo seu cheiro também. ― Você não vai me machucar.

Eles começaram o treinamento com os pés descalços, na água gelada do lago. Pandora gostava da sensação da água, mesmo com o corpo fervendo, a sensação de que algo que poderia controlá-la a encostava a fazia sentir-se segura.

Passo a passo, Ezra explicava os movimentos de suas mãos, braços e por fim corpo inteiro para emanar seu poder. Ela repetia os movimentos, mas sem deixar a vibração crescer dentro de si. Segundo Ezra, ela ia ficar exausta cada vez que os usasse.

Todo poder vem com um preço. Ele a lembrava constantemente.

Depois de repetir e decorar alguns movimentos, ela começou a liberar a vibração em seu estômago pelo corpo, tentando controlá-la nas mãos principalmente. A cada faísca de seus dedos, ela respirava fundo e recomeçava.

― O que há de errado? ― Ezra perguntou, vendo que ela não estava liberando tudo que podia.

― Tenho medo de não controlar. É forte. ― Pandora sussurrou, encarando seus olhos azuis.

― Tudo bem, faremos o seguinte. Eu vou me afastar e você tenta me atingir com tudo que tem. Pandora, como novata, você provavelmente não chegará nem no meio do caminho para me atingir. De verdade. Deixe-se incendiar.

Ezra correu se mantendo distante dela. E ela repetiu os movimentos com as mãos, movendo um pouco as pernas e braços, como ele tinha mostrado. A vibração crescia em seu peito e dessa vez, ela a deixou correr por entre seu corpo, emanando pela ponta dos dedos.

Seus pelos do braço se arrepiaram e seus pensamentos começaram a correr soltos. Ela lembrou do corpo de Mila, do rosto de Abigail, da saudade de seus pais.

Ao longe, Ezra conseguiu ver quando as mãos de Pandora se transformavam em chamas, mas ele nunca tinha visto um novato conseguir conjurar algo tão rapidamente. 

A primeira coisa que ele notou foi os olhos de Pandora cintilarem com um vermelho bordô que ele nunca tinha visto em um Fireland antes; a segunda coisa foi o tamanho da bola de fogo que ela conjurou com suas mãos; e a terceira, foi a força e a rapidez com que o fogo chegou perto de seu rosto. 

Se não fosse rápido o bastante para conjurar uma parede de água e apagá-lo, ele sabia que teria se queimado.

Com o coração batendo forte, Pandora não pode negar que gostou da sensação que sentiu quando lançou a bola de fogo em direção a Ezra. Ela sentia como agora que estava desperto, seu poder gritasse para ser liberado.

E de alguma forma, ela se sentia livre ao usá-lo. E essa sensação era muito rara dentro do Complexo Elementar para deixá-la de lado.

Naquele momento, era tudo que importava.

Ela se sentia livre.

Incendiar - o que corre em suas veias? *COMPLETO*Onde histórias criam vida. Descubra agora