Paris, junho de 1940

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Alguns anos se passaram...


Estamos em junho de 1940.
Quando o mundo parecia ter se recuperado dos efeitos catastróficos da primeira guerra mundial, Paris foi ocupada pelo exército de Hitler.

Mais uma vez, nossos projetos sociais se fizeram presente e tiveram um importante papel, auxiliando os militares aliados nos campos de batalha, juntamente com a Cruz Vermelha.

Até 1945, quando decretado o final das batalhas, trabalhamos incansavelmente em ações humanitárias que envolviam famílias inteiras de refugiados de guerra.
Procurávamos levar a todos uma melhor condição social, proporcionando-os assistência média e psicológica, além de alimentação e trabalho digno.

Em todos esses anos, mesmo residindo em Paris, procuro manter contato com minha família no Brasil, que tanto amo!

Padre Pil, depois de dedicar toda a sua vida às missões religiosas, faleceu bem velhinho.

Minha irmã, depois do triste falecimento de seu noivo, nunca se casou.
Passou todos os anos de sua vida cuidando de minha mãe e meu pai, até falecerem.

Olly mudou-se para o Rio de Janeiro e abriu sua própria bolsa de valores.

Jane e Augusto dedicam seus dias na implantação de novas cooperativas de produção do café, por todo país.

Quanto ao meu amado Ucor, soube que, assim que me mudei para Paris, ele retornou para São Paulo, sua cidade natal.
Depois daquela noite no museu nunca mais o encontrei nem tive notícias sua!


Hoje, dia 19 de fevereiro de 1946, comemoro sozinha meu aniversário de 80 anos, sentada à mesa do Le Dôme Café, na Boulevard du Montparnasse.

Degusto uma deliciosa xícara de chocolate quente apreciando o maravilhoso cair da tarde de inverno frio, porém, ensolarado.

Pensativa, faço uma reflexão de minha vida: 


"Nasci e cresci em uma família tradicional fazendeira brasileira, detentora de grandes posses, em Minas Gerais.
Casei-me, ainda muito jovem, com um homem escolhido por meu pai, que aprendi a amar por seu jeito carinhoso e bondoso. Dediquei-me a ele até seus últimos dias, após ser acometido de um derrame cerebral.
Tornei-me uma das fazendeiras mais prósperas e respeitadas do Brasil.
Com o auxílio de Olly, minha melhor amiga, adquiri fortuna com aplicações financeiras em bolsas de valores.
Tive o privilégio de amar e ser amada pelo homem mais extraordinário e amável que já existiu: Sr. Ucor.
Conheci, através de padre Pil, o maravilhoso projeto humanitário: "Amai ao Próximo como a ti mesmo".
Mudei-me para Paris, onde vivi longos e extraordinários anos, dedicando-me à projetos que são meu fôlego de vida! Nada mais gratificante que um sorriso após estendermos as mãos a quem precisa!

Sinto-me agraciada por Deus pela oportunidade de compartilhar com muitas pessoas o que Ele me capacitou para adquirir.

Obrigada por tudo, Jesus!!!"

Como Num Piscar de Olhos (Brasil)Onde histórias criam vida. Descubra agora