Segredos Da Coroa

CAPÍTULO VI

Killian e Joseph finalmente chegaram ao palácio. Joseph estava extremamente mal humorado, poderia colocar fogo em todo o reino se não começasse a bater em alguma coisa. Killian estava verde, ou pior, sem cor, o enjoo não passou nos dias que restaram para chegar ao palácio. Sua mãe, não se preocupou nenhum pouco com o estado de saúde do filho.

— Killian, você sempre fica assim quando vem à Starlight. Parece que tem alergia ao lugar. — disse Christa, a Lady regente de Aza.

— Não lembro da última vez que estive aqui. – continuou Killian.

— Ah, você só tinha alguns meses. — ela disse com desdém — quase morreu.

Aquilo com certeza aliviou a pressão em Joseph e o fez rir do amigo, que ao escutar a declaração da mãe o seu estado de espanto ficou pior.

Os três foram recebidos por uma calorosa recepção na entrada do palácio. Flores por todos os lados, doces, tortas, que só de olhar fez a barriga de Killian embrulhar outra vez.

— Sejam muito bem-vindos! — A voz da rainha ecoou em todo o salão.

Imediatamente os três reverenciaram o poder e a beleza que a rainha emanava. Os joelhos de Killian o entregaram quando precisou segurar no amigo para não cair.

— Querido, você está bem?

Ótimo! Agora tinha conseguido a atenção da rainha para seu estado deplorável.

— Perfeitamente. – Killian respondeu antes de engolir em seco.

— Não, você não está perfeitamente bem. – a rainha chegou mais perto e o observou — vou lhe preparar uma essência.

— Amanda — disse Christa se aproximando da amiga — , não precisa se incomodar.

Joseph se perguntou se algum dia existiu amor dentro daquela mulher. Se sentiu na obrigação de interromper as duas:

— Na verdade majestade, Killian adoraria uma de suas essências. E comida, por favor, não come nada há dias.

— Uau, Joseph! – disse Killian – Não tenho mais nada que queira reclamar de mim para a majestade?

— Você precisa. Estou apenas fazendo meu trabalho.

Joseph olhou para a rainha e viu reconhecimento, respeito. Sua consciência estava limpa, mas seu corpo cansado de guardar tanto poder.

— Majestade, se não for pedir muito...

— Não se preocupe Joseph – interrompeu Amanda — Eu já avisei ao nosso chefe da guarda sobre suas necessidades de luta. – um sorriso repuxou os lábios de Joseph — irá encontrá-lo no nosso campo de treinamento.

— Nem sei como agradecer, minha rainha.

— Não há necessidade. E por favor insisto que me chamem de Amanda.

Amanda sorriu e isso fez com que o trio cansado da viagem longa, sorrisse também.

•●•

Joseph nunca tinha ido a Starlight, mas de alguma forma se sentia em casa. Sentia-se acolhido, o ar que respirava em Stalright, de longe, não era tão puro como de Aza, porém algo dentro do seu coração o acomodação ali.

Joseph chegou ao campo de treinamento e se maravilhou com a visão que teve: armas dispostas em todos os lugares, escudos, roupas, cavalos e ferreiros estavam no vasto campo.

— Você deve ser o Lorde Joseph Hunt. Ouvi a seu respeito. – disse um homem alto, musculoso, vestido como o general da guarda starliana.

— Sim senhor – Joseph o cumprimentou com um aperto de mão – , insisto que me chamem de apenas Joseph. Não escondo para ninguém que odeio o meu título de lorde.

O general riu.

— Nesse caso, me chame de Michael.

Os dois generais  caminharam pelo pátio, foram lhe apresentado as novas armas e as táticas de treinamento.

— Aqui cada soldado tem sua arma – continuou Michael — devo agradecimentos à Aza, primeiramente por aplicar a ideia e, posteriormente nos permitir aperfeiçoa-la.

— Não seja modesto.

— Os ferreiros participam do treino como qualquer outro soldado, só que diferente, eles conhecem a forma de luta de cada um e aperfeiçoa a arma de acordo com seu propósito. – Michael se maravilhou com o próprio feito enquanto contava todos os detalhes a Joseph — Os soldados são treinados para qualquer situação, porém posicionados de maneira que sejam úteis em situações específicas.

— Não é muito inteligente treinar o soldado apenas com uma arma. — Joseph assumiu, repentinamente sua postura de general — Suponhamos que houvesse um ataque aos arqueiros, ainda guerreariam se não houvesse proteção nos céus?

— Isso é quase improvável de acontecer e se acontecesse... bom, é por isso que posicionamos soldados arqueiros em diferentes locais em campo de batalha. Os ensinamos a lutar para todas as direções.

— Certo! — Joseph estava exausto da viagem, jamais discutiria com o general da guarda starliana enquanto seu corpo pedia para ser esvaziado. — Por favor, pode me informar onde fica o centro de luta?

— A uns dez metros — disse Maichael — infelizmente já liberei meus homens, mas se quiser eu posso lutar com você.

A vontade que Michael teve de chamar Joseph de garoto não foi pequena. Comparado a Michael, Joseph era dezesseis anos mais novo. Uma vida inteira. Mas Michael se conteve, lembrou -se que aquele jovem também era general e que tinha recebido ordens expressas da rainha para que o deixasse relaxar.

— Não é necessário. – disse Joseph – Nos encontraremos bastante nas próximas semanas, teremos tempo para disputar.

Michael saiu do pátio. Joseph encontrou o salão de luta vazio e um único saco de areia foi sua companhia por três horas. Quando percebeu que sua magia que antes agitada, se acalmou, Joseph voltou para o castelo, encontrou Killian dormindo depois da essência da rainha e foi para seus aposentos.

Estava com dor de cabeça, o que não era uma novidade. Longe de casa muita coisa podia dar errado e, Joseph sentia que tudo seria sua responsabilidade, se acontecesse algo com Killian, ou um incêndio em alguma parte de Starlight, uma distração bem grande, não hesitaria em abandonar seu título ou seu posto. Tudo o que queria era alguns anos de puro sossego.

•●•

A essência que Amanda deu para Killian o fez dormir, durante horas, a mente de Killian tentava se encontrar dentro do próprio espaço, a magia se agitava dentro de si, como se estivesse se alimentando.

Killian não hesitou, não protestou quando o sono e a exaustão se instalaram. Dormir sempre foi um desafio, os sonhos, as lembranças de uma vida passada. O poder tentando ainda se encontrar. Dor era o que causava. Mas Killian dormiu, não sonhou, apenas apagou e tentou fazer com que sua mente se encontrasse, que as memórias permanecessem no presente.