Desabafando

10 1 0
                                    

    Lucca me levou até a cozinha, e a senhora Davis percebeu nossa presença:

    – Dave, você está aqui de novo! Estava aqui esse tempo todo? – Perguntou, aparentemente, confusa. – Não percebi que você tinha entrado.

    – Lucca me convidou para entrar, quero dizer, eu tinha acabado de chegar e fiquei o esperando do lado de fora da casa.

    - Ah, por que não bateu no portão para que eu pudesse abrir a porta para você? – Perguntou gentilmente. – Você ficou muito tempo lá fora esperando o Lucca chegar?

    - Na verdade não. Não faz muito tempo que sai de casa, e Lucca chegou tão rápido da escola, que nem deu tempo de eu bater no portão!

    - Onde está o papai? – Perguntou Lucca olhando a sua volta.

    - Ele foi ao trabalho.

    - Mas as segundas ele não fica sem trabalhar? – Perguntou Lucca e a senhora Davis puxou uma cadeira, e pediu que eu sentasse.

    - Sim, ele fica. Mas se lembra de que ele faltou o trabalho semana passada por estar doente? Ele está fazendo hora extra.

    - Isso é injusto. Não é culpa dele se ele comeu um presunto estragado e passou mal. Ele devia estar aqui conosco.

    - Eu estou aqui! – Falei e Lucca me olhou surpreso. – Quero dizer... Eu não vou substituir seu pai, isso seria muito estranho, não que seu pai seja estranho, mas meio que eu iria ser seu pai, e isso seria esquisito. – Falei nervoso e a senhora Davis deu uma risadinha.

    - Então, Dave... O que você queria falar com meu filho, você já falou para ele? – Perguntou a mãe de Lucca, se sentando ao meu lado, e pegando uma fatia do bolo de chocolate que tinha feito.

    - Sim, eu e ele já conversamos sobre. – Respondi, e a mulher me deu a fatia de bolo que havia pegado.

    - Eu posso saber sobre o que vocês conversaram?

    - É algo muito pessoal... – Respondeu Lucca, se sentando a minha frente e no exato momento eu o olhei com as sobrancelhas levantadas. – Ele desabafou sobre algumas coisas.

    - Ah sim... Bom, se é algo pessoal, deve ser complicado para você.  – Disse a mãe de Lucca olhando para mim. – Não sei pelo o que você está passando, mas sinto muito. – Completou pousando sua mão esquerda em meu ombro.

    - Obrigado. – Agradeci por nada, já que eu não tinha nenhum problema pessoal.

    - Bom, eu vou deixar vocês sozinhos. – Disse a mulher se levantando. – Sente-se no meu lugar, meu filho. – Completou, chamando seu filho para se sentar ao meu lado. – É tão bom ver que Lucca tem um amigo!

    - Está bem, mãe. – Disse Lucca se sentando ao meu lado. – Agora chega de me fazer passar vergonha.

    - Eu adoro te fazer passar vergonha! – Disse a mulher, subindo às escadas, e deixando eu e Lucca sozinhos na cozinha.

    - Então, acho que ganhei um amigo e perdi um. – Disse Lucca e eu o olhei surpreso.

    - Como assim? – Perguntei confuso.

    - Como vou saber se Nate é uma pessoa confiável? Ele mentiu para mim. Disse que não contaria para ninguém sobre a Ivy e sobre onde moro. Mas ele contou para vocês.

    - Nate é uma pessoa confiável. Ele só falou essa história porque insistimos. Estávamos perturbando ele para que ele contasse tudo.

    - Mas vocês não vão contar para ninguém, né?

Meninas Vestem Azul & Meninos Vestem RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora