Emoções

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       Christie tremia por todos os lados. Receava que a qualquer momento fossem revistar o quarto do hotel onde escondia a sua sobrinha. Temia a prisão, a solidão, o escuro, a fome e a sede. Fez as malas à pressa, em segundos, mas cada segundo pareceu-lhe uma eternidade e isto fê-la entrar em desespero. Christie obrigou a sua irmã a acompanhá-la até ao carro em que iriam viajar. Lá esperaram a chegada de Lia e do condutor. Lia foi posta dentro de uma grande caixa de cartão. Essa caixa foi colocada dentro da bagageira do carro onde a viagem ia ocorrer.

       Estava tudo a postos para a viagem que caso fosse concluída com sucesso poderia tornar Christie milionária. Quando o condutor mete o pé no acelerador, Christie reza e pede a Deus sorte e sucesso. Por mais bondoso que Deus seja nunca poderia ajudar á realização de um pecado. Enquanto o carro atravessava as estradas de Londres, aquele carro dividia-se em emoções completamente distintas. A felicidade dos que alcançariam a glória e a tristeza dos que estavam a ser torturadas em prol da tal glória. O carro continuava o seu caminho, tinha de sair de Inglaterra sem deixar rasto.

       O primeiro objectivo era chegar a Kent para poder entrar no Eurotúnel, um túnel ferroviário que liga esta cidade a Calais, uma cidade francesa. Depois de atravessarem o famoso túnel, fariam uma última viagem. Iriam até Paris onde ficariam alojados numa casa de férias que Stephen tinha comprado.

       A caminho de Kent, Lia na bagageira do carro ia tentando libertar-se da caixa de cartão que a envolvia. Estava algemada e tinha os pés atados com cordas. Conseguiu livrar-se das cordas que lhe prendiam os pés e a partir daí, com os membros inferiores libertos já tinha mais hipóteses de salvar a sua vida embora a probabilidade de o conseguir continuasse fraca. Desde pequena que não gostava de cortar as unhas dos pés, então descalçou-se e foi rasgando a fita-cola que selava a caixa, com as unhas dos pés. Lia conseguiu abrir a caixa. Lia conseguiu finalmente ver o sol através do vidro da bagageira do carro.

       Julian passou a viagem a chorar, chorava pelo seu marido, chorava pelo sofrimento da sua filha e até chorava por Jimmy. A sua mente estava assombrada e a sua vida era simplesmente demasiado infernal para ser suportada por um humano. Se abrisse a porta do carro e impulsionasse o seu corpo para a estrada morria. Se cometesse o suicídio, Christie deixaria de ter hipóteses de se tornar milionária Tirou o cinto que a prendia ao carro, abriu a porta do automóvel e atirou-se para a estrada. Julian morreu.

       Christie ficou perplexa com tudo isto que aconteceu. Fechou a porta que Julian abriu e pediu ao condutor para acelerar. O seu plano de se tornar milionária podia ter morrido ali, mas não poderia deixar que descobrissem o corpo de Lia, porque caso contrário seriam descobertos todos os seus crimes. A única solução era assassinar Lia.

       Várias camaras que estavam colocadas nas estradas filmaram o suicídio de Julian. A polícia organizou de imediato uma perseguição ao carro de Julian. O condutor acelerou tal como Christie pediu, mas ele próprio se sentiu mal com tudo o que se estava a acontecer. Conduzia de lágrimas nos olhos. Todas as rádios estavam informadas desta perseguição e informaram também os seus ouvintes. Este triste condutor ao ouvir a rádio fica de tal modo stressado, que se começa a desfazer em suor e a entrar numa depressão. Começou a perder os sentidos, perdeu o controlo do automóvel e despistou-se.  O carro capotou e estava montado um cenário desastroso.  Morreram todos os tripulantes à excepção de uma pessoa. Lia milagrosamente sobreviveu.

A BailarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora