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Capítulo 4 - Festa do Pijama

Eram nove da manhã quando a luz do sol me fez acordar, confesso que não havia dormido muito bem essa noite, principalmente pela preocupação com minha mãe, precisava agir logo. Me levantei, fiz minha higiene e tomei um café com ovos mexidos e duas torradas, precisava fazer uma ligação importante, era minha última carta na manga, se isso não funcionasse, não havia mais nada a fazer. Disquei os números e aguardei na linha enquanto chamava, rezando para que atendesse.

- Alô?
- Oi, vovó. Sou eu... - Disse, como era bom ouvir sua voz, minha avó materna me ajudou demais a superar a morte de minha avó paterna, nós não tínhamos tanto contato, mas depois do que aconteceu, acabou se criando um laço muito intenso e nesse momento, ela era minha última esperança.
- Que bom falar com você, meu amor, como você está? E sua mãe?
- Foi justamente por isso que liguei, preciso de ajuda e só a senhora vai conseguir me ajudar.
- Quando você fala assim... O que aconteceu? - Senti a apreensão em sua voz.
- Mamãe está mal, ela precisa de você.
- O que ela tem, filha? Está doente?
- Digamos que sim...

(...)

Contei toda a história para minha avó e ela concordou em ajudar, como eu imaginava, a primeira parte estava ok, agora precisava convencer a segunda parte e esse era o problema. Peguei minha bolsa e sai em direção a minha antiga casa novamente, quando cheguei tudo parecia bem calmo, não falei com Cida dessa vez, apenas entrei. Encontrei minha mãe fazendo o almoço na cozinha.

- Oi mãe...
- O que faz aqui, Diana? - Ela disse sem me olhar, mas com raiva na voz.
- Vim ver como você está...
- Estou ótima, pode ir embora. Me faça o favor de nunca mais voltar.
- Mãe... Por favor, preciso que me ouça. Eu sei o quanto você tem sofrido, você é cabeça dura, mas eu sei que você quer melhorar e eu não vou me casar de tentar... Essa é minha última opção, se não aceitar, vou entender e não te perturbo mais, por mais que me doa muito.
- O que é, afinal? - Ela disse largando a colher em cima da pia e me olhando pela primeira vez desde que cheguei.
- Eu sei o quanto você gostaria de voltar para a casa da vovó, eu conversei com ela e ela concordou que era seria bom pra você estar perto dela. Eu usei minhas economias e comprei essa passagem para você. É para daqui dois dias, tem todos as informações aí...

Ela pegou a passagem de minha mão e analisou e então, voltou a colocar na mesa.

- Não quero nada seu.
- Mãe, você não pode mais continuar desse jeito, bebendo até não aguentar mais todos os dias, brigando o tempo todo e o pior, com aquele infeliz. Por favor, aceite isso pelo seu bem, você vai estar bem melhor com a vovó na sua cidade natal. Eu me viro com a casa, dou um jeito de alugar e assim posso te enviar o dinheiro para que você possa se manter por lá, mas eu te imploro, aceite essa ajuda!
- E o Carlos? - Ela perguntou se referindo ao seu namorado.
- Mãe, ele só te faz mal, praticamente não para em casa, você não precisa dele!
- Eu não quero, Diana. Obrigada pela tentativa.
- Fique com a passagem, eu vou até o aeroporto na data e horário de embarque para me despedir de você antes de ir, se você não estiver lá, vou entender que você não aceitou minha ajuda, mas por favor, pense bem a respeito, se precisar de algo, me ligue. - Dei um abraço nela que mal correspondeu e fui embora.

No caminho até meu apartamento, eu não conseguia parar de pensar na minha mãe e relembrar tantos momentos bons e ruins. Ela precisava aceitar essa proposta, eu não aguentava mais ver minha mãe sofrer, ela ainda tinha muito para viver e com certeza, não conseguirá se continuar aqui nesse lugar. Quando cheguei em um semáforo vermelho, meu celular vibrou, era uma mensagem de minha amiga, Hellen. Hellen era simplesmente uma pessoa incrível, nos conhecemos desde os 9 anos e agora, com 22 era mais difícil de nos encontrarmos com toda a correria, mas adorava vê-la e relembrar os velhos tempos.

Hellen: "O que acha de uma noite das garotas hoje??"

Eu: "Mal posso esperar!!"

Hellen: "Te espero na minha casa às oito, vou preparar várias coisas pra nós, traz seu pijama!"