Bailey Narrando.
Se passaram 4 dias, sem notícias, eu estava a ponto de surtar.
— Filho, come um pouco. — Minha mãe insistiu.
Era quinta vez que ela vinha me oferecer algo para comer, e se eu quisesse paz, era melhor aceitar de uma vez.
— Ta mãe. — Estendi a mão e ela me deu o prato. — Eu estou ficando preocupada com você, eu sei que o aconteceu não está sendo fácil, mas você precisa reagir e a vida continua.
— Mãe?! Faz um favor? — Ela assentiu. — Me deixa.
Ela fez cara de chateada, mas logo saiu do quarto. Comi um pouco da comida que estava no prato. Minha vida estava resumida em ir para escola, ir na casa dos pais da Joalin e voltar para casa. Eu nunca fui de parar em casa, deve ser por isso a preocupação dos meus pais. Ouvi o barulho da porta e era a Sofya.
— Ah, oi — Falei sem tirar os olhos da televisão.
— Como você está? — Sentou na cama.
Nesses dias a Sofya tem sido uma boa amiga, afinal ela também não estava bem, então digamos que nos ajudamos.
— Estou indo né. — Falei e ela me deu um sorriso torto. — E você?
— Está tudo uma bosta, ela é melhor amiga desde que eu nasci. — Ela disse com voz embargada.
Passei o braço pelo seu pescoço, e puxei-a para um abraço. Eu queria dizer para pessoas que estava tudo bem, mas eu sei que não estava. Sofya ficou aqui a tarde toda, a gente tentou se distrair vendo alguns filmes, anoiteceu ela foi para casa e eu fui para casa dos pais da Joalin. Pai dela abriu o portão.
— Oi Bailey, entra. — Pai dela disse me dando espaço no portão.
— Oi.
Ele fechou o portão, fomos até a sala. A Johanna, parecia que estava só o corpo presente, seus olhos estavam com olheiras imensas, ela tinha emagrecido, estava muito abatida.
— A policia deu algum sinal? Falou alguma coisa? — Perguntei.
— Eles disseram que não pode ter sido pelo dinheiro, por eles não entraram em contato. Eles acham que foi vingança de alguém de algum inimigo meu, mas eu não me lembro de ter ninguém com esse nível de raiva de mim. — O pai dela explicou.
— Eu entendi.
— Eles entraram em busca, pelas cidades vizinhas.
— Se Deus quiser, vão encontrar ela bem, alguma coisa me diz isso.
— Eu também, minha intuição de mãe diz que minha filha esta bem, que não estava de mal acontecendo com ela. — Johanna disse.
Sabina Narrando.
Dois dias, minhas dores diminuíram, mas continuam aqui firme e forte. Devido a isso, Noah e Josh estão levando as meninas. Era ruim ainda para me movimentar e ficar andando pela casa sozinha, mas eu não ia ficar pedindo ajuda de ninguém. Levantei da cama devagar e fui me apoiando na parede até chegar a sala, sentei no sofá e liguei a TV. Passei os canais e deixei em algum filme de ação que estava passando. Fiquei 20 minutos sozinho, até ver Joalin entrar pela sala. Observei que ela estava com um casaco meu.
— Esse casaco, é meu. — Ela me olhou sem graça.
— É...que, está frio e o Josh deixou comigo. — Ela se explicou. — Mas se você quiser eu te dou. — Ela segurou na borda e ameaçou a subir.
— Relaxa, tenho outros. — Voltei a olhar para televisão.
— Posso ficar aqui? É que ta trovejando e eu tenho...
— O sofá é grande, cabe nós duas. — Voltei a passar os canais.
Ouvi o riso baixo dela, e percebi o papel de idiota que estava fazendo, estava um pouco mais de 5 minutos passando de canal, sem nem me dá conta disso.
— Ainda está doendo? — Ela perguntou baixo.
— Eu quebrei a costela o que você acha? — Acabei sendo ignorante sem querer.
— Eu acho que você deveria... deveria ir para o inferno. — Ela disse irritada e se levantou.
— Olha como você fala garota.
