Capítulo 3 - O desastre no dia do passeio
A luz solar, ao entrar em contato com o rosto de Yeonjun, o fez despertar de seu profundo sono. O loiro sentou-se na cama, ainda com a visão meio turva, e encostou os pés no chão, sentindo a base gélida entrar em contato com a sua derme morna, resmungando até alcançar as suas pantufas.
Após abrir a porta de seu quarto e descer as escadas desengonçadamente, avistou a mesa do café da manhã toda posta e escutou a voz de Beomgyu.
— Também estou com saudades, e você sabe disso. — escutou Yeonjun, sentando-se no sofá sem que o de madeixas acinzentadas o visse. — Está tudo bem, sim. — falou, soltando uma risada soprada. — Claro que não. Yeonjun-hyung é gentil comigo! — exclamou, sentando-se no balcão da cozinha. — Nem um pouco, ele cuida muito bem de mim, pare de se preocupar tanto, Soobin. — disse, passando a mão direita pelos seus fios capilares, soltando um suspiro pesado. — Creio que, no fundo, nada que você falou adiantou. — pousou sua mão direita no balcão e passou a batucar seus dedos no mármore, produzindo sons minimamente irritantes. — Nem eu sei, Soobin. Mas quando eu tiver certeza, você será o primeiro a saber. — falou, parando o movimento bruscamente, recolhendo sua mão e colocando-a no bolso direito de sua calça. — Eu também te amo. Tchau.
Assim que encerrou a ligação com seu irmão e se virou para a sala, tomou um susto tão grande que soltou um grito e acabou tropeçando em seu próprio pé. Yeonjun, desesperado, correu até o mais novo e o ajudou a levantar-se.
— Meu Deus, desculpe-me por te assustar. — disse, ajudando-o a sentar-se no balcão, já que o menor havia batido o joelho esquerdo e não conseguia esticar a perna sem sentir dor. — Está doendo muito?
— Não, não, fique tranquilo. — disse, soltando um sorriso tímido. — Você… escutou tudo o que eu falei no telefone?
— Sim, mas não entendi nada do contexto. — falou, abrindo o freezer e pegando a cuba de gelo, retirando dali alguns cubos, colocando-os em uma toalha e enrolando-a e voltando em direção a Beomgyu, pousando o pano no local machucado. — Segure aqui.
— Eu acho que eu consigo andar sozinho. — disse, assim que Yeonjun passou um braço por debaixo de suas pernas e o outro pelas suas costas.
— Não seja teimoso, mal consegue encostar o pé esquerdo no chão sem sentir dor. — falou, após soltar um sorriso ao ver o mais baixo passar um braço por seu pescoço, um pouco vermelho.
Beomgyu recostou sua cabeça no peitoral do loiro e pôde escutar os batimentos consideravelmente acelerados do mais velho, porém, o seu não estava muito diferente — talvez estivesse ainda mais acelerado.
Assim que ambos adentraram o cômodo e o Choi mais alto colocou o menor em sua cama, sentou-se ao seu lado, fazendo um leve afago em seus fios capilares.
— Trarei o seu café da manhã aqui na cama, já volto. — avisou, vendo o de madeixas acinzentadas soltar um sorriso mínimo. A verdade é que Beomgyu estava triste. Era o dia de folga de Yeonjun, e ele estava o desperdiçando com um "idiota" que caiu porque se "assustou".
Depois de alguns poucos minutos, o mais alto voltou com uma bandeja nas mãos, deixando-a no colo do ferido, que apenas agradeceu, meio cabisbaixo.
— Não fique assim, todos nós nos batemos de vez em quando. — disse, tomando delicadamente a mão do outro para si, não percebendo que o Choi mais novo corou minimamente.
— Não estou assim por causa disso. — admitiu, encarando os olhos escuros do loiro, logo desviando o olhar. — É raro você ter um dia de folga, e agora, está desperdiçando um tempo precioso comigo.
— Se estou é porque eu quero. — falou, pousando sua mão direita na bochecha do mais novo, fazendo um carinho com o seu polegar no local e recebendo o olhar de Beomgyu. — Eu gosto de passar meu tempo com você, será que ainda não deu para entender?
— Por quê? Por que faz tanta questão de ficar aqui, comigo, sendo que poderia estar aproveitando esse… — tentou terminar a sua pergunta, porém, fora interrompido assim que sentiu algo macio tocar seus lábios, e se surpreendeu ao saber do que se tratava.
Nem ele sabia há quanto tempo queria ter beijado os lábios avermelhados do mais velho, contudo, logo que percebeu que Yeonjun havia feito aquilo, tratou de retribuir o beijo, e cedeu aos encantos do loiro.
O beijo que era para ser algo fofo e meigo evoluiu para algo eufórico e quente. As línguas de ambos brigavam por mais espaço. Beomgyu subiu suas mãos para a nuca do mais velho, puxando levemente os fios capilares dali, sentindo o homem arrepiar-se.
E após Yeonjun empurrar a bandeja que estava em cima de Beomgyu para o lado, tomou o lugar dela sem partir o beijo. As mãos bobas já eram presentes e a blusa de ambos já estavam desabotoadas quando encerraram aquele beijo.
Até os dois perceberem o que havia acontecido, o Choi mais novo já estava deitado com a respiração alta e descompassada, e o mais alto, deitado em seu peitoral, não muito diferente do menor. Entretanto, assim que Yeonjun recobrou a sanidade, levantou em um pulo, com os olhos arregalados.
— I-Isso não deveria ter acontecido! — exclamou, levantando-se rapidamente e saindo do quarto da mesma forma. Beomgyu não havia entendido nada no momento, e passou a entender ainda menos quando sua mente começou a pregar peças em si novamente.
— Será que ele não gostou? — indagou para si mesmo, abraçando o próprio tronco e soltando um sorriso amargo. — Claro que ele não gostou, quem gostaria de fazer algo do tipo comigo?
Já Yeonjun, deitado na cama de seu quarto, puxava seus cabelos, numa tentativa de arrancar toda a frustração de seu corpo.
— Como eu fui capaz de fazer aquilo? Como eu pude ceder aos meus desejos? — sentou-se rapidamente e abraços suas próprias pernas. Com um semblante abatido, abaixou a cabeça. — Eu não podia ter feito isso, não podia, não podia, não podia!
…
Após pensar vários e vários minutos se deveria ligar para ele ou não, Beomgyu discou o número do homem, esperando que ele atendesse rapidamente.
— O que foi, Beomgyu?
— Oi, eu preciso falar sobre o Yeonjun…
— O que aconteceu? Ele te feriu? Fez alguma brincadeira que você não gostou?
— Não! Ele… me beijou.
— Ah, era isso? E então?
— Soobin, acho que eu estou apaixonado pelo seu melhor amigo.
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Seus Cabelos Loiros
FanfictionChoi Beomgyu é um universitário de 19 anos que se vê obrigado pelo seu irmão mais velho, Choi Soobin, a se mudar temporariamente para a casa de seu melhor amigo, Choi Yeonjun, enquanto ele vai resolver alguns problemas sobre a empresa da família no...