Paintball

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Isso que é aproveitar a adolescência! Acampamento de Verão com paintball! Tem coisa melhor?

A professora dividiu as equipes em duas, só que uma das equipes tinha quatro pessoas a mais. Na minha turma do 9° ano, há 24 alunos, 10 garotos e 14 meninas. A professora não dividiu as equipes muito bem, mas todos conseguiram se divertir:

– Paintball, alunos, vocês terão essa atividade daqui a pouco. – Retrucou a professora. – E serão divididas em duas equipes: meninas contra meninos. E eu sei que o número de meninos é menor do que o número de meninas, mas isso é simplesmente para ficar justo! – Completou rindo.

– Como assim “justo”? Por algum motivo, a senhora acha que as meninas só têm alguma chance de ganhar, se ficarem em número maior? –Perguntei inconformada.

– Não, eu não disse isso. É porque os meninos acabam tendo mais habilidades para esse tipo de coisa. – Respondeu, parecendo bem machista.

Depois daquela conversa ridícula, todos os alunos foram vestir a roupa adequada para o jogo de paintball. Como o número de meninos era menor e o de meninas era maior, sobraram dois uniformes azuis, que era a cor da equipe dos meninos, e faltou roupa para as meninas. No final, duas meninas ficaram sem uniforme rosa, que era a cor da equipe das garotas. A professora não tinha ideia do que fazer com aquela situação então eu resolvi dar uma “mãozinha”:

– Professora, não tem problema se Angelica e Alice ficaram sem uniforme, os dois uniformes azuis que sobraram, elas podem usar. – Fitei a professora.

– E por que você acha que os dois grupos tem cores diferentes no uniforme? – Retrucou a professora. – As meninas devem ficar de rosa e os meninos devem ficar de azul, para diferenciar as equipes, se não, os uniformes teriam todas as mesmas cores!

– Mas isso é muito injusto. Elas não vão poder jogar? – Perguntei me referindo a Alice e Angelica, que eram as alunas que estavam sem uniformes.

– Não tem problema elas ficarem com cores diferentes, já que são meninas contra meninos, não precisa olhar a cor da roupa das pessoas, para saber se a pessoa é da sua equipe ou não... – Interrompeu o diretor se aproximando. – ... É só olhar para o cabelo do aluno! Todos os alunos têm cabelo curto, e todas as alunas têm cabelo longo! – Eu coloquei as mãos no rosto, de vergonha do que eu estava ouvindo naquele exato momento.

– Então as meninas que sobraram, vão colocar os uniformes azuis. – A professora finalmente mudou de ideia.

– Eu posso colocar o uniforme azul? – Perguntei, não querendo continuar com o uniforme rosa.

– Não. – Respondeu virando as costas.

Tenho a impressão que essa professora não vai com a minha cara, mas que bom que ano que vem todos os professores vão mudar, já que vamos para o 1° ano.

Todos estavam arrumados, e a atividade mais esperada do dia, iria começar em pouco tempo. Quando o jogo estava prestes a iniciar, Olívia venho até mim:

– Eu realmente te perdoei, caso você ache que eu falei da boca para fora... – Olívia se aproximou de mim.

– Tudo bem então... Mas, eu ainda quero saber o que aconteceu entre você e Dave. – Retruquei curiosa.

– Sim, eu vou te contar... Depois do jogo, pode ser?

– Está mais do que na hora.

Estávamos jogando meio que num bosque, e no topo de uma montanha, não muito grande, tinha uma bandeira amarela, e a pessoa que pegasse essa bandeira sem seu escudo estar machado de tinta, que ficava em sua barriga e em suas costas, seria o vencedor. Então se uma menina pegasse a bandeira sem estar suja de tinta azul, a equipe das meninas era a equipe vencedora.

Mas não tínhamos apenas que achar essa bandeira ou a montanha, tínhamos que achar uma palavra secreta, um código, para que quando pegassemos a bandeira, teriamos que a levantar, e gritar a palavra secreta.

