Capítulo 7 - dando o seu melhor

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O pavilhão de treinamento era enorme e seu telhado extremamente alto, cordas grossas eram amarradas em troncos de madeira, e haviam quatro ringues distribuídos pelo espaço. Em um deles, dois homens com uniforme bege trocavam socos e pontapés, um deles já estava com nariz sangrando, mas seu rosto parecia estar determinado a não desistir.

Deixando o grupo em um canto do pavilhão, Dylan foi até um dos guardas que vigiava a luta, após uma conversa rápida, os dois voltaram para eles. O outro guarda tinha uma cicatriz grande no rosto, que ia em diagonal da testa até quase o canto da boca. Ele usava um macacão laranja. Um Fireland.

― Esse é Ben, seu tutor de habilidades, ele me dirá ao final de cada semana se vocês realmente vão servir para a força. ― Dylan anunciou, enquanto dava dois tapas fortes nas costas do amigo.

― Vocês ficarão em duplas, colocarei um novato com um veterano, assim vocês serão mais desafiados e aprenderão tudo mais rapidamente. ― Afirmou Ben, cruzando os braços sobre o peito.

― Pandora fica com Stefan, Ben. Uma gracinha que fizeram mais cedo. O resto é com você. ― Dylan falou. ― Venho ver como vocês estão se saindo mais tarde. ― Continuou, e deu as costas para o grupo.

― Pegaremos leve hoje, certo? Veteranos, ensinem aos novatos como desviar e se defender. Começaremos com o melhor jeito de não tomar uma surra.

Todos do grupo se juntaram e começaram a alongar os braços e as pernas, os novatos iam imitando os movimentos dos veteranos. Eles conversavam baixo entre si, uma menina com cabelos loiros e curtos tinha marcas de queimadura em suas mãos, como as do braço de Stefan. A maioria parecia ser jovem, tirando um menino que aparentava ter uns doze anos de idade e um senhor com cabelos grisalhos.

― Vamos. ― Stefan disse, chamando Pandora.

Ele caminhou até um dos ringues e passou por debaixo das cordas, Pandora o seguiu de perto.

Devagar, Stefan começou se portando com um pé um pouco ao lado do corpo e outro a frente, Pandora fez o mesmo, era a posição que seu pai já a havia ensinado quando treinavam juntos para a própria defesa dela. Um aperto de saudade atingiu seu peito e ela cravou as unhas em suas palmas da mão.

Para não a machucar, Stefan começou pegando leve, mas percebeu que sua guarda já era bem evoluída. Ele tentou dar um soco fraco, mas lento em suas costelas do lado direito e ela desviou, se jogando para esquerda e revidando um soco nele.

― Olha, você já sabe alguma coisa. ― Ele disse enquanto agarrava o braço dela no meio do caminho.

― Aprendi com o meu pai. ―Ela respondeu, tirando um fio de cabelo que caia em seu rosto.

― Você é pequena, mas ainda não é rápida o suficiente. Iremos treinar alguns movimentos em sequência, até você executá-los sem nem precisar pensar, ok?

Pandora assentiu e eles treinaram por três horas seguidas, ela sentia seus músculos ficando tensos e doloridos. Suor escorria pelo macacão de Pandora. Seus movimentos iam ficando cada vez mais lentos por causa do cansaço.

O corpo de Stefan começou a esquentar, mas ela era muito lenta para o que ele estava acostumado, já que treinava a três anos contra elementares. A cada erro dela, ele respirava fundo e começava o movimento do zero, ele admirava a força de vontade dela em aprender, refazendo tudo sem reclamar, mesmo o cansaço estando nítido em seu semblante.

― Ok, por hoje é isso! ― Ben gritou, fazendo todo mundo sair de seus ringues.

O grupo se juntou, todos com suor descendo pelos seus macacões. Ficaram sentados enquanto aguardavam Dylan os liberar para os dormitórios novamente. Pandora e Stefan dividiram uma garrafa de água e as outras duplas conversavam em tom baixo a sua volta.

Voltando para o dormitório, os chuveiros não tinham capacidade para todos poderem se limpar ao mesmo tempo, então Pandora ficou deitada em sua cama encarando o teto até chegar sua vez, Stefan fez o mesmo em seu colchão ao lado.

― Faz tempo que não tenho uma companheira de colchão. ― Ele disse, sem virar para ela.

― Sua sorte que não ronco. ― Pandora respondeu, também sem olha-lo. ― Deixa eu ver se entendi, temos Aquairs, que mexem com ar e a água, e os Firelands que lidam com fogo e a terra, é isso? ― continuou ela.

― Isso. Mas alguns Aquairs têm suas habilidades de ar mais desenvolvidas do que a de água, assim também acontece com Firelands. Dylan, por exemplo, é um Fireland com a habilidade de terra muito elevada, por isso o macacão dele é verde.

― Entendi. ― Ela respondeu, se virando para olha-lo. Stefan continuou encarando o teto, seu semblante era calmo. ― Você não pensou em fugir?

― Está doida? Qual parte do eles tem poderes e são muito mais fortes do que nós você não entendeu? ― Ele respondeu, se virando bruscamente, seu olhar parecia encarar sua alma.

Pandora deu de ombros e se levantou, se dirigindo ao banheiro.

― Você mesmo disse, se eu ficar boa o suficiente, posso dar uma surra neles! ― Ela gritou no meio do caminho, alguns olhares curiosos a encararam e Stefan riu alto, aplaudindo enquanto ela dava as costas para ele. Mesmo assim, sentiu um arrepio em seus braços, ele estava começando a ficar preocupado que ela realmente tentasse escapas. E pior, ele não deixaria ela fazer aquilo sozinha.

Após o banho, todos os detentos se encontraram na cantina, Pandora pegou uma bandeja de hamburguer com folhas verdes e um suco de uva. Sentou ao lado de Stefan, que falava animado com os veteranos sobre o treinamento em grupo que teriam dali algumas semanas.

― Ao menos eles tem hamburguer aqui. ― Ela comentou, com a boca cheia.

― Sim, eu também esperava que eles se alimentassem da luz solar quando cheguei. ― Stefan respondeu, seus companheiros batiam na mesa, rindo de sua piada. Pandora sorriu para eles.

Naquela noite, Pandora teve pesadelos com olhos vermelhos que a perseguiam na floresta.

Incendiar - o que corre em suas veias? *COMPLETO*Onde histórias criam vida. Descubra agora