— Você é uma idiota, eu ajudei você, me preocupei com você e fica desse jeito, por isso que você vai morrer sozinha. — Ela não estava mais irritada, ela tinha outro sentimento na voz, mas eu não consegui identificar.
— Você quer o que minha gratidão eterna? — Debochei. — Quer ouvir um obrigado da minha parte? Que eu fale que se não fosse por você, eu não estaria mais aqui? Mas eu não vou dizer isso.
— Você acabou de dizer idiota. — Ela deu um risada fraca.
— Vai pra puta que pariu, me erra. — Voltei a olhar para televisão.
Estava irritada, aquela idiota do caralho era muito abusada, ela tinha muita sorte de eu estar assim, se não ela ia ver quem é Sabina Hidalgo, e que ninguém grita comigo. Ela foi para cozinha e voltou com um copo d'água na mão e me estendeu.
— Toma, está na hora. — Peguei o copo e o remédio, tomei o mesmo.
— Você deveria querer que eu morresse e não ficar se preocupando comigo, isso é estranho.
— Eu sei, e eu não sei o que estou fazendo. — Ela disse e me olhou. E novamente me perdi naqueles olhos azuis, o que a porra daquele olhar tinha que me prendia tanto? Ela não desviou, e quase não piscamos, apesar de ter durado segundos, pareceu ser vários minutos, longos minutos.
Já passavam das 03 horas da manhã eu cochilei ali no sofá mesmo, olhei para o lado e Joalin dormia feito um anjo. Ela fazia uma espécie de bico enquanto dormia, estiquei minha mão e levei até seu rosto, tirei o cabelo que estava caindo no seus olhos, coloquei os mesmos atrás de sua orelha, ela se mexeu um pouco e eu me assustei tirando minha mão rápido.
— Eu juro que quero entender o que está acontecendo com você. — Ouvi a voz do Josh, que estava parado na porta e só Deus sabe quanto tempo.
— Do que você está falando?
— Preciso mesmo dizer Sabina? — Ele me olhou sério. — O que mais me assusta é que nem parece ser você.
— Está falando merda. — Falei irritada e me levantei o mais rápido que consegui. O meu rápido poderia ser comparado a velocidade de um idoso de pelo menos uns 100 anos.
— Você sabe que não estou, isso não é brincadeira Sabina.
— Você quer mesmo me ensinar Josh? Eu sei quem eu sou, eu sei no que me tornei, não preciso ficar sendo lembrada. E você está surtando, deve ser excesso de maconha, está começando afetar seu cérebro. — Falei e rastejei quase até a parede do corredor.
Ouvi Josh acordar a Joalin, na mesma velocidade de uma lesma eu consegui chegar ao meu quarto. Me ajeitei na cama devagar.
— Sabina, o que vai fazer com a Savannah? — Josh disse entrando pelo quarto.
— Eu não sei, vamos levando até onde der.
— Está vendo? Você não era assim, Sabina de sempre já teria dedurado ela para seu pai. — Ele disse me olhando, meio curioso, assustado e mais algumas coisas.
— Mas que merda Josh, eu só agi com a humanidade que me resta, fiz algum mal?
— Essa garota... Está com o tipo de poder sobre você, e se quer está percebendo isso.
— Eu sequestro a menina, conheço ela a 6 dias, e você vem me dizer que ela tem poder sobre mim? — Dei um risada irônica. — Olha quanta merda você está falando Josh.
— Você ainda vai me dá razão. Boa noite. — Finalizou seu sermão sem fundamentos e saiu do quarto.
Eu não mudei. Eu sou a mesma Sabina de sempre. Aquela que não sente pena de ninguém. Eu vou substituir meu pai em tudo que é dele. É claro que isso tudo é verdade. Mulher nenhuma nunca terá poder sobre mim, nunca.
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Proibida pra mim
RomanceDizem que a frieza é uma saída pra quem já sofreu demais. Talvez seja por isso que Sabina seja assim, talvez seja isso o motivo que ela não nutri sentimentos. Ela talvez possa ter se transformado nisso, depois que sua mãe morreu ou pode ter sido tod...