Como Num Piscar de Olhos (Brasil)

Os negócios crescem a cada dia...

Era inverno e o frio estava exagerado naquela noite...

Após dar algumas orientações aos nossos colaboradores referente à nova plantação de café, sento-me na cadeira de balanço, na varanda de meu quarto, enquanto tomo uma xícara de chocolate quente.

Luis lê as manchetes do jornal, sentado em nossa cama. A paz e o silêncio reinam na noite fria...

Nossos negócios crescem a cada dia. Toda a plantação de café está negociada e a prosperidade avança em nossa fazenda.

Baixinho, faço uma oração e agradeço a Deus por tudo!
Depois de tantas tempestades, por fim, estávamos vivendo a bonança!

No dia seguinte, após orientar as cozinheiras referente aos pratos que seriam servidos no almoço, ouço uma delas comentar sobre uma bela mulher que havia comprado uma grande fazenda de café, próxima à nossa.
Ao escuta-las percebo que  falam da nova vizinha com tanta admiração que fico curiosa.

Olho pela janela e vejo Luis chegando em nosso casarão acompanhado do contador, Sr. Ucor. Percebo que falam empolgados dos últimos negócios fechados e do crescimento na procura por nosso café.
Ao entrarem na sala, Luis me chama animado: 

— Nana, venha ouvir as novidades que o Sr. Ucor está me contando! 

Assim que entrei, Luis me beija a testa e diz: — Sr. Ucor, conte as novidades para minha esposa. Ela é a principal responsável pela bela safra de café que tivemos este ano! Além de excelente esposa ela é uma administradora sem igual!

Encabulada, olho para o Sr. Ucor, que me cumprimenta e inicia a apresentação dos cálculos que geraram o lucro da fazenda, após a grande venda do café.

Abraço Luis e digo em seu ouvido:

— Glória a Deus meu amor! A nossa fazenda é realmente dirigida por Jesus! Mas quem comprou toda a nossa safra?

Luis responde, com sorriso no rosto: — A mais nova fazendeira e comerciante da região, Sra. Olly. Ela é muito conhecida e respeitada no mercado alimentício de São Paulo e Rio de Janeiro. Agora ela quer investir aqui em Minas Gerais também!

Logo lembrei-me da conversa que ouvi das cozinheiras sobre a nova vizinha.

Em sequencia, o Sr. Ucor completa:

— Dona Nana, a Sra. Olly comprou toda produção de café da fazenda e
pagou antecipado. Ela negocia com perspicácia e parece ser muito
inteligente.

Após dispensar o Sr. Ucor, Luis e eu ainda ficamos por alguns minutos conversando sobre a tal comerciante e o lucro que essa negociação nos renderia.

Uma semana depois, Luis e eu fomos ao encontro da Sra. Olly, para formalizarmos os detalhes da negociação.
Sua fazenda e toda a estrutura eram excelentes, de extremo bom gosto e funcional.

Assim que chegamos a Sra. Olly veio nos receber com um belo sorriso. Ela é muito comunicativa e amável.
Sentamos à mesa, no grande salão, tomamos chá e conversamos por horas...
Parecia até que a conhecíamos há anos...
O sistema operacional da fazenda  também era de mão-de-obra colona, ou seja, de escravos alforriados, como em nossa fazenda.

Sra. Olly era uma mulher bonita, pele clara, muito alta e com longos cabelos castanhos caídos nos ombros e costas, semelhante a um lindo véu. Seus olhos amendoados e claros nos hipnotizavam com sua delicadeza!

Formalizamos com ela a venda de nosso café com total segurança, afinal, conhecida como grande comerciante ela também era herdeira de um patrimônio incalculável, legado deixado por seu falecido pai que  se destacou no comércio e na bolsa de valores de São Paulo e Rio de Janeiro. 

Ela nos transmitiu credibilidade em todas as suas negociações.
Não nos foi apresentado um marido. Deduzi que não era casada. Mesmo porque, isso não faria nenhuma diferença, afinal, ela era uma mulher brilhante! Pretendentes não deviam lhe faltar!

Com o passar do tempo Olly e eu nos tornaríamos mais que grandes amigas, quase
irmãs.

Olly, padre Pil e eu formaríamos um trio inseparável!

Retornamos à nossa fazenda convictos de que, a partir daquele dia, Sra. Olly seria nossa grande parceira comercial e juntos iríamos fazer excelentes negócios.