Três meses depois.Narrador:
Harry decidiu voltar para Doncaster após três meses recluso em Londres.
Ele não estava curado, e talvez jamais se curasse de forma permanente, entretanto, já sentia que poderia voltar a sua cidade natal sem cair em um abismo de tristeza.
Deixou suas coisas em casa, relembrando como era o seu quarto e quantas memórias havia passado naquele local. Matou a saudades que estava do chewbaquinha, o apertando de todas as formas possíveis. Harry quis voltar mais cedo apenas por ele. Talvez se não fosse pelo seu cachorro e por sua mãe, que ficara sozinha, ele viveria em Londres.
Ele não teve contato com os meninos. A reclusão era total. Harry trabalhou em uma escola local, e se mantinha com esse dinheiro. Vez ou outra ligava para sua mãe apenas para dar e receber notícias, nunca dizendo onde realmente estava.
Ele seguiu para o parque, que tantas vezes serviu de morada para ele e Louis. Aquele local trazia tantas recordações.
As únicas coisas que são permanentes são as boas lembranças, apesar que agora, essas mesmas lembranças se tornaram dolorosas por não passarem de saudade.
Ele se sentou na grama gelada e observou o lento e deslumbrante pôr-do-sol em sua frente enquanto deixava sua mente viajar para longe.
"Dois sóis se admirando." Uma voz foi ouvida atrás de si e Harry sentiu todo o seu corpo tencionar. Ele apertou os olhos com força imaginando estar ouvindo vozes. Não se atreveu a virar e apenas apertou firme a grama por debaixo dos dedos. "Estou falando com você, seu mal educado. Tia Anne não te deu educação?"
Todo o mundo de Harry saiu de órbita e ele sentiu uma corrente elétrica atravessar seu corpo, parando no estômago, se misturando com as inúmeras borboletas que ele pensou estarem mortas. Ele se virou lentamente, inclinando a cabeça para cima e tendo a visão de Louis em pé, com as mãos no bolso da frente, apenas o observando, com um semblante neutro.
"O que você está fazendo aqui?" Foi o que Harry conseguiu murmurar.
"Esse lugar é nosso, não é exclusividade sua." Louis disse, se sentando ao lado de Harry.
Eles ficaram em silêncio por alguns instantes apenas observando o horizonte e o sol que estava se despedindo lentamente da superfície.
"Eu te procurei, Harry. Eu tentei ir para Londres. Te liguei, e você simplesmente sumiu."
"Eu precisava." Ele balbuciou.
"Você poderia não ter trocado de número. Pensei que você pudesse ter um pouco mais de consideração." A voz de Louis soou magoada.
"Eu estava de coração partido, Louis. E você vai me desculpar, mas a última coisa que eu queria na vida era ouvir a sua voz. Nada no mundo me machucaria mais."
"Pois saiba que não ouvir a sua causou o mesmo efeito em mim." Louis falou com a voz quebrada. "Eu te procurei noite e dia. Eu me desesperei. Eu quis te procurar, mas nem Anne sabia onde você estava."
Harry mal percebeu, mas as lágrimas grossas já rolavam pelo seu rosto.
"Eu não podia, você entende isso?" Ele se virou para Louis, falando em um tom mais alto, com o rosto vermelho. "Eu não podia, eu não suportava, era demais pra mim, você consegue entender isso? No momento que você casou com ela, uma parte de mim morreu, e eu precisei me afastar pra tentar recuperar a parte que ainda permanecia viva em mim, Louis. Por isso eu sumi. Não foi por covardia, foi por sobrevivência. Eu soube naquele instante que eu tinha perdido."
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all shades of BLUE [L.S]
FanfictionEscrita em 2020. Repostada em 2022. O que é dito pode ferir, mas aquilo que não dissemos ecoa por uma eternidade ㅡ nos prendendo no precipício do talvez. Louis e Harry se tornam amigos no último ano do ensino médio. Ao longo de seis anos ambos nu...