CAPÍTULO I

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Teresa Scar estava sentada em sua janela no vigésimo andar do prédio mais novo que seus pais conquistaram. Os Scar era o clã com mais propriedades, dinheiro e poder que existia. Conhecidos como a segunda família mais poderosa de Constillatio, subordinados apenas para família real, a fama de assassinos era conhecida em todo o território, podiam ser contratados por todas cortes e valiam muito, muito dinheiro.

Compartilhavam a fama com mais duas famílias, os Lewis, protetores da espada sagrada Matadora de Deuses, e os Montgomery, guardiões da Destruidora de Mundos.

Teresa olhava e admirava as estrelas constantemente, gostava da noite, adorava a noite. Sentia nas estrelas uma calma e um poder que não conseguia entender, portanto não tentava explicar para ninguém.

- Encontrei você. - Teresa se assustou, porém não demonstrou, foi treinada para esconder muito bem seus movimentos.

- Que surpresa. - Colin não acreditou.
Ele se aproximou de Teresa, passou os braços pela sua cintura e a agarrou, se certificando que ela não caísse. Teresa riu.

- Onde estava? - O pai de Teresa, o Senhor das Mortes, usava Colin como instrumento para qualquer coisa depois que o jovem casal assumiu o namoro. - Não deixe ele matar você.

Colin sorriu sobre o pescoço exposto de Teresa. Como amava aquele cheiro, tinha sabor de noite e vela. Podia morar ali, naquele pequeno pedaço de pele, apenas para ter o prazer de sentir aquele cheiro. Teresa passou as pernas pela janela e, ficou cara a cara com Colin. Caramba, como ele é lindo. Podia um homem ficar cada dia mais lindo? Ela não sabia, mas afirmava que Colin podia sim, seu Colin. Teresa sorriu.

- Ele me enviou para o norte, nas minas de ouro. Queria um relatório de quantos homens se voluntariaram para treinamento.

Claro, sempre era sobre treinamento. Colin percebeu o revirar de olhos de Teresa e a segurou pelas mãos, ainda tinha medo que ela caísse dali, seria uma queda fatal que ele não estava nem um pouco a fim de testemunhar. Teresa percebeu seu olhar preocupado.

- Está com medo que eu caia? - Ela sabia, claro que sabia e a hesitação de Colin ao responder só testificou isso.

- Só por segurança. - Ele apertou mais a suas mãos.

Ela o olhou com ternura, amor. Ele era humano, sem poder. Um jovem de vinte anos que se apaixonou pela filha do Senhor das Mortes. E mesmo assim, ele queria protegê-la, ela, treinada desde o nascimento, poderosa, talentosa, metamorfa, formas de transformação ainda limitadas, porém ela sabia que naquele quarto, naquele prédio, ele era quem precisava de mais proteção.

- Você confia em mim, Colin? - Um teste. Com os Scar sempre era um teste.

- Se incomodaria se eu dissesse, não?

Teresa sorriu. A sinceridade de Colin a deixava cada dia mais fascinada, mais apaixonada. Como um homem comum poderia a atrair tanto assim? Teresa soltou suas mãos das de Colin e caiu de costas, o grito rasgando sua garganta em uma queda livre, uma queda de quase seiscentos metros e Teresa caía em plena noite. Colin correu em uma tentativa inútil de trazer Teresa de volta à janela. Não podia fazer nada, ela estava em uma queda fatal, o que mais temia.

Teresa sentiu o vento impulsionando seu corpo e sorriu. Ela amava aquela sensação, o chão ficou mais perto e Teresa podia sentir, quase como se o coração de Colin pulsasse junto ao seu, o terror que causara a ele.

Teresa fechou os olhos e se concentrou, pensou em asas, nas suas asas e as conjurou num piscar de olhos, asas de um tom preto azulado com pontos brancos como estrelas no céu noturno. Suas asas eram a noite encarnada. Ela as bateu, um som tão alto e tão forte que quem estivesse embaixo sentiria não um vento, mas quase um vendaval. Então ela subiu, de volta ao andar do quarto, onde encontrou Colin com os olhos arregalados e pálido. Seu homem estava pálido. O tom de pele se destacou nos seus olhos pretos e seu cabelo castanho escuro. Mas quando Colin percebeu que, o que estava vendo era Teresa, viva, sorrindo para ele, então ele também sorriu, o tom da sua pele voltando a cor natural, passou de um branco morto para um dourado bronzeado.

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