Na infância Amaya era uma garota amada, pelo menos era o que suas primeiras lembranças a fazia acreditar. Nascida em um clã famoso por seus feiticeiros excepcionais, nunca lhe faltou nada, afinal, eram ricos. Os Saito sempre se superavam a cada geração, seja com suas técnicas hereditárias ou inatas. Mas, com Amaya não foi assim.
Sendo a primeira filha do próximo líder do clã, todos tinham uma expectativa alta, mas isso se quebrou nos primeiros meses quando descobriram que era uma garota, não um garoto forte e que poderia liderar a família futuramente.
É claro que ninguém disse nada, mas o próprio pai era o mais decepcionado, colocando culpa em sua esposa e em si mesmo. Katsuo começou a sentir repulsa de sua própria esposa, mesmo Akemi tendo dedicado sua vida a ele.
"Se pelo menos nascer com uma técnica inata incrível, será de bom grado"
Era o que todos pensavam. O problema foi que a garota nasceu sem nenhuma energia amaldiçoada em seu corpo, não enxergava maldições e nunca conseguiria, mesmo sua família tendo esperado pacientes 8 anos para que qualquer energia fluísse.
Durante esses 8 anos foi criada amorosamente, apesar dos olhares julgadores e o desprezo que emanava pela maior parte das pessoas, sua mãe realmente se dedicou em dar todo o carinho que tivesse. Teve professores particulares; criados para amarrar seus sapatos e até bonecas de edição limitada, mas nada a fez enxergar maldições ou se tornar, milagrosamente, uma xama com alguma energia absurda.
"Mulher e sem energia amaldiçoada, Katsuo só serviu para trazer desgraça para o nosso clã"
E então sua própria família começou a ignorá-la. Consideraram até em a fazer engolir algum objeto amaldiçoado, mas preferiam um bom casamento com algum clã forte do que mancharem sua reputação com um receptáculo dentro do clã.
Como pensado, começaram a procurar um pretendente a altura, tentando a ensinar como se portar, obedecer e bajular um marido, mesmo ela sendo tão nova.
Porém com 11 anos, cinco meses antes de seu casamento, Amaya fugiu sem olhar para trás, finalmente se sentindo livre.
Enquanto se lembrava de tudo isso sentiu seus olhos se marejarem de novo, já havia chorado por muitas horas e dormido também. Acreditava já ter superado, mas a indiferença com que foi tratada e até a ideia de Gojo só ter se aproximado pela insistência de seu pai, foi o suficiente para passar o fim de semana chorando.
Ainda tinha mais medo do que pensava.
Porém, seus planos de passar o sábado inteiro na fossa foram por água abaixo assim que escutou sua campainha tocar.
Tentou fingir que não estava e continuou deitada na cama, mas a pessoa que estava ali não parava de bater na porta, o que era estranho, o porteiro não interfonou perguntando se poderia liberar a entrada de alguém.
Em passos rápidos, Amaya foi até a cozinha pegar uma frigideira e voltou a andar até perto da porta, quem é que fosse continuava batendo e nessas horas a garota se arrependia de não ter pegado uma porta com um olho magico. Com a mão tremula a destrancou, abrindo rápido enquanto erguia a frigideira com os dois braços.
-Nossa, você está péssima -Gojo disse -Você se protege com uma frigideira?
A garota apenas revirou os olhos enquanto fechava a porta na cara dele. Ou pelo menos tentava.
-É assim que você recebe suas visitas? -Perguntou enquanto segurava a porta antes de bater em seu rosto. Amaya largou a frigideira no chão, desistindo de o expulsar e apenas caminhou até seu quarto se enfiando debaixo de suas grossas cobertas -Vai me ignorar agora?
-Vai embora! -Tentou gritar mesmo sabendo que sua voz sairia abafada.
-Precisamos conversar -Respondeu enquanto se sentava na beira de sua cama e puxava seus cobertores.
-Eu odeio você -Disse enquanto se sentava e abraçava suas próprias pernas.
-Ódio? Sei -Respondeu enquanto se deitava na extensa cama.
-Como entrou aqui? O porteiro nem me ligou...
-Eu convenci ele que era seu namorado e queria fazer uma supresa já que estava a muito tempo sem te ver -Deu de ombros.
-Deus me livre! Preciso comprar mais gás de pimenta e pedir para trocarem de porteiro -Disse pensativa.
-Não! -Gojo exclamou se virando para observá-la melhor -Ele so me fez uma gentileza, sabe que eu sou muito insistente quando quero. De qualquer forma não sabia que era a herdeira que fugiu do clã Saito, eu deveria ter ligado os pontos quando você dizia para não te chamar pelo sobrenome.
-Meu pai não te mandou me investigar? -Perguntou surpresa.
-Não -Murmurou parecendo cansado -Eu não faria isso...
-Nem precisaria, eu suponho. Afinal você tem os seis olhos.
-Andou pesquisando sobre mim? -Perguntou com um pequeno sorriso aparecendo em seus lábios.
-Queria saber se tinha alguma ligação com meu pai -Deu de ombros -Eu tenho meus contatos.
-Você é tão misteriosa, achei poucas coisas sobre você, eles realmente tentaram te apagar da história do clã.
-Eu que destruí os arquivos -Disse fazendo ele a olhar surpreso –Botei fogo antes de fugir de casa.
-Você não para de me surpreender, Amaya.
-Agora sei porque se acha tanto "o mais poderoso do mundo jujutsu" -Zombou enquanto fazia aspas com as mãos, não queria falar sobre aquilo agora.
-Mesmo se não fosse eu me acharia -Sorriu a fazendo rir.
-Espera -Parou para pensar -Foi por isso que foi embora correndo naquela noite do jantar? Tinha maldições por perto?
-É claro, eu não teria perdido a chance de transar com você naquele carro -Respondeu óbvio como se não fosse nada de mais -Percebi uma certa presença seguindo a gente, fui resolver antes que te machucasse.
-Obrigada -Murmurou tentando esconder seu rosto tímido.
-Agora, não vai me dizer que vai por fogo em mim para que eu a esqueça...
-Não posso mais fugir do meu passado, também não acho que ele irá me procurar mesmo sabendo onde eu trabalho -Deu de ombros observando seus olhos azuis -Não teria nem chance de te machucar mesmo colocando fogo em você.
-Na verdade, eu acho que você é a pessoa que mais poderia me ferir. Não iria precisar nem usar alguma arma para isso.
-O que quer dizer com isso?
-Não está óbvio? -Questionou enquanto se aproximava -Estou apaixonado por você, totalmente e completamente nas suas mãos.
E sem precisar dizer mais nada, Amaya se jogou em seus braços enquanto o beijava; os lábios se encaixando, apenas sendo separados por sorrisos bobos e suspiros apaixonados.
Se esperavam ficar brigados ou passar dias longe um do outro, não conseguiriam. A certeza do que já estava óbvio a dias, totalmente apaixonados até pelos defeitos um do outro.
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Obrigada a quem está lendo e acompanhando, o capítulo foi maiorzinho e uma parte do passado da Amaya foi revelado! Até o próximo :)
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All blue (Gojo X OC)
FanfictionGojo chama a atenção de todos por onde vai, suspiros, números de telefone e até assobios são normais; mas Amaya não vê nada de mais nele. O seu jeito arrogante não combina com a beleza que tem, e isso a irrita e a faz querer manter distância. Mas is...