A Bailarina

Surpresas

       Tudo deixou de fazer sentido. Lia deixou de ter capacidade para pensar, a sua cabeça estava uma grande confusão. Não conseguia levantar-se do chão da casa de Jimmy, este que estava falecido ao seu lado. Queria suicidar-se, pois pensava que a sua vida não fazia sentido nenhum. Então pegou numa faca, apontou-a ao coração mas não teve coragem de se matar, uma voz dentro dela falou mais alto. Algo quis que ela continuasse a sofrer e não a permitiu acabar ali com a sua vida.

       Já que tinha de continuar a sua triste vida, levantou-se e foi explorar a casa de Jimmy, principalmente o exterior para tentar entender em que zona de Londres estava. A casa estava no meio de um bosque. Lá haviam as mais variadas árores de fruto e outras plantas, viam-se borboletas a voar, abelhas a trabalhar e portanto muita tranquilidade. Mas nem os ares do campo conseguiam limpar a mente de Lia. Deitou-se na relva a chorar, julgava ter perdido tudo o que tinha de bom na sua vida e receava que a morte demorasse a chegar.

       Lia apenas queria apenas sair daquele lugar, embora fosse o local perfeito para viver a sua vida. Decidiu ir a uma das garagens da casa, escolheu um carro, partiu o vidro para poder abrir a porta, enfiou-se no carro e foi em busca de uma esquadra policial para participar os crimes que assistiu e de que tinha conhecimento. Não sabia em que sítio estava, não sabia que estrada seguir nem tinha ninguém que a ajudasse, mas partiu.

       Tinha esperança de encontrar alguém que a socorre-se mas estava com azar. As pessoas ainda temiam a tempestade por isso não saiam de casa. No entanto, Lia escuta um telefone a tocar. Pára o carro e vira-o do avesso para encontrar o maldito telefone que não parava de tocar. Consegue encontrá-lo e quando vê de quem é o telefonema fica surpreendida. Aparentemente ela própria estava a ligar para o falecido Jimmy. Atende para descobrir quem se estava a fazer passar por ela, mas quem estava do outro lado apenas lhe deu indicações para ir ter à porta 23 do The May Fair Hotel e ameaçaram matar a sua mãe caso ela fosse a alguma esquadra antes de chegar ao tal hotel.

       Tinha medo do que lhe poderia acontecer depois de entrar no hotel, mas após algumas hesitações acabou por entrar. Foi até ao segundo andar, bateu à porta 23 e a porta foi aberta pela sua mãe. Ficou boquiaberta e por ver ali a sua mãe abraçou-a desesperadamente. Um homem que Lia desconhecia agarrou-a e separou-a da sua mãe e com ajuda de mais dois homens bem fortes, amarraram a triste rapariga a uma cadeira. Deixaram a mãe de Lia, Julian Buttler, ilesa.

       Julian assumiu ter sido ela quem planeou todos os tristes acontecimentos ocorridos, disse ter sido ela quem assassinou o seu marido, por querer todo o dinheiro que ele tinha, disse ter fingido um desaparecimento para fugir da polícia. Lia não reagiu, apenas lacrimejava como se os seus olhos fossem torneiras.