No bosque tinha alguns professores vestidos de fadas e elfos, e com eles, estavam dicas de qual seria a palavra secreta. Perto da montanha, tinha um professor vestido de bruxo, para prestar atenção nos alunos que gritassem a palavra certa.

Caso o aluno que chegasse à montanha, pegasse a bandeira, e gritasse a palavra correta, o professor de bruxo apitava três vezes seu apito, chamando todos os alunos para o ponto de partida. Caso o aluno errasse a palavra, ele teria que descer da montanha, e o bruxo o entregaria um relógio com um cronômetro de 30 minutos, para o aluno voltar depois de meia hora. Ou seja, os alunos teriam que gritar o código após pegar a bandeira, caso errasse, o aluno teria que colocar o objeto amarelo encravado no chão, como estava antes, e voltar 30 minutos depois, caso quisesse pegar a bandeira novamente. Caso acertasse, o bruxo teria de apitar três vezes, como uma forma de dizer que o jogo já havia encerrado, e que já tinha uma equipe vencedora.

Acho que deixei bem claro de como funcionava esse jogo. Você pode ou não estar se perguntando porquê os professores estavam com essas fantasias de criança, e eu te explico: Há pouco tempo acabou a primavera, então o diretor decidiu colocar o tema da peça de primavera, no tema desse acampamento, princesas, príncipes, elfos...O próprio diretor disse que esse acampamento vai ser um "Acampamento Mágico". Só não sei por que tinha um bruxo durante o jogo, já que na peça, em nenhum momento, aparecia algum bruxo ou bruxa.

Antes do jogo começar, as meninas se reuniram, e fizeram pequenas listras de tinta rosa em seus rostos. Quando voltamos para a linha de saída, os meninos se retiraram, e quando voltaram, também estavam com seus rostos pintados de azul.

A regra era clara, todos saíam juntos na linha de saída, meninos e meninas, porém, não podiam atirar um no outro nesse momento, apenas depois de 5 minutos de jogo.

O jogo começou, e logo quando tocou o apito avisando início de jogo, um menino do time adversário, Mike, me empurrou no chão, enquanto nós corríamos. Logo que cai no chão, ele continou correndo, e mesmo Mike estando de costas para mim, o mostrei o dedo do meio, e xinguei sua mãe.

Demorei bastante tempo, mas quando finalmente achei uma fada, tinha um garoto saindo. Quando eu estava prestes a atirar, o garoto se virou para mim, enquanto olhava um papel:

– Dave! – Gritei olhando para o garoto com o papel nas mãos.

– O quê? – Dave fechou os olhos, e começou a atirar tinta azul para todos os lados.

– Sou eu, Millie!

– Ah, desculpa... Eu te sujei de tinta azul?

– Você acertou até na fada, mas não me acertou! – Respondi apontando  para fada, que estava com suas costas sujas de tinta azul.

– Bom... Pelo menos não te acertei. – Se aproximou de mim, e começamos a andar um ao lado do outro.

– Qual é a dica que você pegou?– Perguntei curiosa.

– Não podemos jogar juntos... – Retrucou e eu parei de andar.

– A fada deve estar muito estressada com as costas todas sujas, então se eu pedir a dica, ela vai ser bem grossa comigo, então acho melhor você me contar logo o que está escrito nesse papel. – Ordenei, e Dave, que ainda estava andando, parou de andar, e se virou, ficando de frente para mim.

– “La Jolla”. – Começou a se distanciar de mim.

– O quê? Só isso? – Gritei, já que Dave estava um pouco longe de mim.

– Sim, no papel só está escrito isso.  Acho melhor você sair de perto de mim, se não serei obrigado a atirar em você. – Retrucou Dave, já sumindo da minha visão.

Meninas Vestem Azul & Meninos Vestem RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora