Precisamos Conversar

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Às onze e meia, fiquei fazendo a mesma coisa que eu estava fazendo horas atrás, andando em volta da praça, mas, quando chegava a parte de eu passar na frente da lanchonete, eu voltava.

Quando deu meio-dia, fui até a rua macabra da casa do Lucca. Um detalhe muito importante para falar aqui, é que não choveu. Acho que George tem ouvido fofocas demais. Chegando à rua macabra, me aproximei da porta da casa de Lucca. Não cheguei bate-la, só fiquei ali, em pé, e esperando Lucca voltar da escola. Eu não sabia se ele já tinha voltado para casa, mas mesmo assim, preferi ficar ali esperando. Fiquei ali durante uns dois minutos, e foi quando decidi me sentar um pouco. Sentei-me na calçada e esperei Lucca aparecer. Pouco tempo depois, vi um garoto entrando na rua:

– Não, não pode ser ele. – Falei baixinho. – Não é possível que ele tenha mudado tanto em tanto pouco tempo. – O garoto que havia entrando na rua se aproximou de mim e eu fiquei paralisado.

– Dave? – Perguntou o garoto branco de cabelos castanhos, e percebi que ele realmente era o Lucca. – O que está fazendo aqui, em frente a minha casa? – Ajeitou a gola da sua camisa polo azul.

– Sim, eu sou o Dave da escola... Da sua antiga escola. – Respondi me levantando.

– Não precisa falar quem é. Eu sei muito bem que é você.

– Como... Como me reconheceu? – Perguntei nervoso.

– Você não mudou nada! – Enfiou suas mãos nos bolsos da calça jeans que vestia.

– Diferente de você... Você mudou bastante.

– É... Eu sei. Minha aparência mudou e minha vida também... Mas o que está fazendo aqui, e como sabe que moro aqui?

– Eu... Teve um dia que vi você vindo até aqui... Eu te vi na rua, e vi que você mora aqui. – Inventei uma desculpa nada convincente.

– E o que está fazendo aqui?

– Eu... Ah vou falar logo a verdade. Eu estou sabendo, sobre o que aconteceu com a Ivy.

– Como assim? Pensava que ninguém tinha visto o que aconteceu naquele dia. – Disse ele pensativo.

– Nate quem me disse. – Retruquei e Lucca levantou as sobrancelhas.

– O quê?

– Tivemos um acampamento de verão, e no caminho de volta, o vimos correndo até a sua rua. – Falei tudo de uma vez, para que parecesse menos chocante.

– “Vimos” quem? Tem mais alguém nessa história?

– Eu e Millie estávamos voltando da escola, e vimos Nate correndo até aqui. O seguimos, e vimos o que estava acontecendo. – Lucca se aproximou de mim, como quem quisesse mais informações. – E nisso, vimos o que vocês estavam fazendo, pichando a mansão. Pedimos uma explicação para aquilo e ele contou tudo... Inclusive do porquê de você estar morando aqui.

– Ele me prometeu contar a ninguém!

– Mas sabe quem mais prometeu não contar nada a ninguém? Eu e Millie. Logo quando Nate nos disse tudo, prometemos ficar calados.

–... Ele disse tudo? – Perguntou Lucca me interrompendo.

– Sim. Quando ele nos disse tudo, Millie e eu prometemos não contar nada a ninguém, então seu segredo está seguro com a gente.

–... E por que eu deveria confiar em você? – Perguntou me interrompendo novamente. – Sempre fomos inimigos na escola, você podia só estar esperando uma bomba sobre mim, para depois explodir a notícia, e ferrar com minha vida.

Meninas Vestem Azul & Meninos Vestem RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora